Impacto de leilão de milho virá com incentivo à exportação

Publicado em 20/05/2010 14:02
A exportação de milho pode ser a saída para produtores eliminarem o excedente do grão no País, embora o alto custo da logística possa atrapalhar as comercializações. O leilão de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) de 1 milhão de toneladas de milho, que seria realizado no dia 25, foi adiado para o dia 27.

"A solução é escoar esse excedente para o exterior", afirmou José Ronald Rocha, diretor-geral da Nutrimilho (Maringá) e vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias Moageiras de Milho (Abimilho). De acordo com Rocha, o leilão deve favorecer produtores do sul do Paraná, já que estão mais próximos do Porto de Paranaguá, e desfavorecer outros de regiões mais afastadas do estado. "Para eles [do sul], a diferença de frete para a exportação será menor, o que é bom para a rentabilidade", explicou.

João Carlos Werlang, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), elogiou o certame, mas também questionou a logística. "De fato, o leilão alivia um pouco [o excedente do milho]. Mas, como exportar, se o preço do grão está baixo e o custo da logística no Brasil é muito caro?", disse. De acordo com Werlang, o País inteiro sofre com problemas de armazenagem e, por isso, há produtores que ainda estão com milho estocado do ano passado. O executivo acrescenta que o Brasil poderia pensar em produzir etanol a partir do milho, como nos Estados Unidos: "Se sobra [milho], o governo poderia criar pesquisas".

O leilão será para produtos originários dos Estados de Mato Grosso (600 mil toneladas), Mato Grosso do Sul (80 mil toneladas), Goiás (130 mil toneladas), Minas Gerais (70 mil toneladas) e Paraná (120 mil toneladas). As operações serão feitas por meio do Sistema Eletrônico de Comercialização (SEC) da Companhia. No certame, será disputado um prêmio no valor inicial, entre R$ 2,52 a R$ 6,84 por quilo de produto, de acordo com cada estado.

O vice da Abimilho assegurou que a quantia de R$ 2,56 será para o Paraná. "O valor é baixo, teria que beirar as casas dos R$ 3. Com um prêmio maior, o produtor ganha na rentabilidade final", falou.

Rafael Ribeiro, analista da Scot Consultoria, afirmou que o leilão será para o Mato Grosso (mais de 90% é de safrinha), em função desta safra. Para Ribeiro, seria necessário uma série de outros leilões para o escoamento do milho, uma vez que somente esta licitação não ajuda o mercado.

Segundo Paulo Molinari, especialista da Safras&Mercado, o Mato Grosso teria que reduzir a produção em 30%. "Eles plantaram quase 30% a mais do que deveriam". Molinari disse também que "sem o leilão é o caos, mas, com a licitação, os produtores têm uma alternativa para tirar o excedente de milho neste ano".

A estimativa é que a safra 2009/2010 do Brasil alcance 54 milhões de toneladas, sendo que o Paraná é responsável por 24% do cultivo nacional, com 12 milhões de toneladas. Para este ano, espera-se que o Mato Grosso produza 8 milhões; Minas Gerais, 6 milhões; Rio Grande do Sul, 5,5 milhões; Goiás, 4 milhões e 300 mil; assim como São Paulo.

Neste ano, a virada do estoque do milho alcançou 11 milhões de toneladas, no mesmo nível da temporada 2008/2009 - equivalente a 20% da produção.

Leilão

O leilão será para avicultores, suinocultores e fabricantes de ração e de insumos, indústrias de alimentos e comerciantes. O escoamento do produto adquirido deve contemplar a região Norte de Minas Gerais e os estados de Espírito Santo, Ceará, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Amazonas, Pará, Acre, Roraima e Amapá, além do mercado externo. O arrematante terá a compra limitada a 1.000 toneladas por produtor/CPF.

A diretoria de Operações e Abastecimento da Conab (Dirab) adianta que novos leilões podem ser realizados nas semanas seguintes, o que depende dos resultados obtidos nesta operação e da avaliação conjunta realizada entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Conab e a cadeia produtiva.

Os executivos da Abimilho e Abramilho creem que o leilão deve ser concretizado em 12 etapas, fato que prolongaria o escoamento. "Poderia ser feito em oito [fases], por exemplo", disse.

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Fonte:
DCI

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