Grandes estoques comprometem produção de milho

Publicado em 01/02/2010 09:55 e atualizado em 01/02/2010 11:35
Os mais de 3 milhões de toneladas do grão armazenados e as incertezas quanto aos preços põem em alerta os produtores rurais

O plantio do milho safrinha, ou milho de segunda safra como prefere chamar a maioria dos produtores, não está sendo prejudicado pelo excesso de chuvas que cai este ano em Mato Grosso. O problema dos agricultores está nas expectativas quanto aos preços futuros, já que há mais de 3 milhões de toneladas do grão estocados nos silos do Estado, 120% a mais do que na safra 2008/2009. Conforme dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), hoje há 935 mil toneladas estocados dos produtores e 2,7 milhões de toneladas de propriedade da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

De acordo com Tiago Mattosinho Corrêa, gestor do Núcleo de Projetos e Meio Ambiente do Imea, a área plantada de milho safrinha este ano aumentou apenas 1,6% em relação ao ano anterior. O diferencial é que houve um aumento de produtividade de um ano para outro, pois segundo as estimativas, a área plantada este ano será de 1,704 milhões de hectares, enquanto que na safra 2007/2008 foi de 1,676 milhão de hectare.

Em relação ao milho estocado na safra 2008/2009, 11% da produção (935 mil toneladas) está nos silos mato-grossenses. O Estado produziu neste ano 8,5 milhões de toneladas. A diferença é que na safra 2007/2008 a produção foi menor: 6,8 milhões de toneladas, tendo ficado estocados 755 mil toneladas, os mesmos 11%. Contudo, por ter ocorrido uma maior produtividade de um ano para o outro, a última safra acumulou 23% a mais no estoque dos produtores. Há ainda o que a Conab tem estocado, adquirido em leilões.

A capacidade total de estocagem de Mato Grosso, segundo o IMEA, é de 25.279.134 toneladas. Em função disso, Mattosinho diz que ainda é cedo para prognósticos de crise no setor, já que ainda não se pode calcular quanto vai ser a produtividade do milho safrinha, tampouco o valor que será comercializado.

O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira, esteve em Brasília na semana passada e disse que um dos assuntos tratados junto ao Ministério da Agricultura foi a questão dos estoques de milho em Mato Grosso pertencentes à Conab. Segundo Glauber, o cenário para o milho é um pouco complicado, pois estima-se que este ano 11 milhões de toneladas de milho no país fique parado.

O presidente da Aprosoja conta que reivindicou junto ao governo federal um prazo maior para os produtores mato-grossenses venderem seu milho, mecanismos de proteção e também que os leilões da Conab sejam organizados de uma forma melhor, beneficiando a todos. "O que estamos buscando são melhores condições para os produtores que plantarem milho este ano em Mato Grosso".

Os analistas do setor fazem o mesmo prognóstico: se não houver intervenção do governo, o ano será difícil para quem plantar milho. O analista de mercado da Câmara Setorial do Milho, Sebastião Gulla, avalia que é preciso haver uma política consistente para o produtor se prevenir futuramente.

Em Mato Grosso, por exemplo, a soja precoce já está sendo colhida e, com armazéns ainda cheios de milho, o sojicultor é obrigado a despachar imediatamente seu produto, perdendo novas oportunidades do mercado. A Conab chegou a negociar com armazéns em São Paulo espaço para o milho do Mato Grosso, mas sem sucesso, até mesmo porque o próprio governo não tem verba suficiente para o transporte. (A Gazeta-MT)

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Aprosoja

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