Milho: Mercado amplia perdas diante da perspectiva de boa safra nos EUA

Publicado em 15/07/2014 13:03

Nesta terça-feira (15), durante as negociações na Bolsa de Chicago (CBOT), as cotações futuras do milho ampliaram as perdas. Por volta das 12h03 (horário de Brasília), as principais posições da commodity registravam quedas entre 8,25 e 9,50 pontos. O contrato setembro/14 era cotado a US$ 3,72 por bushel.

Nas últimas semanas, o mercado tem sido pressionado pelas perspectivas de safra cheia nos Estados Unidos. Segundo estimativas do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), os produtores norte-americanos deverão colher cerca de 352,06 milhões de toneladas de milho na safra 2014/15.

E, até o momento, as condições climáticas têm sido favoráveis ao desenvolvimento da safra. Após as preocupações no início do plantio, o clima tem se mantido próximo do ideal, conforme relatos dos analistas.

Até o dia 13 de julho, em torno de 76% das plantações do cereal apresentavam boas ou excelentes condições. Na semana anterior, o índice estava em 75%. Ainda de acordo com o USDA, cerca de 19% das plantações estão em condições regulares e 5% em  situação ruim ou muito ruim. 

Por enquanto, em torno de 34% das lavouras estão em fase de espigamento, contra 15% em um ano atrás e à frente da média de 33% de cinco anos. De acordo com informações da agência internacional de notícias Bloomberg, a classificação das lavouras é a melhor dos últimos 20 anos, situação que aumenta as expectativas de uma safra cheia no país. 

O clima tem se mostrado favorável ao desenvolvimento da cultura no país. Para essa semana, as previsões climáticas indicam que as temperaturas no Centro-Oeste dos EUA ficarão abaixo do normal e as chuvas devem retornar em algumas áreas. A expectativa é que a umidade favoreça o desenvolvimento do milho e o clima ameno deverá contribuir com a polinização das plantas.

Com isso, a expectativa dos investidores é que os preços do cereal baixem e podem alcançar US$ 3,50 por bushel, caso haja a confirmação de uma safra cheia nos EUA. Na visão do analista de mercado da Safras & Mercado, Paulo Molinari, é preciso novos acontecimentos no mercado para modificar a trajetória dos preços.

“Agora, temos um patamar de preços antigos no fim de um ciclo de baixos estoques, que começou em 2008. Esse fator sustentou os preços do cereal, que alcançaram até US$ 8,50 por bushel, porém, esse ciclo está terminando com o segundo recorde de produção. Precisamos de um grande fato, algum problema na safra americana, no momento da polinização, ou até mesmo chuvas no momento da colheita. A demanda também pode ajudar a fazer com os preços parem de cair em algum patamar. Entretanto, a safra ainda será colhida e teremos um segundo semestre difícil pela frente”, explica Molinari.

Mercado interno

No mercado brasileiro, os preços do cereal permanecem em queda frente à evolução da colheita da segunda safra. E a tendência é que as cotações fiquem mais pressionadas nas próximas duas semanas, com o pico da colheita, conforme destaca o analista da Safras & Mercado. Na BMF&Bovespa, a perspectiva é que o vencimento setembro/14 cotado a R$ 23,23, nesta terça-feira, com desvalorização de 1,02%, possa alcançar o menor patamar do ano passado, de R$ 22,10, acredita Molinari.

“Estamos chegando perto de 20% a 25% da safrinha colhida até o momento na região Centro-Sul. O volume ainda é pequeno para causar maior efeito nos preços praticados no mercado interno. Já nos Portos, as cotações giram em torno de R$ 23,50 a R$ 24,00, com os prêmios altos”, diz o analista.

Segundo projeções de consultorias brasileiras, até o momento, em torno de 35% da safrinha de milho já foi negociada até a primeira quinzena do mês de julho. O índice está abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior, de 60%. E, no momento, parte da estratégia dos produtores rurais é segurar o produto à espera de melhores oportunidades.

Em algumas regiões produtoras do país, as cotações do cereal já são menores do que os preços mínimos fixados pelo Governo. Consequentemente, os representantes do setor solicitam junto às autoridades leilões para ajudar o escoamento da produção brasileira. A preocupação, nesse momento, é que, os produtores que participaram dos leilões em 2013 ainda receberam os prêmios, conforme relatam os representantes das entidades no Mato Grosso.

Já as exportações brasileiras de milho ainda estão lentas. Até a segunda semana de julho, os embarques do cereal totalizaram 102,3 mil toneladas, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. A estimativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) é que o país exporte número próximo de 21 milhões de toneladas. 

Mas, por enquanto, o dólar em patamar um pouco mais baixo, a moeda norte-americana é cotada a R$ 2,22 nesta terça-feira, mas já alcançou o nível de R$ 2,40 no fim de janeiro, ainda dificulta as exportações, conforme destacam os analistas. 

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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