Milho: Focado na safra dos EUA, mercado reverte ganhos e opera em queda

Publicado em 23/06/2014 13:07

As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) trabalham em baixa no pregão desta segunda-feira (23). Ao longo das negociações, as principais posições da commodity reverteram os ganhos e voltaram a recuar. Por volta das 11h35 (horário de Brasília), os contratos do cereal registravam perdas entre 4,00 e 3,50 pontos. O vencimento julho/14 era negociado a US$ 4,49 por bushel, mais cedo a posição alcançou ao patamar de US$ 4,57 por bushel.

De acordo com o analista de mercado da Cerrado Corretora, Mársio Antônio Ribeiro, no curto prazo, a tendência é de volatilidade nos preços em Chicago, já que as informações de clima nos EUA deve permanecer influenciando as cotações. “Ainda assim, os preços da commodity devem trabalhar no intervalo de US$ 4,30 e US$ 4,50 por bushel”, explica o analista.

Em Chicago, as cotações perderam importantes patamares de suporte nos últimos 30 dias, pressionadas, principalmente pelo bom desenvolvimento das plantações norte-americanas. Segundo o último boletim de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), cerca de 76% das lavouras estavam em boas ou excelentes condições, melhor índice desde 1994. O órgão deverá reportar novo relatório nesta segunda-feira e, a expectativa dos investidores é que o número se mantenha.

Porém, as especulações das chuvas excessivas em algumas regiões nos Estados Unidos impulsionaram as cotações do cereal desde a última sexta-feira. A agência internacional de notícias Bloomberg, divulgou que algumas áreas do país como Iowa, Minnesota, Dakota do Sul e Nebraska receberam mais de 12 centímetros de chuvas em junho. No noroeste de Iowa, as precipitações mais pesadas, poderiam inclusive inundar alguns campos. 

O cenário poderá comprometer o desenvolvimento das raízes das plantas e afetar o potencial produtivo das lavouras norte-americanas, conforme dados da Bloomberg. E nas próximas semanas, as lavouras irão entrar em fase de polinização, estágio crítico de desenvolvimento das plantas. 

No entanto, a expectativa ainda é de safra recorde nos EUA, de 353,97 milhões de toneladas, conforme projeção do USDA. Do mesmo modo, o departamento estimou a produtividade das lavouras em 174,95 sacas por hectare. Entretanto, com o clima favorável até o momento, os investidores já especulam sobre um possível aumento nessa projeção já nos próximos relatórios. A expectativa é que o país colha cerca de 353,97 milhões de toneladas de milho.

Frente a esse quadro, o analista afirma, que se as projeções se confirmarem, o país terá uma recomposição nos estoques e, consequentemente, preços acomodados em patamares mais baixos. “Com a confirmação das estimativas, o mercado deve se acomodar um pouco e as cotações podem se aproximar de US$ 4,00 por bushel”, ratifica Ribeiro.

Embarques semanais

Os embarques semanais de milho totalizaram 987.936 mil toneladas na semana encerrada no dia 19 de junho. O número está abaixo do reportado na última semana, de 1.151.654 milhão de toneladas. As informações foram divulgadas pelo USDA nesta segunda-feira.

Entretanto, o volume é maior do que registrado no mesmo período do ano passado, de 148.848 mil toneladas. Até o momento, no acumulado do ano safra, com início em 1º de setembro, os embarques somam 36.969.668 milhões toneladas, contra 14.395.232 milhões de toneladas no acumulado no ano safra anterior. 

Importações da China

Ainda nesta segunda-feira, a Administração Geral de Portos e Alfândegas da China informou que em maio, o país importou cerca de 79.264 mil toneladas de milho. O volume representa uma alta de 19% em comparação com o adquirido no mesmo período de 2013. Do total do mês, em torno de 64,5 mil toneladas foram compradas dos norte-americanos, um aumento de 4% sobre maio do ano passado. 

Em 2014, os EUA foram responsáveis pelo abastecimento de 932,6 mil toneladas, uma redução de 38% sobre o mesmo período de 2013. No acumulado nos cinco primeiros meses do ano, os chineses já adquiriram 1,349 milhão de toneladas, um recuo de 10,8% sobre igual período do ano anterior. 

BMF&Bovespa

Os futuros do milho negociados na BMF&Bovespa operam com ligeiros ganhos na sessão desta segunda-feira (23). O vencimento julho/14 era negociado a R$ 25,55 a saca, com valorização de 0,20%. Ainda de acordo com o analista de mercado, os compradores aproveitam para adquirir o produto, uma vez que os preços estão em patamares mais baixos. “A alta é momentânea e a tendência é de queda nas cotações. Os preços devem trabalhar próximos de R$ 24,00”, diz Ribeiro.

A situação é decorrente da queda em Chicago, associada ao recuo no dólar. Além disso, a chegada da segunda safra brasileira no mercado também contribui para o cenário, assim como, as exportações do produto que seguem em ritmo lento. No mercado interno, as cotações também estão em níveis mais baixos em relação aos valores praticados no início do ano.

“De um lado, os produtores seguram as vendas e de outro os compradores adquirem o produto de maneira mais lenta, situação que mantém os preços estáveis no mercado interno. E para manter as cotações nos atuais patamares, precisaremos exportar no mínimo 20 milhões de toneladas, conforme estimativa da Conab. Caso contrário, poderemos ter preços mais baixos e o governo terá que intervir no mercado”, destaca o analista.

Nesta segunda-feira, a saca é negociada a R$ 26,30 em Campinas (SP) CIF, em Campo Mourão (PR), o valor é de R$ 24,00. Em Lucas do Rio Verde (MT), a saca é cotada a R$ 13,50, já em Uberlândia (MG), a saca é negociada a R$ 24,00. 

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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