Rio foi alertado em 2008 sobre risco de desastre na região serrana

Publicado em 15/01/2011 09:09 e atualizado em 16/01/2011 16:53
Um estudo encomendado pelo próprio Estado do Rio de Janeiro já alertava, desde novembro de 2008, sobre o risco de uma tragédia na região serrana fluminense -como a que ocorreu na última segunda-feira e que já deixou ao menos 547 mortos.
A situação mais grave, segundo o relatório, era exatamente em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, os municípios mais devastados pelas chuvas e que registram o maior número de mortes. Essas cidades tiveram, historicamente, o maior número de deslizamentos de terra.
O estudo apontou a necessidade do mapeamento de áreas de risco e sugeriu medidas como a recuperação da vegetação, principalmente em Nova Friburgo, que tem maior extensão de florestas.
O estudo apontou que Petrópolis e Teresópolis convivem com vários fatores de risco diferentes -boa parte da área urbana em montanhas e planícies fluviais- e podem ser atingidas por desastres "capazes de gerar efeitos de grande magnitude".
Sobre Nova Friburgo, o documento relata que boa parte de sua população vive em áreas de risco. A cidade registra um dos maiores volumes de chuva do Estado do Rio.
O secretário do Ambiente do Rio, Carlos Minc, disse que o mapeamento de áreas de risco foi feito, faltando "apenas" a retirada dos moradores, e que os parques florestais da região também foram ampliados.
O governo do Rio gastou dez vezes mais em socorro a desastres do que em prevenção em 2010. Foram R$ 8 milhões para contenção de encostas e repasses às prefeituras contra R$ 80 milhões para reconstrução.
O mesmo acontece com o governo federal, que gastou 14 vezes mais com reconstrução do que com prevenção. Neste ano, a União já liberou R$ 780 milhões para ajudar locais atingidos por enchentes e recuperar rodovias.

ESTUDO
O estudo feito a pedido do governo do Estado em 2008 não apontou os locais exatos de risco de deslizamentos, mas levantou as cidades com maior número de desastres naturais entre 2000 e 2007 e os níveis de ocupação.
A geógrafa Ana Luiza Coelho Netto, professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e coordenadora do trabalho, disse que o estudo tinha o objetivo de apontar regiões vulneráveis. Por isso, afirmou, não foi possível detalhar os pontos exatos de risco aos moradores. "A partir do estudo poderiam ter feito um detalhamento maior nas áreas mais problematizadas."
Ontem, em mais uma cidade apontada no relatório, Sumidouro, moradores contabilizavam os mortos. No município, com quase 90% de sua área na margem do rio, pelo menos 19 pessoas morreram. Segundo moradores, corpos foram retirados e enterrados por eles devido ao isolamento da região, que dificulta o resgate.
""Se não encontrarem meu filho, eu passo o resto da minha vida tirando aquela lama de lá", diz a lavradora Patrícia dos Santos, 24, que conseguiu escapar a tempo do desabamento de sua casa.

Priorizamos outras áreas, diz secretário Carlos Minc

O secretário do Ambiente do Rio, Carlos Minc, disse que o mapeamento de áreas de risco na região serrana já foi feito, mas admitiu que o governo priorizou as ações em outras áreas do Estado.
Segundo ele, não basta dizer onde é proibido morar, mas é preciso definir locais adequados para moradia, além de cadastrar as famílias e discutir as melhores alternativas para a remoção.
Minc disse que, após a tragédia, todas as equipes que estavam fazendo esse trabalho na região dos lagos, Itaboraí e Itaguaí foram deslocadas para a região serrana.
"Você tem nesses municípios [Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo] 5.000 pessoas em áreas de risco. E daí? Não basta saber que estão na área de risco. Tem de ir no terreno entrevistar as pessoas, fotografar as casas, uma parte tem de ser indenizada, tem de conversar com as pessoas para ver onde elas vão. Isso não é assim, você não passa o cerol assim."
Para ele, "agora é um bom momento para fazer isso rapidamente".
O secretário afirmou que também foram feitas ações de ampliação da cobertura vegetal do Estado, com o aumento das áreas de parques estaduais e nacionais, outra medida sugerida pelo zoneamento ecológico econômico.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Folha de S. Paulo

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

1 comentário

  • maximino Lazzarotto Sant Rita Paraguay - PA

    Acontecido toda esta tragedia, onde centenas de vidas foram perdidas, por mais uma demontraço explicita do descaso politico e má administraçao dos recurssos publicos, o que mais, nos chama a atenção é o descaso no atendimento aos danificados e recuperaçao dos ferridos e mortos.

    Em Primeiro lugar o governo faz propaganda quase que diriamente ressaltando as ajudas Humanitarias que vem fazendo em outros Paises, com ajudas milhionarias, ao Haiti, Bolivia, Venezuela, Paises da Africa, Paraguay, etc. Nao que nao sejam merecidas ou que quando se possa fazer se faça.

    Mas porque querer aparecer fazendo isso, quando milhares de Brasileiros nao tem esta mesma ajuda no Próprio Brasil? Depois, como pode ser que um Pais que tem Exercito, Marinha e Aeronautica, bem aparalhedada, deixa 5, 6 ou mais dias sua população, que foi afetada por um deastre desta magnitude, a merce, de seus proprios esforços de resgate, rsgatando, vitimas como se vivessemos no mei do nada. Improvisando padiolas com cobertores, Paus, etc. Uma vergonha.

    nde estao os Elicópteros de nossas forças armadas. Para que servem?

    Defender a Soberania do Pais. Que Pais é este que nao defende nem seus moradores de um inimigo, que a muito vem mostrando e dando sinais de onde e como vai atacar.? E acontecida a tragedia, nao resgarta suas vitimas e feridos.

    Nao devera o Exercito e forças armdas estar ai presentes, ajudando no resgate e socorrendo com viveree, comida e segurança a esta pobre gente?

    Deixemos de ser Hipócritas. De querer aparecer enviando ajuda a outros Paises, cuando nao sabemos nem fazer o dever de casa.

    0