Uma nova cadeia citrícola em formação
Em meio às turbulências provocadas por disputas de preços da matéria-prima - amplificadas por investigações sobre um suposto cartel entre as principais empresas exportadoras da commodity - e estoques de suco em importantes consumidores como os Estados Unidos e a Europa nas alturas, a caixa de 40,8 quilos da laranja destinada às indústrias caiu a um de seus níveis mais baixos em meados do ano passado.
No mercado spot paulista, a caixa desceu para quase R$ 3, ante um custo de produção e transporte que, para grande parte dos citricultores, era superior a R$ 10. As indústrias resistiam em fechar contratos de um ou dois anos para receber a fruta, centenas de produtores deixaram a atividade e Citrosuco e Citrovita, segunda e terceira maiores companhias do segmento, iniciaram as conversações para unir operações, ganhar escala e superar a Cutrale na liderança das exportações mundiais de suco.
Contexto
As grandes indústrias exportadoras de suco de laranja instaladas em São Paulo costumam cobrir sua demanda pela fruta em três frentes distintas. De acordo com estimativas de Margarete Boteon, pesquisadora do Cepea/Esalq, o mercado spot, somado aos contratos mais curtos (um ou dois anos), representam 35% da demanda, enquanto os acordos de longo prazo, que podem chegar a 15 anos, respondem por uma fatia semelhante. Os demais 30% costumam ser atendidos com a produção própria das companhias, que ampliaram os investimentos na aquisição de fazendas nesta década e atualmente contam com dezenas de unidades espalhadas pelo Estado. Na safra 2007/08, segundo levantamento do Instituto de Economia Agrícola (IEA) - vinculado à Secretaria da Agricultura de São Paulo -, havia em São Paulo 20.720 unidades produtivas agrícolas (UPA) paulistas de laranja , ante 35.883 na temporada 1995/96. A área ocupada também diminuiu na mesma comparação, de 865,8 mil hectares para 741,3 mil. E a concentração continuou de lá para cá.