Milho: Apesar do recuo nos preços em Chicago, fundamentos ainda são altistas
Nesta sexta-feira, as cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago trabalham do lado negativo da tabela. Depois dos ganhos registrados na sessão anterior, os preços recuam e, por volta das 11h41 (horário de Brasília), os principais contratos apresentavam perdas entre 2,25 e 5,25 pontos. O vencimento maio/14 era negociado a US$ 4,94 por bushel.
Apesar do recuo nas cotações, a analista em agronegócio da Céleres Consultoria, Aline Ferro, afirma que os fundamentos são altistas para o mercado de milho. "O movimento de realização de lucros é normal após as valorizações expressivas registradas desde o início da semana”, relata. De acordo com informações da agência internacional Bloomberg, os preços já subiram 18% desde o começo do ano.
Do lado fundamental, a demanda pelo milho norte-americano segue forte. Até a semana encerrada no dia 27 de março, as exportações semanais dos EUA totalizaram 960.600 toneladas, conforme divulgou o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta quinta-feira (3).
Além disso, a médio e longo prazo, a expectativa do mercado é que a área destinada ao plantio do milho nos EUA apresente um recuo ainda maior, segundo a consultora. "O número pode ficar abaixo da prevista pelo USDA, de 37,11 milhões de hectares devido às incertezas em relação ao clima no país", diz Aline.
Diante desse cenário, as especulações em relação ao clima nos EUA começam a ganhar força no mercado. E daqui em diante, o clima deverá ser um dos principais fatores que deverão influenciar os preços do cereal em Chicago, já que, condições climáticas adversas, se confirmadas, poderão atrasar a semeadura do grão norte-americano.
Outra variável que também deve influenciar as cotações futuras é a safra de milho da América do Sul. No Brasil, a safra de verão foi severamente castigada pela ausência de chuvas e as altas temperaturas, especialmente nos estados de Minas Gerais e São Paulo. Já a safrinha, ainda é uma incerteza, uma vez que, em muitas regiões produtoras houve redução na área cultivada, assim como, nos investimentos em tecnologia e parte da segunda safra foi semeada fora da janela ideal.
Também é preciso levar em consideração o ataque de pragas, como o percevejo barriga verde, que pode afetar o rendimento das lavouras. Frente a essa situação, a comercialização do milho está travada no país. Os produtores estão capitalizados e seguram a produção à espera de preços mais altos. Na Argentina, a queda na produção deve ser superior a 11% em comparação com a safra anterior, conforme informou a Bolsa de Cereais.
BMF&Bovespa
Os vencimentos do milho negociados na BMF&Bovespa trabalham em campo misto nesta sexta-feira. Nos últimos dias, a alta do dólar, juntamente com a quebra na safra de verão de milho e as incertezas em relação à safrinha deram suporte aos preços futuros.
No mercado interno, a negociação da safra segue em ritmo lento. Por outro lado, os preços estão mais baixos desde meados do mês de março, segundo levantamento da Scot Consultoria. A evolução da colheita da safra de verão e do plantio da safrinha em importantes regiões exerceram pressão negativa nas cotações. Neste momento, o produtor rural também está mais voltado para a negociação da soja.
Em Campinas (SP), a saca ficou cotada a R$ 30,90, uma redução de 6,4% em relação à média de março. Entretanto, apesar do recuo, os valores são 17,4% maiores em comparação com o mesmo período do ano anterior. Ainda de acordo com o levantamento da Scot, no curto prazo ainda há espaço para diminuição nos preços no mercado interno.
Em contrapartida, a médio e longo prazo, a redução na área cultivada com o milho na safrinha brasileira e a menor produção do grão nos Estados Unidos, na safra 2014/15, são fatores altistas para os preços.
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