Queimadas causam "cegueira" coletiva em São Félix do Xingu (PA)

Publicado em 19/08/2010 11:13





Falta de ar, tontura e dores de cabeça. Nebulizadores funcionando 24 horas por dia nas unidades de saúde. Moradores com lágrimas nos olhos em razão da fuligem. Desde o início de agosto, quando se acirraram as queimadas na região de São Félix do Xingu (1.069 km de Belém), os moradores têm que enfrentar a fumaça no cotidiano. E sofrem duramente.

As crianças são as mais vulneráveis. Na única unidade materno-infantil, o número médio de atendimentos a problemas respiratórios quase quadruplicou. Anteontem, foram mais de 20. "Aqui o inalador não para um segundo. São 24 horas por dia", diz a técnica de enfermagem Lucimar Abreu.


Barco navega no rio Xingu, em São Félix do Xingu (PA); fumaça de queimadas prejudica visibilidade de moradores
Barco navega no rio Xingu, em São Félix do Xingu (PA); fumaça de queimadas prejudica visibilidade de moradores

Segundo a diretora clínica da unidade, Rosineire Mariano, os casos mais graves se concentram entre os moradores da zona rural, pela demora em receberem ajuda.

Os adultos também se queixam de problemas respiratórios, irritação nos olhos e dor de cabeça. "De manhã é pior. Você não consegue nem enxergar o Sol. E, na rua, ninguém vê mais do que 200 metros", diz Solange Feitosa, 19.

Em agosto, a cidade registrou 1.018 focos de calor, diz o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). À beira do rio Xingu, o piloto de barco Raimundo Santos Silva, 60, lembra que dois dias atrás não pôde trabalhar. "Não era possível enxergar nada no rio", afirma.

A falta de visibilidade também deixou temporariamente inoperante a balsa que faz a travessia para a margem esquerda do rio e que é a única ligação com a região do Xadá, onde há muitas fazendas.

Ontem, pela primeira vez em quase dois meses, pancadas de chuva atingiram a cidade e a zona rural e ajudaram a amenizar a situação. A temporada de queimadas, porém, deve seguir por pelo menos um mês e tende a se agravar, na opinião do secretário municipal do Meio Ambiente, Vicente de Paula.

"Nas áreas grandes, a queima para o manejo de pastagens vai começar agora", diz. Com 67 mil habitantes, São Félix tem área de 8,4 milhões de hectares (quatro vezes o território de Sergipe).

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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