JBS importa milho pela primeira vez em 2019, diz fonte

Publicado em 18/02/2019 15:34

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Por Ana Mano

SÃO PAULO (Reuters) - A gigante de alimentos JBS fez seu primeiro pedido de carregamento de milho importado neste ano, para ser usado como ração em unidades de processamento de carne no sul de Santa Catarina, disse nesta segunda-feira uma fonte com conhecimento direto da decisão.

A fonte, falando em condição de anonimato por conta de a informação não ser pública, declarou que a empresa recorreu à importação de milho, renovando uma prática que se tornou comum por vários meses a partir de março passado.

A proximidade de Santa Catarina com Paraguai e Argentina dá aos processadores locais de carne um incentivo para buscar milho de fora em vez de comprar dos principais produtores brasileiros, especialmente devido aos valores de frete definidos pelo governo, que muitos no mercado consideram exorbitantes.

A JBS está programada para importar, inicialmente, cerca de 30 mil toneladas de milho da Argentina, disse a fonte, acrescentando que outros carregamentos estão sendo considerados.

No ano passado, a JBS importou o equivalente a cinco embarcações da Argentina contendo carregamentos de 30 mil a 35 mil toneladas de milho cada, informou a fonte.

O movimento sugere que estes processadores de carne, com capacidade para alternar fornecedores, têm melhores chances de proteger as margens operacionais, dada a pouca infraestrutura do Brasil e a insegurança legal decorrente dos preços de frete estabelecidos pelo governo no ano passado, após a greve dos caminhoneiros.

"Outros players estão procurando por alternativas no mercado", disse a fonte. "Mas eles estão mais lentos para tomar decisões."

A JBS não comentou o assunto de imediato.

A rival BRF, maior processadora de frango do Brasil e maior exportadora mundial, também não comentou imediatamente.

A fonte declarou que as empresas, em geral, estão relutantes em assumir riscos quanto ao frete, devido ao Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não ter julgado os processos que contestam a legalidade da decisão do governo quanto ao tabelamento dos fretes.

Em 2018, os caminhoneiros em greve interromperam fornecimentos e exportações em uma paralisação de 10 dias por conta do aumento dos preços do diesel, levando o governo a introduzir os valores mínimos de frete.

Cerca de 167 unidades de produção de carne interromperam operações e ao menos 70 milhões de frangos, de um total de 1 bilhão, foram abatidos durante a greve.

A fonte disse que o fato de os agricultores brasileiros estarem segurando vendas à medida em que esperam por maiores preços do milho é outro fator que leva a JBS a comprar da Argentina.

"Isso, juntamente com fretes mais caros no Brasil, faz da importação do milho atrativa", declarou a fonte.

Exportação de soja do Brasil na 1ª quinzena do mês já supera volume de janeiro

SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de soja do Brasil na primeira quinzena de fevereiro atingiu 2,36 milhões de toneladas, superando o volume registrado em todo o mês de janeiro (2,15 milhões), à medida que a colheita da oleaginosa no Brasil se desenvolve e está adiantada para a época, de acordo com dados da Secretaria de Comercio Exterior (Secex) divulgados nesta segunda-feira.

A expectativa é de que as exportações de soja em fevereiro atinjam cerca de 6 milhões de toneladas em fevereiro, segundo exportadores, um volume que tende a aumentar em março, quando a colheita estiver ainda mais avançada.

Mais de um terço da área de soja do Brasil, maior exportador global da oleaginosa, já havia sido colhida até o final da semana passada, informou nesta segunda-feira a consultoria AgRural.

Os trabalhos seguem à frente do registrado no mesmo período do ano passado, quando 17 por cento da área havia sido colhida, e também estão adiantados ante a média histórica para o período (19 por cento), segundo a AgRural.

A média diária de exportação de soja pelo Brasil até a terceira semana do mês somou 214,7 mil toneladas, ante 159,1 mil toneladas para todo o mês de fevereiro do ano passado.

Já a exportação de milho do Brasil em fevereiro atingiu até o dia 15 de fevereiro cerca de 1,3 milhão de toneladas, bem abaixo das 4,2 milhões de toneladas de janeiro, quando exportadores tinham aproveitado a redução dos embarques de soja --antes de a colheita ganhar ritmo-- para exportar o cereal.

(Por Roberto Samora)

Indústria de ração do Brasil sente impacto de menor crescimento do setor de aves

SÃO PAULO (Reuters) - A indústria de ração animal do Brasil prevê para este ano um crescimento menor do que o projetado inicialmente, já contabilizando o impacto de restrições às exportações de carne de frango do país, como as da Arábia Saudita, anunciadas em janeiro, afirmou um dirigente do Sindirações nesta segunda-feira.

