Déficit de armazenagem no Brasil chega a 120 mi de toneladas e setor alerta para caos logístico e perdas bilionárias
O avanço da produção agrícola brasileira tem sido constante, mas a falta de infraestrutura para armazenagem de grãos está se tornando um gargalo estrutural cada vez mais crítico. O déficit de armazenagem no país já atinge 120 milhões de toneladas, segundo o presidente da Abramilho, Paulo Bertolini. A situação tem levado o setor a alertar para um cenário de caos logístico, perdas de rentabilidade para o produtor e comprometimento da qualidade dos grãos destinados à exportação.
“É uma preocupação grande porque o déficit de armazenagem geral de grãos no Brasil tem crescido todos os anos. Com uma safra boa, esse déficit fica ainda mais aparente e preocupante, porque isso gera quase que um caos logístico”, afirma Bertolini.
Segundo a liderança, mesmo com recursos disponíveis via o Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), os financiamentos não têm chegado aos produtores que mais precisam, os pequenos e médios agricultores.
“Os agricultores não têm conseguido alcançar esses recursos. Os bancos impõem restrições e dificultam o acesso. As empresas têm pedidos, mas os financiamentos não andam”, diz Bertolini.
A crítica se estende ao modelo de armazenagem centralizado. Apenas 15% da capacidade está dentro das propriedades rurais. Isso, segundo o presidente, encarece o custo logístico e prejudica principalmente a cultura do milho, que tem menor valor agregado e maior volume por hectare.
A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) estima que seriam necessários ao menos R$ 15 bilhões por ano em investimentos somente na área de armazenagem para reduzir o déficit e permitir que o país acompanhe sua própria produção, que segue em trajetória de alta. Para a safra 2024/2025, a estimativa da Conab é de 322 milhões de toneladas de grãos, volume que pode crescer com o aumento da produtividade e da área plantada.
No caso de Mato Grosso, a situação é particularmente preocupante. Segundo dados da Aprosoja MT, a produção de soja e milho deve alcançar 97,28 milhões de toneladas em 2025, frente às 86,26 milhões em 2024. No mesmo período, a capacidade de armazenagem cresceu pouco, indo de 50,8 para apenas 52,2 milhões de toneladas.
“Esse é um problema que tem recebido pouca atenção neste momento e vai chegar uma hora que teremos um problema sério. A produção segue crescendo e a capacidade de armazenagem não acompanha. Isso é insustentável”, alerta o vice-presidente da Aprosoja MT, Luiz Pedro Bier.
“A partir desse mês, vão começar a noticiar, como fazem todos os anos, milho sendo armazenado a céu aberto, sendo jogado a céu aberto, principalmente no Centro-Oeste, em especial no Mato Grosso, porque não existe espaço suficiente para armazenagem”, pontua Bertolini.
Segundo Bier, a única solução de longo prazo é o produtor ter capacidade de armazenar na lavoura, o que exige uma política de financiamento adequada. “Mais de 50% da capacidade de armazenagem no estado está nas mãos de tradings. Precisamos de menos juros e uma operação mais desburocratizada”, afirma. Ele destaca ainda que a Aprosoja tem trabalhado nos últimos anos para viabilizar a construção de silos nas propriedades, mas alerta que o setor de construção de armazéns não tem estrutura para atender à demanda atual no ritmo necessário.
“Seria necessária uma força-tarefa do Estado brasileiro, com juros baixos e estímulo ao setor de construção de armazéns. Hoje, a FAO recomenda 150% de capacidade sobre a produção. Para o Mato Grosso, isso significaria 150 milhões de toneladas, ou seja, triplicar o que temos hoje. Esse é um número sonhado, mas hoje fora da realidade. Se tivermos, pelo menos, a capacidade de armazenar o que colhemos já seria um bom começo.”
Segundo o Vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mário Schreiner, a estrutura de armazenagem instalada no país atualmente é capaz de estocar apenas 70% da produção nacional, enquanto a FAO recomenda mais de 130% para garantir segurança alimentar, estabilidade de preços e eficiência no escoamento.
Outro ponto apontado pelos especialistas é que, no Brasil, a concentração de armazéns de cooperativas e grandes tradings reduz a autonomia. “O aumento da capacidade de armazenagem de grãos e cereais é o ingrediente para o Brasil melhorar a qualidade do produto para exportação e garantir que o agricultor tenha fluxo de caixa, não forçando-o a vender em período de baixa por não ter onde guardar sua produção”, reforça a Abimaq.
