Escoamento: deficiência logística na safra para exportação continua preocupando

Publicado em 03/05/2010 08:32
"Os problemas são os mesmos de dez anos atrás, a infraestrutura é a mesma no que diz respeito a portos, ferrovias. As rodovias têm situação melhor do que em anos passdos, mas a ferrovia e o porto são gargalos que existem", desabafa Nilson Hanke Camargo, da assessoria Técnica e Econômica da Faep.

O presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, concorda. "Há uma deficiência logística no escoamento da safra para exportação", diz. Uma das reclamações diz respeito à falta de ramais ferroviários para levar a produção até o porto. Apesar de Cascavel ter um terminal ferroviário, segundo ele, o serviço deixa a desejar, com isso o transporte da safra tem que ser feito por rodovias. "Tinha que ter mais velocidade e ser mais barato, mais transporte ferroviário e mais rapidez no porto", resume.

A Ferroeste, com 15 locomotivas e 60 vagões alugados, consegue fazer apenas duas viagens diárias a Guarapuava, transportando três mil toneladas a cada 24 horas.

Sem opção de transporte, os produtores reclamam que ficaram à mercê dos preços do frete rodoviário, que tiveram aumentos de 5% a 50% acima do preço normal nos picos da safra. Uma das causas foi a falta de caminhões para atender a demanda. De Cascavel a Paranaguá, os preços passaram de R$ 60 para R$ 90 a tonelada, segundo avaliação do Sindicato das Empresas de Transporte no Paraná (Setcepar). Com isso, a margem de lucro dos agricultores caiu.

No estado vizinho do Mato Grosso, os produtores chegaram a divulgar que o frete consomia quase 50% da safra de soja no estado. Os custos do transporte da produção daquele estado até os portos de exportação, segundo eles, somam 8 milhões de toneladas, quase a metade da colheita que equivale a 62% da soja produzida no Brasil.

Além da falta de integração dos transportes, os produtores também se queixam da precariedade do porto. "O porto continua com problema de produtividade, o embarque demora demais", diz Camargo. Ele reclama de equipamentos antigos e obsoletos, como esteiras e elevadores e da capacidade de atracamento. "Melhorou um pouco por causa da dragagem que foi feita, agora o navio pode entrar mas não pode sair com carga total porque não tem profundidade no berço. É prejuízo", diz.

O superintendente da Administração dos Portos do Paraná e Antonina (Appa), Daniel Lucio Oliveira de Souza rebate as afirmações. "O porto está dando vazão normal aos volumes tanto nos silos públicos como privados. Nossa infraestrutura hoje da plena vazão ao crescimento de volumes e não somos gargalo logístico para os embarques", diz ele, A capacidade nominal do corredor de exportação, de acordo com ele, é de 5 mil toneladas por hora, caso não haja eventualidades, como clima adverso e interrupções do sistema.

Quanto às filas de caminhões, ele ressalta que elas praticamente não existem mais, e só ocorrem quando há chuva, por exemplo, que impede o carregamento dos navios, ou represamento de chegada de muitos caminhões em um mesmo dia. "Estamos trabalhando há três meses com a safra e só houve uma fila de cinco, seis dias, de 10 quilômetros, que é insignificante comparado ao passado", diz. Este ano, houve fila de caminhões para acessar o porto apenas no início da colheita, na primeira semana de fevereiro. Até 25 de abril, o porto embarcou 1,8 milhão de toneladas de soja, 1,4 milhão de toneladas de farelo de soja e 368 mil toneladas de milho.

Ginaldo de Sousa, da Labhoro, uma das principais operadoras e corretoras de grãos que operam no porto, também acredita que o Porto de Paranaguá está trabalhando em ritmo normal. "Paranaguá está fluindo normal. O que existe é um problema nacional. No Porto de São Francisco, por exemplo, dia 27 tinha fila de 60 quilômetros, porque só tem dois pontos de embarque. Em Paranaguá tem quatro berços, mais os privados. Não tem problemas", afirma.

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Fonte:
Folha de Londrina

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