Emater cria força-tarefa para barrar o avanço do greening em novas regiões de Minas Gerais
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) está criando uma força-tarefa para impedir o avanço do greening em novas áreas com plantios de citros no estado. A doença que atinge as lavouras não tem cura e já foi responsável pela erradicação de mais de um milhão de plantas contaminadas em propriedades mineiras desde 2017, principalmente nos cultivos de tangerina.
A preocupação da Emater-MG agora é com as regiões do Campo das Vertentes e Zona da Mata, que vêm registrando, nos últimos anos, uma expansão de áreas comerciais dedicadas à cultura. São mais de dois milhões de plantas cultivadas recentemente.
“Muitos produtores de tangerina de São Paulo e de outras regiões de Minas estão migrando para essas novas áreas, que ainda não foram atingidas pela doença. Além disso, há terras com preços mais vantajosos e maior disponibilidade de mão de obra. Isso tem gerado emprego e desenvolvimento nestas cidades, o que é ótimo. Mas se não houver uma prevenção contra a doença, em breve, muitos produtores poderão ter prejuízos”, alerta o coordenador estadual de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio.
Reunião com prefeitos e secretários de agricultura
Na próxima terça-feira (18/2), a Emater-MG irá promover, no município de Minduri, uma reunião com prefeitos e secretários de agricultura de vinte municípios das regiões do Campo das Vertentes e Zona da Mata. Também irão participar representantes do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), responsável pela defesa vegetal do estado, e da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
“Vamos abordar todos os cuidados preventivos que esses municípios devem adotar para evitar que a doença chegue às propriedades e repita o que aconteceu em outras regiões de Minas e de São Paulo. Os técnicos da Emater-MG foram capacitados para orientar agricultores sobre os meios de prevenção e como proceder, caso alguma planta apresente os sintomas da doença. Mas é preciso que a classe produtora e as prefeituras também participem efetivamente deste controle”, explica Deny Sanábio.
O greening
O greening é considerado a mais grave doença da citricultura. Nas plantas contaminadas pela bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus ocorrem a deformação, maturação irregular e queda dos frutos, além da morte das plantas. O greening é de difícil controle, pois é disseminado pelo psilídeo: um inseto que, se estiver contaminado, transmite a bactéria ao sugar a seiva das plantas de citros. Os sintomas surgem com mais rapidez na tangerina. Mas também há prejuízos severos nas lavouras de limão e laranja.
A doença apareceu no país em 2004. Em Minas Gerais, surgiu primeiro nas regiões do Sul e Triângulo Mineiro, que fazem divisa com São Paulo, grande produtor nacional de citros. No decorrer dos anos, a incidência do greening está avançando para outras regiões de Minas. A doença já foi registrada pelo IMA em 75 municípios do estado. E cerca de 200 estão no entorno das áreas de ocorrência, com risco de contaminação.
Nas lavouras onde a doença esteja presente, é obrigatório eliminar as plantas que testaram positivo em amostras enviadas a laboratórios credenciados pelo Estado. O processo precisa ser realizado com a presença de representantes de órgãos de defesa vegetal.
Prevenção
Entre as medidas de prevenção, está o uso de mudas sadias e de viveiros certificados. Também deve ser feito o controle do psilídeo. “O inseto transmissor costuma se abrigar numa planta ornamental, conhecida como murta, muito encontrada em praças e jardins. A presença da murta em municípios com produção de citros também deve ser evitada. As prefeituras devem ficar atentas sobre isso”, afirma o coordenador da Emater-MG.
Outra medida recomendada é a erradicação de pomares e plantas velhas, que não produzem mais, porém podem ser focos da doença.
Produção em Minas
Minas Gerais é o segundo maior produtor de tangerina no país, com aproximadamente 225 mil toneladas por ano. O volume representa cerca de 21% da safra nacional. A área ocupada com a fruta é 13,5 mil hectares.
O estado também ocupa o segundo lugar nacional na produção anual de limão (104 mil toneladas) e de laranja (um milhão de toneladas).
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