Mudanças impulsionam "Consecitrus"
Chamado de "Consecitrus" em alusão ao Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de S. Paulo (Consecana), que zela pelo relacionamento na cadeia sucroalcooleira, esse novo ambiente terá representantes de toda a cadeia e, segundo seus defensores, estabelecerá critérios para os preços das frutas e tratará de questões citrícolas em geral. "O Consecitrus não se restringirá a preços, mas tratará da organização do segmento", diz Gastão Crocco, diretor de citricultura da Sociedade Rural Brasileira (SRB). A entidade é uma das três que representam os produtores de laranja nas negociações para a criação do conselho. As outras são a Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus) e a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp). A unificação das lideranças citrícolas em uma só entidade está no radar, mas não há nada de concreto nesse sentido.
"A concentração é uma tendência geral, mas é preciso buscar mecanismos de proteção e criar regras claras e transparentes para as negociações", afirma Crocco. Segundo ele, critérios para a venda da fruta com base na presença de sólidos-solúveis - o equivalente ao teor de açúcar na cana previsto no Consecana - terão de ser estabelecidos, mas as discussões nesse sentido continuam. A transparência das indústrias, aliás, é um ponto nevrálgico para a Associtrus. Líder nas exportações de suco, a Cutrale é a indústria mais envolvida nas negociações para a criação do Consecitrus e garante que será transparente no que for necessário para que as conversações caminhem.
"O Consecitrus é ansiosamente aguardado", diz Christian Lohbauer, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Sucos Cítricos (CitrusBR), que representa as quatro maiores indústrias exportadoras de suco de laranja. "Além da tendência de queda do consumo mundial, as questões fitossanitárias, sobretudo a ameaça do greening, estão na agenda. Queremos entrar na próxima safra com a situação definida", afirma.
Margarete Boteon, pesquisadora do Cepea/Esalq, também participa das reuniões em torno do Consecitrus e o vê com bons olhos. Para ela, na questão dos preços é importante que os critérios levem em consideração as estruturas de custos dos produtores, hoje muito diferentes em virtude da maior ou menor incidência de doenças em uma determinada região. " O citricultor tem de estar atento. Tem muita coisa acontecendo e desunião na crise é sempre complicado", alerta Maurício Mendes, da AgraFNP e do de Consultores em Citrus (GConsi).