Por acordo entre ambientalistas e ruralistas

Publicado em 23/03/2011 10:07
JOSÉ ANTÔNIO ALEIXO DA SILVA, escreve hoje na Folha dizendo que "Ambientalistas e ruralistas precisam ceder para atingir um objetivo comum quanto à mudança do Código Florestal; a disputa é prejudicial ao país".

A Academia Brasileira de Ciência (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) foram convidadas a participar das discussões sobre o Código Florestal e seu substitutivo, com a alegação de que o primeiro Código, de 1934, e o segundo, de 1965, eram isentos de conhecimentos científicos.
A ABC e a SBPC formaram um grupo de trabalho para estudar o assunto com profundidade.
A alegação da falta de ciência nas duas versões do Código Florestal é improcedente. Tais códigos foram elaborados por cientistas e legisladores ligados ao assunto.
A partir de 1965, mudanças significativas aconteceram, a agricultura tropical se expandiu em termos territoriais e teve um incremento fantástico na produtividade, gerando, em alguns casos, a degradação ambiental. A população do país passou de 83 milhões, em 1965, para 190,7 milhões, em 2010, resultando em ocupações urbanas em áreas impróprias à moradia.
A ciência e a tecnologia avançaram e novos conhecimentos e ferramentas tecnológicas estão à disposição de todos. Tudo isso gera a necessidade de adequar o Código Florestal à realidade atual. Visando resolver problemas do setor agrícola, surgiu o substitutivo proposto pelo deputado Aldo Rebelo.
Para os ambientalistas, tal substitutivo aumentará significativamente a degradação ambiental, gerando consequências desastrosas aos setores rural e urbano.
O grupo de trabalho formado pela ABC/SBPC iniciou os trabalhos em julho de 2010, contando com profissionais de diversas instituições e universidades. Vários convidados participaram de algumas de suas reuniões, destacando-se entre eles os deputados Aldo Rebelo (PC do B) e Ivan Valente (PSOL).
Um sumário executivo dos trabalhos foi apresentado no dia 22/2, em Brasília, em um encontro de deputados ambientalistas, mas que contou com a presença de deputados ruralistas. A expectativa de alguns de que seria um documento defendendo puramente a questão ambiental, por se tratar de um evento organizado pela bancada ambientalista, foi desfeita.
Seria um grande erro a ABC e a SBPC tomarem partido por uma causa sem fundamentação científica. O sumário está disponível no sitehttps://www.sbpcnet.org.br.
O documento completo, que deve ser publicado em breve, não é a solução final para a construção de um Código Florestal ou Ambiental, mas nele, à luz da ciência e da tecnologia disponíveis atualmente, há indicações de que se precisa de mais tempo para a elaboração de um código que preserve e conserve o meio ambiente sem prejudicar a produção de alimentos. Votar o substitutivo agora é precipitado.
Um acordo com bases científicas e tecnológicas entre ambientalistas e ruralistas é perfeitamente possível. Ambos precisam ceder para atingir um objetivo comum. Uma disputa entre os setores é prejudicial ao Brasil.
A ABC e a SBPC deixam claro que não pretendem legislar, pois isso é atribuição do Congresso, mas estão dispostas a continuar fornecendo informações científicas e tecnológicas para a construção de um Código Florestal/Ambiental brasileiro atualizado, em parceria com ambientalistas e ruralistas.

JOSÉ ANTÔNIO ALEIXO DA SILVA, doutor em biometria e manejo florestal, professor do Departamento de Ciência Florestal da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), é secretário da SBPC e coordenador do grupo de trabalho da ABC/SBPC.
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Fonte:
Folha de S. Paulo

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2 comentários

  • ubiratanresende São João da Paraúna - GO

    sbpc,abc,e este sr,nao tem isencao para esta proposicao .estecodigo precisa ser aprovado rapidamente,trazendo para a legalidade ,milhares de propriedades,q hoje nao estao. ninguem melhor q os proprios fazendeiros sabem q o seu maior bem e a terra. a imagem lobatiana q alguns tem dos agopecuaristas ja deveria ter acabado a tempo.

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  • Telmo Heinen Formosa - GO

    Está explicado porque a posição da SBPC é esta. O "cara" é Professor... catedrático, não tem vivência da prática. Só a gramática não resolve. Se os Professores fossem as pessoas mais sabidas do mercado, certamente seriam as mais bem sucedidas economicamente e não são... a diferença está na vivência. Faça o que eu digo, não faça o que eu faço. E pelo jeito este Sr. José Antônio Aleixo da Silva é mais amigo do Ivan Valente do que de Aldo Rebelo... ora convenhamos minha gente! Olhe a teoria deles aqui: http://www.sbpcnet.org.br Acesse e registre o seu protesto. Professor ensina o IDEAL e a vida é feito dentro do 'possivel'...

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