A expectativa, ao final do ano passado, era de que a produção de ração animal e sal mineral crescesse cerca de 3 por cento em 2019, mas a projeção foi revisada para 2,1 por cento, o que ainda seria um novo recorde de 73,7 milhões de toneladas.

Essa revisão se deve principalmente a uma menor produção a ser demandada pela indústria de frango de corte, maior consumidora de ração do país entre todos os setores, que incluem bovinos e suinocultura, entre outros.

Antes, o Sindirações projetava um aumento de 2 por cento na produção para a avicultura de corte, que consome quase metade de toda a ração produzida no país, maior exportador global de carne de frango.

Agora a entidade vê alta de 1,4 por cento, após o segmento que produz ração para frangos ter enfrentado queda de 2 por cento em 2018, ano em que a greve dos caminhoneiros atingiu a indústria fortemente.

"É uma previsão até otimista para 2019, difícil ter mais sucesso do que já estamos projetando", disse o vice-presidente-executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani, em entrevista à Reuters, referindo-se ao volume global de produção.

Além das questões que afetam a avicultura, como a confirmação de tarifas de importação pela China ao frango do Brasil --exceto para 14 empresas que venderem acima de determinado preço--, há incertezas relacionadas a custos de produção.

Assombram o setor maiores despesas com frete após o tabelamento pelo governo. Questões tributárias indefinidas e cambiais também estão no radar, enquanto o novo governo lida para aprovar uma reforma da Previdência, algo considerado fundamental para animar o mercado e atrair investimentos.

"Havendo melhora de renda, evidentemente a pessoa não vai comer ovo todo dia, primeiro vai no frango, depois no suíno e no bovino", disse Zani, lembrando que o consumo de ração para galinhas poedeiras em 2018 aumentou 10 por cento, com o forte consumo de ovos por pessoas que deixaram de comer carne em meio à crise.

Embora a exportação de carnes do Brasil tenha impacto importante da indústria de ração, é o consumo interno a grande alavanca do crescimento do setor.

"Mas ainda não vemos reação da economia. Está todo mundo esperançoso, ainda estamos surfando em cima de um sonho. Oxalá, ele se torne realidade", declarou o dirigente do Sindirações, lembrando que há também notícias boas de fora, como a retomada de compras de carnes pela Rússia, que já foi um dos principais destinos do produto brasileiro.

Ele disse ainda que as previsões do Sindirações já consideravam uma maior demanda externa por carnes do Brasil por conta de maiores vendas aos russos e aos chineses, que estão importando mais carne de porco em meio à disseminação da peste suína africana, que tem reduzido plantéis no país asiático.

 

SAFRA MENOR

Com o milho respondendo por entre 60 e 70 por cento da formulação da ração, enquanto o farelo de soja outros 20 por cento, o custo da produção está intrinsecamente ligado ao tamanho da safra brasileira e aos mercados de commodities, assim como ao câmbio, que interfere no preço das matérias-primas.

Segundo o dirigente do Sindirações, a expectativa era de que o setor estivesse enfrentando menores custos com matérias-primas, considerando os bons estoques de milho, neste início de ano.

"Havia expectativa de outra safra generosa, imaginamos que o milho estaria em outro patamar", disse Zani, comentando que, embora a safra de soja tenha sido quebrada pela seca, a indústria da oleaginosa tem apontado uma estabilidade na produção de farelo.

Enquanto o Brasil espera uma grande produção na segunda safra de milho, em processo de plantio, de olho nos custos a indústria de ração ainda torce para que as discussões sobre a reforma da Previdência se desenvolvam bem no Congresso.

"Dependendo das condições políticas, se as coisas não acontecerem, o câmbio volta a influenciar o custo das matérias-primas e, aí, embora tenhamos grãos suficientes, tem um aumento de custo, aí é um tormento para o produtor", comentou, lembrando dos efeitos negativos do câmbio para o setor em 2018.

Com a indústria de ração trabalha com matérias-primas que também são exportadas, como soja emilho, se o dólar fica mais forte frente ao real, a tendência é um encarecimento de tais produtos agrícolas.

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Fonte:
Reuters

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2 comentários

  • luciano kasper Campo Grande - MS

    Sera que este milho usa frete brasileiro ou de origem,vamos tabelar frete argentino ou paraguaio?

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  • Vladimir zacharias Indaiatuba - SP

    O mercado é implacável.

    Em economia a conta sempre chega.

    Por isso decisões simplistas podem agradar no curto prazo mas dificilmente resolvem definitivamente.

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