Milho: Frente às novas previsões de chuvas nos EUA, mercado volta a operar em campo positivo na CBOT

Publicado em 08/07/2015 13:22

Ao longo das negociações na Bolsa de Chicago (CBOT), os futuros do milho reverteram as perdas e voltaram a trabalhar em campo positivo. Por volta das 12h41 (horário de Brasília), as principais posições do cereal exibiam ganhos entre 3,75 e 4,25 pontos. O contrato julho/15 era cotado a US$ 4,20 por bushel, depois de ter iniciado o pregão a US$ 4,11 por bushel.

Segundo informações do noticiário internacional, os investidores voltaram a focar o comportamento do clima no Meio-Oeste dos EUA. Conforme os últimos mapas do NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país -, entre os dias 8 a 15 de julho, alguns estados como Indiana e Ohio poderão acumular chuvas de até 76,2 milímetros. Ambas as regiões estão entre as mais afetadas com as precipitações recentes, no caso do milho.

De acordo com o último boletim de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), em torno de 21% das lavouras de milho em Indiana apresentavam condições ruins ou muito ruins, até o último domingo (5). Em Ohio, o índice era de 15%, em Missouri, cerca de 16% das plantações estavam condições ruins e na Carolina do Norte, o número era de 18%.

Chuvas nos EUA entre os dias 8 a 15 de julho - Fonte: NOAA

Chuvas nos EUA entre os dias 8 a 15 de julho - Fonte: NOAA

Principalmente, nas duas últimas semanas o clima tem sido a principal variável de suporte aos preços do cereal. Isso porque, apesar de concluído o plantio, há muitas especulações em relação às perdas nas lavouras devido aos altos índices acumulados de chuvas e as áreas encharcadas. E, segundo dados da Somar Meteorologia, a segunda quinzena de julho deverá ser mais chuvosa nos EUA, o que poderá manter as condições não tão favoráveis ao pleno desenvolvimento das lavouras. Destacando que o mês de julho é o mais importante para a consolidação da produção do milho norte-americano.

Na visão do analista de mercado da Céleres Consultoria, Anderson Galvão, há duas hipóteses para o mercado. "Caso haja a consolidação do excesso de chuvas nas próximas duas semanas e o impacto sobre o potencial produtivo das plantas nos EUA, voltaremos a ver cotações mais firmes para o milho. Se tivermos uma estiagem e o clima voltar ao ideal, os produtores devem estar preparados, pois podemos voltar a trabalhar abaixo dos US$ 4,00 por bushel", destaca.

Contudo, o analista ainda ressalta que a visão para o mercado de milho nesta temporada é de neutra para altista. "Temos estoques globais ajustados e a demanda internacional é firme. A África do Sul, que é um país importante para o abastecimento do cereal no continente, está tendo que importar o grão devido à quebra na safra do país", afirma Galvão.

Além disso, há a configuração de um El Niño em 2015, o que poderá impactar a produção de cereais, de uma forma geral, em outros países, ainda conforme diz o analista. "Poderemos ter chuvas abaixo do normal na Índia, China e Austrália, o que pode implicar em uma produção menor de cereais, fator que traz sensibilidade e nervosismo ao mercado, no sentido de ajudar a sustentar as cotações", completa.

BM&F Bovespa

As cotações do milho praticadas na BM&F Bovespa operam com forte alta nesta quarta-feira. Por volta das 11h58 (horário de Brasília), os contratos do cereal registravam ganhos entre 3,44% e 3,50%. O setembro/15 era cotado a R$ 28,25 a saca.

Para o consultor de mercado MGS Rural, Marcio Genciano, a alta na bolsa brasileira é decorrente da previsão de chuvas no Brasil. Em muitas localidades, as chuvas constantes paralisaram os trabalhos nos campos e há preocupação em relação ao índice elevado de umidade e grãos ardidos. E, por enquanto, para os próximos dias, as previsões climáticas ainda indicam precipitações. Até o momento, os estados com maior volume acumulado é o Paraná, Santa Catarina e sul de Mato Grosso do Sul.

"Os preços de milho na BM&F sobem forte, previsão de mais chuvas, o que deixa o mercado apreensivo. Com isso, o vencimento setembro/15 pode subir até R$ 28,70 onde temos uma forte resistência", ressalta Genciano.

Mercado interno

A quarta-feira é de estabilidade aos preços do milho no Porto de Paranaguá, a saca do cereal é cotada a R$ 30,00 para entrega agosto/15. Já no mercado interno, os preços ainda são pressionados com a oferta da segunda safra do cereal. As perspectivas são bastante otimistas em relação à safrinha brasileira, podendo ficar acima dos 53 milhões de toneladas.

"Não ficaria surpreso se chegássemos a 55 milhões de toneladas. Claro que estamos na boca da safra e é natural a pressão pela oferta, um frete e armazém mais complicado, porém, com as exportações começando a girar devemos trazer liquidez ao mercado e ajudando a sustentar as cotações e também contribuir para enxugar o mercado", acredita Galvão.

Ainda para o analista, as exportações brasileiras deverão ficar próximas de 23 milhões de toneladas nesta temporada. "O sistema logístico se mostra capaz de levar até 30 milhões de toneladas de milho, caso o mercado internacional seja tomador dessa quantidade. Frente aos problemas com o clima em outros países poderemos ver compras para o suprimento doméstico dos mesmos. É um momento de bastante cautela", sinaliza Galvão.

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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