China deve aprovar DDG de milho do Brasil em meio à visita de Lula, guerra comercial com EUA
Por Ella Cao e Eduardo Baptista
PEQUIM (Reuters) - O Brasil assinou protocolos com a China nesta terça-feira para permitir a exportação de um subproduto do etanol usado na alimentação animal, desafiando o domínio dos EUA no mercado em meio ao impasse comercial entre China e EUA.
O acordo, descrito em um documento do governo brasileiro ao qual a Reuters teve acesso, ressalta o esforço do Brasil para fortalecer os laços agrícolas com a China, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita o país e a crescente produção doméstica de DDG impulsiona a busca por mercados alternativos.
Os grãos secos de destilaria (DDGs) são altamente valorizados na alimentação animal, especialmente para suínos, bovinos e aves.
Em entrevista à Reuters na segunda-feira, o presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem) disse que Brasil e China trabalham desde 2022 para finalizar um acordo sanitário para a exportação de DDG, acrescentando que as atuais "amplas mudanças geopolíticas" representam um momento favorável para a conclusão do acordo.
"Isso abre uma oportunidade para o Brasil se tornar mais um fornecedor, mais uma opção para a China adquirir produtos de nutrição animal. Para nós, significa restabelecer e fortalecer o relacionamento entre os mercados brasileiro e chinês, que compartilham múltiplos interesses mútuos", acrescentou Guilherme Nolasco.
Em 2024, os EUA foram praticamente o único fornecedor de DDGs para a China, dominando o mercado com 99,6% das importações em volume, avaliadas em US$65,7 milhões, segundo dados da alfândega chinesa.
De acordo com Nolasco, mais de 10 novas usinas estão em construção e devem iniciar a produção de etanol de milho e DDG nos próximos dois a três anos, coincidindo com a abertura do mercado chinês.
Nolasco espera que a produção de DDG no Brasil possa atingir até 5 milhões de toneladas em 2025/26.
Em abril, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, revelou que o Brasil estava se aproximando de um acordo com a China para permitir a exportação de DDG.
Separadamente, ambos os países também assinaram nesta terça-feira protocolos para a exportação de aves e produtos pesqueiros extrativos do Brasil para a China, de acordo com o documento.
(Por Ella Cao e Eduardo Baptista em Pequim)
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