Mercado de Carbono (MDL) está fazendo água

Publicado em 07/12/2010 12:03
Falta de lei acaba com mercado de carbono (MDL) americano.
Um programa nacional que pagou milhões de dólares a agricultores por eles terem reduzido os gases-estufa acabou fracassando em meio às incertezas em torno da legislação sobre o clima nos EUA, parou de pagar dividendos e não aceitará mais inscrições depois deste ano, disse o presidente do grupo que o administra.

O Sindicato dos Agricultores de Dakota do Norte conferiu créditos de emissão de carbono aos agricultores por usarem tecnologias mais limpas. Aproximadamente 3,9 mil agricultores e fazendeiros de 40 Estados ganharam aproximadamente US$ 7,4 milhões através do programa desde seu início, em 2006.

Mas os créditos de carbono que alcançaram até US$ 7 por tonelada métrica há poucos anos agora estão praticamente sem valor, disse Robert Carlson, presidente do Sindicato dos Agricultores de Dakota do Norte. O grupo detém o equivalente a 6 milhões de toneladas em créditos que não foram vendidos e, apesar de continuar tentando vendê-los, nenhum crédito novo será emitido após este ano, disse Carlson.

O programa, baseado em Jamestown, é o maior de aproximadamente uma dezena de programas de crédito de carbono ao redor do país que contempla exclusivamente agricultores e fazendeiros. Os demais programas estão enfrentando as mesmas dificuldades, disse Roger Johnson, presidente do Sindicato Nacional de Agricultores em Washington e ex-comissário de Agricultura de Dakota do Norte.

Os créditos poderiam ter tido valor se o Congresso tivesse aprovado a legislação do clima que prevê limites e comércio de emissões ("cap and trade"). Um projeto de lei que teria limitado as emissões do gás estufa, mas que teria deixado as companhias e outros compensarem seus níveis de poluição através da compra de créditos de carbono foi aprovada pela Câmara dos Deputados controlada pelos democratas no ano passado, mas definhou no Senado. Os republicanos zombaram do projeto de lei, que contava com sólido apoio do presidente democrata Barack Obama, chamando-a de "cap-and-tax" (limite e tribute), pois alegam que ele elevaria o custo da energia.

"O ponto culminante dos preços coincidiu na época das primárias presidenciais, e a economia estava robusta", disse Johnson. "Quase todos pensaram que haveria algum tipo de legislação climática devido ao apoio recebido de Obama e de McCain.

"Mas então sobreveio o colapso na economia e o apoio à legislação morreu. Parece que tudo aconteceu ao mesmo tempo."

O programa sediado em Dakota do Norte agrupou os créditos de carbono dos agricultores para venda na Bolsa do Clima de Chicago, uma agência privada que comercializa gases-estufa e outros poluentes, exatamente como outras bolsas comercializam commodities como culturas de grãos e pecuária.

Agricultores, fazendeiros e proprietários de terras ganharam créditos cultivando pastagens e árvores ou usando práticas agrícolas sustentáveis, como o plantio direto, nas quais as sementes são injetadas no solo para reduzir o manejo da terra e a liberação de carbono. Pecuaristas podiam participar através da instalação de sistemas de captura do metano a partir de esterco.

Dez milhões de toneladas de dióxido de carbono foram capturadas sob esse programa desde seu início - o equivalente a emissões de carbono produzidas por aproximadamente dois milhões de carros, disse Carlson.

Wayde Schafer, um porta-voz do Sierra Club em Dakota do Norte, disse que o programa de crédito de carbono prometia.

"Foi uma boa ideia. Ele efetivamente reduz o CO2 no ar, e realmente beneficia os agricultores", disse Schafer. "Mas a legislação nacional de controles e comércio de emissões provavelmente não verá a luz do dia, embora ainda possa funcionar com cooperação regional entre organizações estaduais e governamentais."

Será preciso ter um projeto de lei estabelecendo limites e comercialização de emissões para que os créditos recuperem o seu valor.

"Esses [programas de crédito de carbono] começaram porque havia uma premissa de que seria estipulado um valor para o carbono e que existiria uma legislação destinada a reduzir os gases do efeito estufa", disse Johnson. "O carbono realmente não tem nenhum valor agora."

Terry Ulrich, que cria gado e cultiva grãos perto de Ashley, em Dakota do Norte, diz que ele embolsou US$ 6 mil durante os três primeiros anos do programa por empregar técnicas agrícolas sustentáveis em cerca de 800 hectares da sua terra. Mas já se passaram dois anos desde que ele recebeu um dividendo do programa. "Eu pensei então que era bom para a agricultura sustentável, mas o preço despencou, o mercado está quase zerado e a legislação não parece promissora", disse Ulrich.

Sem incentivos, alguns agricultores retornarão a práticas de cultivo menos ecológicas, ele disse.

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Fonte:
Valor Econômico

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