Caminhoneiros decidem manter greve na 5ª feira após reunião sem acordo com governo

Publicado em 23/05/2018 17:05

SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - Uma reunião na Casa Civil com representantes de caminhoneiros autônomos terminou sem acordo nesta quarta-feira e os motoristas decidiram manter a paralisação nacional iniciada na segunda-feira, afirmaram entidades do setor.

Tanto a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) quanto a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos saíram da reunião afirmando que o governo não apresentou propostas para o fim da paralisação, que reúne centenas de milhares de motoristas e já afeta uma série de setores da economia.

"Governo foi irresponsável com a situação que está o país hoje. O governo foi avisado com antecedência e nem mesmo abriu negociação", afirmou o presidente da CNTA, Diumar Bueno, após o fim da reunião que contou com presença do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e dos Transportes, Valter Casimiro.

De acordo com Diumar Bueno, Padilha disse que o decreto que zera a Cide sobre diesel será assinado nesta quarta-feira.

Temer pede trégua para caminhoneiros em busca de "solução satisfatória"

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer pediu uma trégua de dois a três dias aos caminhoneiros que nesta quarta-feira fazem o terceiro dia seguido de protestos em todo o país contra a alta do preço do diesel.

Temer disse a jornalistas no Palácio do Planalto que o pedido foi feito durante reunião com representantes dos caminhoneiros em Brasília. Pouco antes, no entanto, órgãos que representam a categoria afirmaram que vão manter na quinta-feira as manifestações, que já começam a afetar o abastecimento, de acordo com algumas entidades setoriais.

O presidente esperava que o pedido sensibilizasse o movimento. Mas, em resposta, os caminhoneiros decidiram manter o protesto e deram 48 horas de prazo para o governo apresentar soluções que baixem o preço do combustível. Do contrário, prometem intensificar suas ações.

Governo subestimou alcance da crise dos combustíveis (por Marcelo de Moraes, no ESTADÃO)

O governo foi surpreendido pelo alcance do movimento contra o aumento dos combustíveis promovido pelos caminhoneiros. Quando percebeu o risco de desabastecimento, mostrou todo o seu improviso diante da crise. Propôs uma trégua – recusada – e elaborou uma proposta sem nem saber se terá condição de cumpri-la.

Na verdade, o Planalto tinha calculado apenas a repercussão política negativa provocada pelos sucessivos aumentos da gasolina nos postos. Ou seja, só se preparou para tentar amenizar as críticas dos consumidores irritados com o preço nas bombas. Quando deu de cara com a mobilização dos caminhoneiros, descobriu que a crise era muito pior do que imaginava. /Marcelo de Moraes, ESTADÃO.

‘Petrobras mente’ sobre reajustes do diesel, diz CNT (na Gazeta do Povo)

A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulgou nota, nesta quarta-feira (23), com duras críticas à política de reajustes de preços da Petrobras, afirmando que a estatal mente. Segundo a confederação, a estatal pratica uma medida desproporcional ao basear seus preços nas cotações internacionais do petróleo, pois seus custos nas refinarias são internos, independentes do mercado internacional.

A CNT diz que transportadores não podem responder pela ineficiência da estatal e pelos escândalos de corrupção que ocorreram na empresa. As declarações foram feitas em meio ao terceiro dia de greve de caminhoneiros que causa paralisação em estradas em todas as regiões do Brasil.

A confederação também criticou a proposta do governo de zerar a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) do óleo diesel, afirmando que a medida terá impacto irrisório no preço do combustível.Segundo a CNT, a política de preços de combustível deve considerar as condições econômicas do Brasil.

A organização diz que, em comparação a outros países que possuem perfil similar ao desenvolvimento econômico brasileiro, como Rússia e México, o preço do óleo diesel no Brasil é superior. Reclama também do momento em que a política de reajustes foi implantada, apontando que o setor de transportes ainda luta para se recuperar da crise financeira dos últimos anos.

A Petrobras não havia respondido à nota da CNT até a publicação deste texto.

Leia a nota na íntegra:

Petrobras mente -- 

1) A política de preços adotada pela Petrobras em suas refinarias, que acompanha a alta das cotações internacionais do petróleo, é uma medida desproporcional, pois ela tem custos internos e não internacionais.

2) Transportadores não podem responder pela ineficiência da Petrobras e pela corrupção que ocorreu na estatal.

3) Países autossuficientes na produção de petróleo praticam preços do óleo diesel mais baratos.

4) Em comparação a outros países que possuem perfil similar ao desenvolvimento econômico brasileiro, como Rússia e México, o preço do óleo diesel no Brasil é superior. O óleo diesel cobrado no Brasil é, em média, 15% superior ao cobrado nos Estados Unidos, sendo que a renda média neste país é seis vezes maior que a do brasileiro.

5) A política de preços de combustível deve considerar as condições econômicas do Brasil.

6) Essa política equivocada e desastrosa não poderia ter sido implantada em pior momento para o setor transportador, que ainda luta para superar as perdas da forte recessão econômica.

7) Os sucessivos aumentos do óleo diesel comprometem com mais intensidade o transporte rodoviário, que responde pelo tráfego de 90% dos passageiros e por mais de 60% da movimentação de bens e produtos no Brasil.

8) A solução apresentada, até o momento, pelo governo em nada contribuirá para garantir as condições mínimas de operação do transporte rodoviário de cargas e passageiros no país. A retirada da Cide sobre o óleo diesel terá impacto irrisório no preço final do combustível.

Fonte: Reuters/Gazeta do Povo

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