Milho: Mercado recua na CBOT após atingir maior nível dos últimos 8 meses

Publicado em 30/04/2014 13:00

As cotações futuras do milho trabalham do lado negativo da tabela na sessão desta quarta-feira (30) na Bolsa de Chicago (CBOT). O mercado realiza lucros após atingir o melhor patamar dos últimos 8 meses no pregão anterior. Por volta das 12h18 (horário de Brasília), as principais posições do cereal exibiam perdas entre 4,50 e 5,25 pontos. O contrato maio/14 era cotado a US$ 5,11 por bushel.

Nos últimos dias, os preços do cereal foram impulsionados pelas previsões climáticas indicando chuvas e temperaturas mais baixas, durante toda essa semana, para importantes regiões do Corn Belt norte-americano, incluindo os estados de Iowa e Wisconsin. O atraso no plantio do milho nos EUA também contribuiu para alavancar as cotações da commodity.

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou na última segunda-feira, que até o dia 27 de abril a área cultivada com o grão atingiu o patamar de 19%. A expectativa do mercado era que o número ficasse próximo de 30% da área semeada. Na semana anterior, o índice era de 6%, no entanto a média dos últimos cinco anos é de 28%. Até o momento, o Texas é o estado onde a cultivo do milho está mais adiantado, com 64% da área plantada.

O analista de mercado da AgRural, Fernando Muraro, explica que desde o início do plantio, os produtores norte-americanos enfrentaram problemas relacionados ao clima. “Esse ano, o país enfrentou um dos dez invernos mais rigorosos da história, então o frio atrasou o começo da semeadura do grão, especialmente em Iowa, Illinois, Kansas, Nebraska e Minnesota. Nos estados mais ao Norte, as temperaturas noturnas ainda estão baixas, próximas de 5ºC”, afirma.

E as chuvas registradas no início dessa semana também paralisaram os trabalhos nos campos norte-americanos. Segundo o analista, em algumas áreas do Meio-Oeste ficaram alagadas, uma vez que as precipitações ultrapassaram 60 mm, em menos de 24 horas em algumas regiões. 

A situação climática nos EUA tem gerado muitas especulações no mercado internacional, já que a expectativa é que haja uma transferência de área de milho para a soja, caso as condições climáticas sejam desfavoráveis. Cenário confirmado por Muraro, que ressalta que a continuidade das chuvas pode significar uma área maior da oleaginosa no país, porém ainda são especulações do mercado. 

Por outro lado, a procura pelo milho norte-americano segue aquecida e a cada semana o USDA reporta números fortes de exportações dos EUA. Ainda na visão do analista, os fundos de investimentos continuam comprando produtos agrícolas fortemente, principalmente soja e o milho. 

Além disso, os fundos seguem com as posições compradas, no dia 7 de janeiro deste ano, os fundos estavam com 20 milhões de toneladas compradas, já na última sexta-feira, o número era de 66 milhões de toneladas, conforme informações do analista. Em torno de 4 meses, mais de 45 milhões de toneladas foram adquiridas pelos fundos. 

“E quando a participação dos fundos ultrapassa 50% dos contratos abertos, historicamente começam a se desfazer das posições. Atualmente, no milho o número é de 45%, então ainda tem espaço para subir, por conta dessa histórica posição”, explica Muraro. 

Mercado interno

Sem grandes novidades, o mercado interno brasileiro segue com preços estáveis e poucos negócios. De um lado, os produtores rurais estão capitalizados e esperam por melhores preços para negociar a produção. A incerteza em relação a produtividade da safrinha também contribui para a formação desse cenário. Com isso, os compradores acabam adquirindo o produto da mão pra boca e não pagam valores mais altos pelo cereal.

Para o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, o aumento na demanda por parte do setor de rações deve impactar positivamente os preços do grão. “E mesmo a safra de verão sendo menor do que o ano passado deverá atender a demanda nacional. Nos próximos 45 dias já teremos a entrada dos primeiros volumes da safrinha no mercado, que mesmo sendo menor também deverá suprir a demanda doméstica”, diz. 

Entretanto, o consultor destaca que as exportações brasileiras devem ganhar ritmo, especialmente nos meses de julho, agosto, setembro e outubro. Período em que os EUA, maior produtor de milho, não terá grandes volumes disponíveis para embarcar. E a expectativa é que o produto do Brasil tenha boa aceitação no mercado internacional.

“Essa situação tende a deixar o mercado interno mais enxuto e talvez no final do ano teremos um aperto no abastecimento, que obrigue o país a comprar milho do Paraguai. Consequentemente, teremos uma valorização do restante do produto que estará nas mãos dos produtores. Tudo indica que o mercado vai melhorar no correr de novembro e dezembro, até o final do ano, quando as indústrias do país terão que comprar o produto para atender a demanda de fechamento de ano e início de janeiro”, ressalta Brandalizze. 

Na BMF&Bovespa, os contratos futuros do milho refletem esse ritmo mais lento no mercado brasileiro e operam com leves quedas nesta quarta-feira. As cotações futuras do cereal operam próximas da estabilidade e o vencimento maio/14 é negociado a R$ 29,85. 

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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