Logística: Com falta de estrutura, escomento da produção sofre desperdícios

Publicado em 16/08/2010 07:17 e atualizado em 16/08/2010 08:15
Cerca de R$ 21 milhões vazam literalmente das carrocerias dos caminhões a cada ano. Perdas referem-se apenas à sojicultura.
A inexistência de uma estrutura adequada para escoamento da produção, aliada à falta de uma logística de transporte consistente, acaba provocando desperdícios de grãos pelas estradas. A explicação para as perdas vão desde a má situação das rodovias até às condições inadequadas dos caminhões transportadores, provocando o “vazamento” de um grande volume de grãos pelas rodovias.

O desperdício durante o transporte é algo espantador, principalmente para quem está na estrada atrás de algum caminhão. Da fonte de produção até o destino final, a quantidade de grãos que fica pelo caminho é algo impressionante, em torno de 0,25% de tudo o que é transportado.

Em época de colheita, o que mais se vê na beira das rodovias são soja e milho que caem da carroceria dos caminhões durante o transporte do campo até aos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). Das 18,78 milhões de toneladas de soja que Mato Grosso produziu nesta safra, por exemplo, estima-se que 47,5 mil toneladas do grão ficam às margens das rodovias. Segundo cálculos da Central de Comercialização de Grãos (CentroGrãos), da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), os desperdícios significam um prejuízo de R$ 21 milhões a cada ano para o setor.

João Birkham, coordenador do CentroGrãos, lembra que o problema vem de muitos anos e não há informações de que algo esteja sendo feito para solucioná-lo. "Os números das perdas são expressivos e, se formos pontuar o maior culpado para esses prejuízos, com certeza o grande vilão seriam as péssimas condições das nossas estradas, provocando a trepidação dos caminhões e o vazamento de grãos pelas carrocerias”.

As más condições representam, na maioria das vezes, gastos com oficinas e perda de muita carga pelo caminho. “Todo mês temos algum caminhão da frota em manutenção, seja por causa de uma mola quebrada ou de um desalinhamento. As rodovias ainda têm trechos muito ruins, que acabam com os veículos”, diz o presidente da Associação dos Transportadores de Cargas de Mato Grosso (ATC), Miguel Mendes.

Da fazenda até o entreposto das cooperativas as perdas são maiores porque as estradas são piores e o caminhão, muitas vezes, leva mais carga do que o limite. “Mas é difícil medir o prejuízo nessa etapa”, afirma Birkham.

O agrônomo Carlos Azevedo ressalta que o improviso no transporte também é um problema a ser resolvido. A solução, segundo ele, seria, além da adequação dos veículos, a melhoria e nivelamento das vias que levam às grandes rodovias.

MODAIS - O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja), Glauber Silveira, defende a implantação de outros modais de transporte, com ênfase para ferrovias e hidrovias, onde as perdas são menores.

Em todo o Estado são mais de 10 mil caminhões utilizados no transporte de grãos nas BRs 163 (Cuiabá-Santarém) e 164 (Cuiabá-Porto Velho), os dois principais eixos rodoviários, projetados para suportar a metade desse volume.

Segundo Miguel Mendes, a preocupação dos caminhoneiros é grande porque tudo o que é perdido ao longo do caminho é pago pelo transportador.

Ele diz que os transportadores devem dar boa manutenção às carretas, procurando, além do sistema próprio de vedação, fazer a tapagem com lonas, principalmente nos cantos e nas emendas das pontas, para evitar o vazamento dos grãos. Segundo Miguel Mendes, as condições das estradas influenciam nas perdas, provocando trepidação e deslocamento das tampas da carreta, ocasionando o vazamento de produtos.

Segundo ele, a média de vida da frota mato-grossense é uma das melhores do país, em torno de seis anos. A média da frota brasileira, segundo ele, é de 20 anos.

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Diário de Cuiabá

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