Para Bier, a armazenagem ultrapassa o aspecto comercial e é uma questão de segurança nacional. “A armazenagem é um ponto fundamental para a comercialização, mas mais do que isso é uma questão de soberania nacional. Se tivermos qualquer problema em portos ou com guerras não vamos ter onde armazenar. Existem os problemas da porteira para dentro, que auxilia na comercialização, mas o maior problema é o do Estado. Quem não armazena o que produz fica à mercê de intempéries”, afirma.
Diante desse cenário, o setor produtivo pede urgência ao governo federal para reformular a política de armazenagem, garantir acesso real ao crédito rural e estimular a construção de estruturas nas fazendas. Caso contrário, o Brasil corre o risco de perder competitividade, comprometer a qualidade de exportação e seguir forçando seus produtores a vender na baixa.
3 comentários

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Mauricio Girelli Benjamim Constant do Sul - RS
Mas que Caos! Quanto por cento da produção e perdida por falta de armazenamento? Financiamento sempre teve, inclusive os melhores prazos e taxas. A dificuldade nos bancos, só se não tiver a documentação em dia (projeto, licenciamento, etc). A questão é viabilizar o investimento. A maioria dos produtores não vê "valor" na armazenagem, é melhor terceirizar.
Henrique Afonso Schmitt blumenau - SC
Um governo que não busca o equilíbrio entre o gasto e o investimento dá nisso: VAI GERAR O CAOS. CAOS NA ARMAZENAGEM DE GRÃOS... CAOS NA INFRAESTRUTURA DE ESCOAMENTO...CAOS NOS PORTOS...CAOS...CAOS...CAOS...
O AUMENTO DE IMPOSTOS TIRA DINHEIRO DO SETOR PRODUTIVO E O PASSA PARA O SETOR IMPRODUTIVO ,,,ATE" CRIANÇA ENTENDE QUE ESTE NAO E" O JEITO DO BRASIL CRESCER
A china usou um modelo de crescimento baseado no investimento em infraestrutura, tecnologia etc...que está se esgotando. No Brasil o sistema é o de consumo, que cedo ou tarde também vai se esgotar.
A miséria está subindo a Escada, deverá chegar no topo em Breve
LEANDRO M GRANELLA GETÚLIO VARGAS - RS
Dinheiro para PÉ DE MEIA E VALE GÁS TEM, para subsidiar seguro agrícola, irrigação e armazenagem não, só aumento de juros e menores prazos,
Eu sou contra assistencialismo, mas se a gente for pensar nas contas públicas, 44% do total arrecadado é só para pagar juros da divida que esses politicos e burocratas inúteis fizeram. O pior é que o Brasil não tem recursos nem para pagar os juros que são um montante de 1,1 trilhão de reais por ano.Só para ter uma idéia o valor bruto da produção agropecuária anual total é de 1,5 trilhão de reais...
Divida quase todas as naçoes tem,, EUA, Japao Italia, tem mais de 100% do PIB, mas eles tem uma diferença o porcentual do juro e' bem menor entao para eles a divida e' mais leve---Por exemplo a Italia capta dinheiro direto atraves dos correios e paga no maximo 4% por ano, ja' no Brasil chama de TESOURO DIRETO, mas so' faz atravez de atravessadores e por isso acaba pagando IPCA +17% ou seja seis vezez mais juros, botou o Galipolo no lugar mas nao faz absolutamente nada ESTAMOS NAS MAOS DE UMA GANGUE
Como o governo nao SABE COMO RESOLVER ,, OU NAO QUER,,,apela continuamente para o aumento de imposto e esse caminho enterra a economia reduzindo a competetividade , A ESQUERDA VAI ENTERRAR O BRASIL E ISSO AINDA NAO ACONTECEU PORQUE SOMOS UMA NAÇAO CHEIA DE RECURSOS MAS O FIM ESTA" CADA VEZ MAIS PROXIMO
Provàvelmente, O nosso GOV; não vai reduzir os gastos desnecessários, O próximo ano será Indiscutivelmente afundante ao Poço.
Então, quem é vivo sempre aparece ... Mas, falando de Tesouro Direto. O investimento é sobre um papel que o país é o avalista. Vendo por esse prisma, o que é mais fácil de ocorrer? Uma empresa S.A. quebrar ou o país? Logo, os grandes investidores compram papéis lançados pelo Tesouro Nacional, cujo risco de calote é um dos menores do mercado nacional. Ocorre que o "mecanismo" que define a taxa de remuneração desse título é um pouco difícil de se explicar e, não sou expert no assunto para dirimir as dúvidas. Mas, entendam o mercado financeiro não é um "bicho de sete cabeças", as regras são bem definidas. De crise em crise todos continuam vivos. Os mais afoitos ficam pelo caminho. É o chamado "depurar o mercado"!
Ah! Quanto ao atual governo, bem isso não tem como comentar ... KKKKkkkkk