Peste mata pomares de citros na indústria Brasileira
Funcionários da indústria dizem que é apenas uma questão de tempo para a indústria de citros Californiana de US$ 1,2 bilhões tratar o caso como “a mãe de todas as pragas”, que tem invadido rapidamente milhares de hectares na região citricultora do Brasil.
“Para uma empresa familiar como a nossa, que realmente ama laranjas e cresceu juntamente com a citricultura no Brasil, tem sido muito trágico”, disse Simões, 26, que estudou negócios na Universidade de Oklahoma, “Mas existem forças superiores a nós”.
Também conhecida como huanglongbing (HLB), após a sua origem chinesa, o greening é transmitido por insetos do tamanho de grãos de arroz. Ao sugar o líquido das folhas, os insetos deixam as bactérias que podem paralisar o sistema vascular de uma árvore, cortando o fluxo de açúcar e outros carboidratos das folhas para as raízes.
Chegando ao ápice das alterações climáticas e de um mercado de commodities em queda, o greening tornou-se um pesadelo para a maior parte do mundo, nos quatro anos desde que foi primeiramente detectado aqui no estado de São Paulo.
Vinte e cinco por cento ou mais das plantações podem desaparecer se uma solução para a peste não for encontrada, de acordo com Markestrat, uma companhia de pesquisa em marketing de Ribeirão Preto, região central das indústrias citricultoras no estado.
“Greening não é só uma peste”, disse Nelson Marega Barrancos, gerente de umas das maiores plantações de laranjas, com quatro milhões de árvores plantadas. "Não há nenhuma maneira de parar com isso. O futuro não é bom."
Embora o greening ainda não tenha atingido a Califórnia, o inseto chamado psilídeo foi capturado em armadilhas nas transportadoras, nos distritos de San Diego e Imperial em agosto, aparentemente depois de ter cruzado a fronteira com o México. Autoridades já declararam uma quarentena de 1000 milhas quadradas em partes do sul da Califórnia, restringindo o tráfego da planta.
"Esta é a mãe de todas as doenças citros.... Não vejo razão para a doença não existir aqui eventualmente", disse Marylou Polek, um patologista de plantas da Citrus Research Board, em Visalia, na Califórnia.
A praga já
ganhou um ponto de apoio nos Estados Unidos. Desde que o greening surgiu na
Flórida em 2005, um ano depois de ter chegado ao Brasil, foi disseminada por
todo o sudeste do Estados Unidos e no Texas. Antes disso, a doença dizimou todas
as indústrias de citros na China, Índia, Arábia Saudita e do Egito antes de
migrar para o oeste.
Beth Grafton-Cardwell, uma entomologista e especialista
em citros da Universidade da Califórnia, Riverside, declarou que no estado da
Laranja, os proprietários e até mesmo casas com uma árvore no quintal tem razões
para temer pela sua fruta.
"Esta é a coisa mais assustadora que aconteceu
para a citricultura em um longo, longo tempo", Grafton-Cardwell disse.
O
greening torna as árvores extremamente fracas para sustentar o crescimento
saudável dos frutos. A laranja é prejudicada e fica com uma sabor ácido. Uma
característica é o latente efeito. Até o momento agricultores perceberam que a
mudança na cor da folha é um aviso de que a doença já se espalhou.
Os cientistas ainda estão longe da compreensão da doença, dos patógenos ou agentes destrutivos, muito menos da possível cura. Isso significa para os produtores de laranja que a única maneira de terminar com a peste é disseminar com as árvores contaminadas e fumegar contra o psilídeo na esperança de que a doença não tenha propagado. Com áreas ainda não cultivadas no Brasil, produtores ainda tem condições de plantar novas árvores longe dos "epicentros" do greening, muitas vezes em outros estados.
Esse tipo de vôo geográfico era ainda uma opção para os agricultores da Califórnia após a Segunda Guerra Mundial, quando uma doença viral chamada tristeza devastou a indústria dos citros, concentrada em Orange County e Los Angeles. Para escapar da peste, a maioria dos produtores da Califórnia replantaram suas árvores Vale Central, Polek disse.
Mas essa tática é evasiva deixa de ser viável para produtores "encravados" na Califórnia. Também não vai erradicar o antiquado modelo de trabalho. "É um modelo insustentável, porque você acaba derrubando todas as árvores", disse Mark Brown, um economista agrícola da Universidade de Flórida.
Como parte de uma resposta de emergência financiada pelos produtores da Califórnia juntamente com o governo americano, Polek vai abrir um laboratório de diagnóstico em San Diego, em Janeiro para testar árvores infectadas e psilídeos. Sua equipe será capaz de utilizar o equipamento já em vigor para teste para a gripe aviária eo vírus do Nilo Ocidental, disse ela.
Com a ajuda do governo federal, os cientistas na Califórnia e Flórida estão se preparando para desenvolver projetos de investigação de uma cura, mas neste momento eles estão longe de encontrar um consenso, disse Grafton-Cardwell da UCRiverside. "As perspectivas não são encorajadores", disse ela, acrescentando que a cura possa caber em uma cepa de laranjeiras transgênicas, uma não apetitosa perspectiva para os consumidores que não querem uma produção geneticamente manipulada.
A indústria de citros da Flórida, que teme o desaparecimento caso a cura não seja encontrada, triplicou seu orçamento na investigação do Greening este ano para US $ 20 milhões e emitiu um apelo aos cientistas, a oferta para financiar projetos de investigação.
Produtores deste estado estiveram sobre pressão da altamente eficiente industria brasileira, que é dominada por um punhado de empresas de suco de laranja processado que exportam sucos congelados e não concentrados pelo mundo afora.
Por ano, o Brasil fornece até um terço do suco de laranja consumido nos Estados Unidos, que compram e 80 por cento das exportações mundiais em geral.