Argentina: colhidos mais de 25% do milho, mas não aparecem preços

Publicado em 19/03/2010 19:30
As autorizações acumuladas de embarques de milho com um ROE de 365 dias somam 8,96 milhões de toneladas (uma cifra equivalente a quase 90% do saldo exportável de milho 2009/2010)

Já foram colhidos mais de 25% do milho previsto para o ciclo 2009/2010 e ainda seguem sem aparecer preços de milho disponível na zona de Rosario.

A Bolsa de Cereais de Buenos Aires disse hoje que foram colhidos 568.800 hectares com um rendimento médio de 9.500 kg/ha e uma produção de 5,40 milhões de toneladas, sobre um total nacional de 20,2 milhões de toneladas.

No mês de março, os exportadores se retiraram do mercado formal de milho disponível e para evitar o preço do FAS teórico oficial (tal como ocorreu com o trigo no começo da colheita). O último preço do milho publicado pela Câmara Arbitral de Cereais de Rosario foi de 457 pesos/tonelada, correspondente à 1º de março por operações liquidadas em 26 de fevereiro. Desde aí não foram mais publicados os valores de referência.

Nos quatro primeiros dias desta semana, a Oncca autorizou exportações de milho com um ROE 365 de um volume de 1,023 milhões de toneladas ( as principais empresas beneficiadas foram a Oleaginosa Moreno, Toepfer, ADM, Aceiteira General Deheza, Cargill, Dreyfus, Nidera, ACA, Universal Grain Argentina, Curcija e Bunge).

Com estas autorizações acumuladas de milho com um ROE de 365 dias (quer dizer com um prazo de embarque de um ano), já atingiram 8,96 milhões de toneladas (uma cifra equivalente a quase 90% do saldo exportável de milho 2009/2010 que segundo o governo, liberaria neste ciclo).

Os traders no momento seguem ativos no mercado de forwards de milho (inclusive com contratos até agosto de 2010). Embora caiba recordar que as autorizações de embarques de grãos são administradas pelo secretário de Comércio Interior Guillermo Moreno, e não é possível saber quais decisões que ele tomará quando ingressar o grosso da colheita de milho no mercado.

Se nos próximos dias seguir sendo autorizado um grande volume de embarques para cobrir a maior parte do saldo exportável de milho, e em algum momento essas autorizações forem interrompidas, os traders –se tiver sido comprada boa parte da mercadoria comprometida- poderiam retirar-se do mercado até que o governo volte a liberar novos embarques.

Nesse cenário, os produtores que cheguem na colheita descobertos poderiam ver que a única demanda para seu produto seja o “feed a lot” ou o criador de frango local (seria quem praticamente passaria a fixar os preços de compra frente a uma avalanche de mercadoria por parte da oferta).

No mercado se considera elevada a possibilidade do Moreno voltar a propor uma criação do sistema de listas para assegurar a comercialização do milho pertencente a pequenos produtores (um filme já conhecido para os produtores de trigo).

Um dado importante é que a autorização frenética de embarques de milho com um ROE 365 constitui um mecanismo de arrecadação direta fenomenal para o governo nacional, que permite incrementar as entradas de retenções agrícolas naqueles meses com baixos níveis de liquidações de divisas, provenientes das exportações de grãos.

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Fonte: Agronotícias

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