Brasil é confirmado como sede da COP 30 em 2025

Publicado em 13/12/2023 08:57

O Brasil foi formalmente confirmado como sede da COP 30, a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será realizada em Belém, entre 10 e 21 de novembro de 2025. O anúncio foi oficializado durante sessão plenária da COP 28, em Dubai. Será a primeira vez que a Amazônia sediará uma COP. A notícia foi anunciada pela ministra da Meio Ambiente, Marina Silva, na segunda-feira (11).

O governador do Pará, Helder Barbalho, afirmou que o estado não poderá oferecer a infraestrutura de uma COP como a de Dubai, mas ressaltou as virtudes de se discutir preservação ambiental em meio à maior floresta tropical do mundo.

— Quem desejar discutir meio ambiente na Floresta Amazônica, estão todos convidados a estar no estado do Pará. Nós não queremos apresentar a riqueza fruto da construção de um questionamento do que hoje deve ser repensado dentro de um processo de transição energética. Nós queremos aproveitar a COP de Belém para apresentar a floresta. Muita gente fala de nós, atribui a nós responsabilidades. Muitos apontam o dedo e nos recriminam, mas muito poucos nos conhecem. Muito poucos sabem da realidade na Amazônia. O que nós queremos na COP em Belém é que estes que estão aqui em Dubai impressionados com a suntuosidade e beleza, estrutura desta cidade, possam ficar impressionados com a maior floresta tropical do planeta — disse Barbalho.

Na avaliação do coordenador do Centro de Estudos Amazônia Sustentável da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Artaxo, o Brasil teve uma atividade extraordinária na COP 28 com a presença massiva de ministros de Estado, parlamentares e sociedade civil. Ele destacou a ênfase que o país deu à região amazônica com protagonismo do governador do Pará, Helder Barbalho, que teve intensa atividade no evento mostrando a importância de uma conferência do clima ser sediada no bioma mais importante para o meio ambiente.

— Sobretudo o Brasil trouxe para a COP 28 a necessidade de se aliar sustentabilidade na Amazônia à redução da desigualdade social. Não é uma tarefa fácil, mas o Brasil vai ter que se dedicar ao longo das próximas décadas. Isso também não vai ser feito em um ou dois anos, mas a Amazônia é chave na questão das mudanças climáticas globais — destacou.

Para o secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Brasil, embaixador André Corrêa do Lago, a participação do Brasil mostra a importância que o país dá à questão ambiental.

— Como disse o primeiro ministro da Noruega [Jonas Gahr Store], a redução do desmatamento no Brasil este ano é a melhor notícia do clima do ano, no mundo inteiro. Então o Brasil foi muito bem recebido e mostrou que está fazendo o trabalho em casa e ainda mostrando propostas ousadas e avançadas, demonstrando total confiança do governo brasileiro na ciência — avaliou.

Também presente à COP 28, o líder indígena Marcos Sabaru, do povo Tingui-Botó, em Alagoas, cobrou menos discussão e mais ações concretas durante as COPs.

— Que seja colocado em prática aquilo que já é muito discutido: o desenvolvimento sustentável. O mundo está em colapso, é necessária uma postura da sociedade e dos países. Rever sua postura quanto ao uso da terra, lixo, exploração, mineração, desmatamento e consumismo. Acho que a sociedade precisa fazer esse exercício e entender se vai querer continuar viva ou vai passar pelas dificuldades. Quando as dificuldades vierem, e elas virão, aqueles países que têm mais recursos terão mais facilidade de se protegerem. Aqueles que têm menos recursos sofrerão mais, como sempre — alertou.

Questionado sobre a repercussão negativa pela entrada do Brasil na Opep+ como membro observador, o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, afirmou que é importante a participação nos debates da organização.

— Porque o Brasil é uma grande economia que produz muito petróleo, consome muito produto derivado de petróleo, exporta mais de 1,5 milhão de barris/dia, mas tem uma matriz energética limpa, mais limpa que todas as nações mais fortes do mundo e economias grandes e médias do mundo. E não há nada de errado em participar desse grupo.

A presidência da COP-28 também divulgou na segunda o rascunho do texto do Global Stocktake, balanço global sobre o Acordo de Paris. Mas a redação decepcionou a comitiva brasileira por não ter sido mais incisiva quanto à redução de combustíveis fósseis. A ministra Marina Silva comentou que o texto ainda pode ser modificado e que aguarda um aprimoramento da redação nesse sentido.

Fonte: Agência Senado

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dia Mundial do Solo: setor produtivo garante preservação do solo com adoção de práticas sustentáveis
Lula diz que vetos na lei ambiental eram para proteger o agronegócio
Mortes em enchentes no Sudeste Asiático chegam a 321; equipes de resgate intensificam operações
Fazenda deve publicar normas infralegais para regulação do mercado de carbono até dezembro de 2026, diz secretária
Lula pressiona negociadores por acordo climático antecipado na cúpula da COP30
COP30-Brasil quer acordo antecipado na COP30 sobre combustíveis fósseis e financiamento climático