Frenlog quer agilidade na implantação do PAC em 2010, apesar do ano eleitoral
Nesta entrevista exclusiva ao PortoGente, o deputado avalia os primeiros resultados do trabalho da Frenlog, criada há um ano para agregar deputados e senadores que advogam em defesa da indústria, do comércio e do agronegócio. Fala também sobre as prioridades da Frente para 2010 e, entre outros assuntos, sobre a aposta do setor produtivo no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como principal financiador de investimentos, privados ou não, na malha ferroviária.
Pereira ainda fomenta a tradicional queda de braço entre setor produtivo e ambientalistas, ao impor ao Congresso Nacional uma agenda definitiva e urgente para este ano: a alteração da legislação ambiental, com o propósito de tornar os licenciamentos descentralizados e, com isso, favorecer investimentos rápidos em logística.
PortoGente
– Por que a Frenlog decidiu priorizar a malha hidroviária em 2010?
Alguma controvérsia em relação ao foco proposto pelo PAC, de centrar
nas estruturas multimoldais?
Homero Pereira –
A Frenlog não tem priorizado somente o modal hidroviário. Temos
mostrado a importância de explorarmos de forma eficiente e ao máximo o
transporte multimodal, afinal, cada modal tem a sua importância e
competitividade, de acordo com as distâncias a serem percorridas. É
lógico que para grandes distâncias o modal hidroviário é o mais
competitivo.
PortoGente – Como a Frente vai se posicionar em relação ao PAC neste ano eleitoral?
Homero Pereira – Vamos
continuar cobrando do governo mais agilidade na implantação de nossa
infraestrutura, independentemente de ser ano eleitoral. O trabalho da
Frente tem que continuar.
PortoGente
– As perspectivas de expansão da estrutura portuária brasileira são
grandes. A iniciativa privada está preparada para os investimentos
necessários ou a meta é consegui-los pelo BNDES?
Homero Pereira –
Realmente o Brasil precisa expandir nossa estrutura portuária e temos
visto avanço nesta área, seja por parte do poder público ou da
iniciativa privada. Desde a criação da Secretaria Especial de Portos
tem aumentado o volume de investimentos nesta área, porém ainda está
aquém da necessidade. Esta é uma ótima oportunidade de negócio para
iniciativa privada, com o apoio do BNDES.
PortoGente
– Quais os projetos prioritários? Afetam quais regiões? Como o senhor
avalia os impactos ambientais e sociais dessas obras?
Homero Pereira –
Existem em todos os modais inúmeros projetos estruturantes, que afetam
positivamente todas as regiões do País e que precisam ser desenvolvidos
dentro de um conceito amplo de sustentabilidade. Compatibilizando o
tripé econômico, social e ambiental. Esse modelo serve para a estrutura
portuária, para navegação de cabotagem, para recuperação e ampliação da
malha rodoviária, para modernização e ampliação da ferroviária e para
navegação dos nossos rios.
PortoGente
– Na Amazônia, há particularidades que devem ser consideradas. As obras
costumam acarretar inúmeros impactos sociais e ambientais. Tem como
combinar as obras com desenvolvimento sustentável?
Homero Pereira –
Todas as obras, em quaisquer modais, ajudam a promover o
desenvolvimento humano. Basta comparar o IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano), de estados ou países com maior e menor infraestrutura,
independentemente de ser na Amazônia ou não. Reforço que o conceito de
sustentabilidade tem que sempre estar presente.
Fonte: www.info.planalto.gov.br
Presidente Lula acompanha de perto e visita frente de serviço do
trecho Salgueiro-Trindade da Ferrovia Transnordestina
PortoGente – O processo de licenciamento ambiental é uma peleja. Como o senhor avalia isso?
Homero Pereira –
Realmente o processo de licenciamento, por mais necessário que seja,
tem que ser melhor trabalhado. Esperamos que com a aprovação do PLP-12
pelo Congresso, que tem como objetivo descentralizar o licenciamento,
possamos superar os entraves nos processos e nos procedimentos.
PortoGente
– Como a Frente pretende lidar com a legislação ambiental, acusada de
emperrar muitos dos investimentos em infraestrutura?
Homero Pereira –
Só tem um jeito: mudar a atual legislação. E isto é uma prerrogativa
que o Congresso Nacional não pode abrir mão para o bem do
desenvolvimento sustentável de nosso País. Caso não ocorra, poderá
comprometer o futuro tanto para o meio ambiente quanto para a economia
brasileira.
PortoGente – Quais as perspectivas de atuação da Frente no que tange às ferrovias e rodovias?
Homero Pereira –
São boas. Temos interagido com representante de todos os segmentos de
transportes, no sentido de apoiar suas reivindicações. Estamos
construindo juntos legislações compatíveis com a realidade desses
setores.
PortoGente – Como o senhor avalia o trabalho da frente neste ano?
Homero Pereira –
Foi nosso primeiro ano de funcionamento. Porém, já notamos a
importância da criação da Frenlog, seja no sentido de aproximar o
Congresso Nacional da iniciativa privada, seja na articulação política
e legislativa, auxiliando na aprovação de projetos de interesse.
PortoGente – O setor empreendedor sempre dispara contra as péssimas condições de logística. A situação ainda é muito delicada?
Homero Pereira – Nossa infraestrutura
de transportes não tem acompanhado o mesmo ritmo de crescimento da
nossa produção em nenhum dos segmentos (indústria, comércio e
agropecuária). Fato que tem interferido muito em nossa competitividade.
Quem produz ganha pouco, quem consome paga muito. Este quadro ainda é
muito delicado e precisamos de investimentos vultosos para revertê-lo.
PortoGente – Qual o custo que acarreta as péssimas condições de logística no setor produtivo?
Homero Pereira –
Depende do valor agregado que você tenha em determinado produto. Há
situações em que o frete representa 50% do valor final. O Brasil
precisa superar esses gargalos, se quiser firmar-se no mercado global e
reduzir o preço dos produtos para o consumidor interno.
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