Estados do Sul se unem para discutir redução de custos do setor lácteo

Publicado em 09/03/2021 14:44

Lideranças do setor produtivo de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul discutem alternativas para reduzir os custos da produção de leite na região.  Além da diminuição do consumo interno, os produtores enfrentam ainda a preocupação com a quebra na safra de milho e os preços elevados do insumo. O encontro da Aliança Láctea Sul Brasileira ocorreu de forma online nesta terça-feira, 9.

Em Santa Catarina,  a estiagem prolongada e a cigarrinha do milho contribuem para uma redução de 20% na safra do grão. O estado espera colher 2,2 milhões de toneladas e importar mais de cinco milhões de toneladas de milho em 2021. Para o secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Altair Silva, chegou o momento de investir em alternativas para ração animal. 

"Estamos mobilizando todas as forças de pesquisa, extensão rural, políticas públicas e setor cooperativista para conseguirmos encontrar alternativas para produção de cereais de inverno e, consequentemente, reduzir essa dependência de milho. Neste ano, o abastecimento de milho será o grande desafio do nosso agronegócio, mas tenho certeza de que juntos encontraremos um bom caminho a seguir", destaca. 

A produção de grãos de inverno também está sendo pensada como opção para abastecer o setor produtivo de carnes do Rio Grande do Sul. O presidente da Federação da Agricultura (Farsul), Gedeão Silveira Pereira, explica que o estado destina apenas 1,5 milhão de hectares para a produção de trigo em comparação a 7,8 milhões de hectares ocupados com soja. 

O Paraná, que até pouco tempo atrás era autossuficiente na produção de milho, também espera uma safra menor devido à queda na produtividade por questões climáticas e sanitárias. "Neste ano esperávamos um crescimento na produção de proteína animal, mas a capacidade de suprir as nossas cadeias produtivas está curta", afirma o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Norberto Ortigara. 

Desafios e oportunidades para o setor lácteo

Durante o encontro da Aliança Láctea, o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Paulo do Carmo, apresentou um panorama e os principais gargalos e oportunidades para o setor produtivo. 

Entre os desafios levantados estão os preços pouco competitivos, qualidade da matéria-prima, carência de políticas públicas direcionadas ao setor e baixa coordenação da cadeia produtiva. Porém, a situação vem mudando ao longo dos últimos anos. "Está em curso uma silenciosa especialização do setor. Temos municípios na região Sul que são tão produtivos e competitivos quanto outros players", ressalta Paulo do Carmo. 

Segundo o especialista, a cadeia produtiva de lácteos deve focar nas preferências do consumidor, em especial à rastreabilidade completa, bem-estar animal e o cuidado com a comunidade. 

Produção de leite em Santa Catarina

Santa Catarina produz mais de três bilhões de litros de leite por ano e é o quarto maior produtor brasileiro. Com mais de 70 mil famílias envolvidas na atividade, o estado conta com 130 empresas que beneficiam o produto.

Um dos grandes diferenciais do agronegócio catarinense é o cuidado extremo com a saúde animal. Santa Catarina é o único estado brasileiro certificado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como área livre de febre aftosa sem vacinação e, no último ano, foi reconhecido com a menor prevalência de brucelose animal no país.

Fonte: Secretaria de Agricultura/SC

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Captação de leite no RS vai sendo normalizada, com pequena perda em volume, diz liderança Do Sindilat
Preço do leite pago ao produtor sobe pelo 5º mês seguido, segundo média da Scot Consultoria
Frente Parlamentar do Leite discute melhoramento genético
Interleite Sul 2024 será adiada
Enchentes no Rio Grande do Sul deixam produtores de leite isolados