Milho: Mercado reflete números do USDA e registra fortes perdas em Chicago, mas saldo da semana é positivo
Após sete pregões em alta, os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam a sessão desta sexta-feira (10) do lado negativo da tabela. As principais posições da commodity terminaram o dia com perdas entre 10,25 e 11,00 pontos. O vencimento dezembro era cotado a US$ 3,34 por bushel.
Entretanto, apesar das quedas de mais de dois dígitos, o saldo da semana é positivo. Na somatória dos últimos cinco dias, as cotações futuras do milho registraram valorizações entre 0,29% e 0,60%. Mas, nesta sexta-feira, o mercado foi pressionado pelos números do novo boletim de oferta e demanda reportado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
A projeção para a safra norte-americana de milho referente à safra 2014/15 foi revisada para cima, de 365,65 milhões para 367,69 milhões de toneladas. Ainda assim, o número ficou aquém das expectativas dos participantes do mercado que apostavam em uma produção ao redor de 368,95 milhões de toneladas.
Do mesmo modo, a projeção para a produtividade das lavouras de milho nos EUA subiu de 181,72 sacas por hectare para 184,37 sacas por hectare. O mercado indicava em número próximo de 182,75 sacas por hectare. Os estoques dos EUA também foram elevados de 50,85 milhões para 52,86 milhões de toneladas.
E, assim como o mercado apostava o departamento reduziu a área cultivada com o milho nesta temporada. Ao todo, cerca de 36,79 milhões de hectares foram semeados com o cereal, contra 37,07 milhões de hectares indicados no relatório de setembro. A safra brasileira foi mantida em 75 milhões de toneladas, já a da Argentina recuou de 26 milhões para 23 milhões de toneladas.
Paralelo a esse cenário, a demanda pelo produto norte-americano permanece aquecida. Ainda nesta sexta-feira, o USDA reportou a venda de 1.478.280 milhão de toneladas do cereal para o México. Do volume total, cerca de 975.360 mil toneladas deverão ser entregues na safra 2014/15 e o restante, em torno de 502.920 mil toneladas, para a temporada 2015/16.
Ainda nesta quinta-feira, o departamento informou os números das vendas para exportação, que contribuíram para alavancar os preços na sessão anterior. Até o dia 2 de outubro, as vendas somaram 784,8 mil toneladas de milho. O volume ficou acima das expectativas dos participantes do mercado, de 650 mil toneladas e também é superior ao índice da semana anterior, de 638,1 mil toneladas do grão.
Outro fator que também ajudou a impulsionar as cotações do milho no mercado internacional foi o atraso na colheita norte-americana. Frente ao clima desfavorável, os trabalhos nos campos andam em ritmo lento e até o último domingo, apenas 17% da área havia colhida, conforme dados do USDA.
Com isso, o produto demora mais tempo para chegar ao mercado físico norte-americano, o que dá suporte aos preços do milho, segundo informações da analista de mercado da FCStone, Ana Luiza Lodi.
Mercado interno
A semana foi de pouca alteração nos preços praticados no mercado interno. De acordo com o levantamento realizado pelo Notícias Agrícolas, nas principais praças pesquisadas os últimos dias foram de estabilidade nos valores. Em São Gabriel do Oeste (MS), houve valorização de 7,24%, com a saca cotada a 16,30 nesta sexta-feira. Em Jataí (GO), a alta foi menor, de 1,26%, com a saca cotada a R$ 16,83. No Porto de Paranaguá, a saca terminou a semana negociada a R$ 23,40, com ganhos de 0,86%.
Na semana anterior, os preços até esboçaram uma reação mais forte devido à alta no câmbio e também na Bolsa de Chicago. No entanto, a moeda norte-americana acumulou queda de 1,55% durante a semana, após registrar uma valorização de quase 10% nas quatro semanas anteriores, em função das pesquisas eleitorais. A moeda terminou a sexta-feira cotada a R$ 2,42, com ganhos de 1,13%.
E diante das cotações ainda pressionadas, boa parte dos agricultores brasileiros ainda seguram o produto à espera de melhores oportunidades. Do outro lado, os compradores adquirem o produto da mão-pra-boca, de forma lenta. Consequentemente, as exportações somaram 2,7 milhões de toneladas no mês de setembro, uma redução de 22,28% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado. A expectativa é que sejam exportadas ao redor de 21 milhões de toneladas do grão nesta temporada.
Nesta quinta-feira, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou novo boletim de acompanhamento da safra brasileira. Para a safra de verão 2014/15, a companhia destaca que a produção poderá ficar abaixo de 30 milhões de toneladas, em função da redução da área plantada, frente aos preços que permanecem mais baixos e sem expectativas de recuperação no curto prazo. Ao todo, é projetada uma diminuição de até 4,6% na área, em relação ao ano passado.
Para a próxima safra, há uma perspectiva de aumento no consumo interno cerca de 2%, podendo alcançar 55 milhões de toneladas. O índice mais baixo, segundo a companhia, é decorrente do setor de produção animal que ainda não reflete os embargos da Rússia em relação aos Estados Unidos e a Europa.
Já os estoques das safras 2013/14 e 2014/15 deverão permanecer elevados, o que deverá influenciar na formação dos preços no mercado interno. E que também poderá refletir na decisão do produtor rural no plantio do milho safrinha no próximo ano.
Veja como fecharam os preços do milho nesta sexta-feira:
Clique aqui e confira o relatório do USDA completo
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