Alta do frete pode chegar a 10% no MT

Publicado em 04/11/2009 08:22
Contratos terão de ser revistos e negociados como forma de reduzir abismo entre receitas e despesas do segmento
A necessidade de investimentos, a recomposição das estruturas operacionais e das margens de rentabilidade, e a redução das defasagens nos últimos anos poderão levar a um reajuste de 10% sobre os preços do frete das transportadoras ainda este ano.

O transporte de grãos, que representa em torno de 70% do movimento de cargas no Estado, deverá ficar fora deste aumento devido ao período da entressafra. Em Mato Grosso são cerca de 700 transportadoras em operação.

“Muitos contratos terão de ser revistos e negociados, pois o setor precisa recuperar parte de suas perdas e virar o ano no azul”, afirma o diretor executivo do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de Mato Grosso (Sindimat), Gilvando Alves de Lima.

“Nosso problema é o alto preço dos combustíveis, combinado com a questão da logística, que está tirando a competitividade dos nossos produtos em outros mercados”, explica.

Segundo Gilvando Lima, é preciso repor os custos das empresas. “Em maio deste ano, por exemplo, tivemos convenção coletiva e um reajuste de mais 7% para a categoria”. Com isso, houve uma nova retração na renda do transportador. “As empresas estão sobrevivendo a duras penas, com margens reduzidíssimas e defasagem de preços entre 15% e 20%”, afirma.

De acordo com a Associação dos Transportadores de Cargas do Estado (ATC), os fretes são segmentados e as planilhas são elaboradas individualmente pelas empresas.

“Temos cargas fracionadas, líquidas, secas e agrícolas. Cada segmento tem um contrato com seu cliente e as negociações são feitas separadamente”, esclarece o diretor executivo da entidade, Miguel Mendes.

No caso do agronegócio, dificilmente o transportador consegue mexer nos preços. “O transporte não é formador de preços, mas apenas tomador. Temos nossos custos, mas não conseguimos impor nossos preços porque o frete deste setor está nas mãos das principais trades, como Bunge, Ammagi, ADM e Cargill. São essas empresas que formam os preços. Nós apenas procuramos nos adequar à situação do mercado”.

PERDAS - Ele diz que os custos operacionais são elevados e a defasagem passa de 20%. “Nos últimos anos tivemos perdas significativas, por conta principalmente dos preços dos combustíveis (óleo diesel e lubrificantes), e dos salários, que são reajustados anualmente”. Só de 2004 até agora a ATC aponta reajuste acumulado de 62,79%, com o valor do piso saltando de R$ 559 para R$ 910.

“Ainda vivemos os respingos da crise. 2009 foi um ano ruim, apesar da boa safra”. Segundo Miguel Mendes, o problema foi a comercialização da safra, em especial do milho, em decorrência dos baixos preços.

Aliado a este fator, o setor ainda tem o elevado custo de deslocamento dos caminhões. Uma carreta bitrem – a mais utilizada no transporte de grãos – por exemplo, tem custo estimado em R$ 2,32 por quilômetro rodado. No trajeto de ida e volta, este valor sobe para R$ 4,64. Levantamento da ATC aponta que os preços adotados pelas transportadoras não chegam a cobrir os custos operacionais, pois as empresas recebem atualmente R$ 3,80 por quilômetro. Os custos levam em conta itens como combustíveis, pneus, manutenção da frota, depreciação do veículo e outros.

Mendes afirmou que mesmo trabalhando no vermelho, os caminhões não podem parar. “Os veículos são financiados e precisam trabalhar durante o ano todo”, aponta.
Fonte: Diário de Cuiabá-MT

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