Mais milho do Brasil para o mundo árabe

Publicado em 31/05/2010 09:14 e atualizado em 29/02/2020 08:09
Os países árabes do Oriente Médio e Norte da África devem entrar na mira dos exportadores brasileiros de milho. O Departamento de Desenvolvimento de Mercado da Câmara de Comércio Árabe Brasileira identificou o cereal como um dos produtos que pode estimular o aumento das exportações brasileiras para a região.
"Fizemos um estudo que mostra que os países árabes importam mais que a média mundial. A análise dos setores como construção, alimentos e moda mostrou que eles importam 20% a mais que a média mundial. A participação do Brasil ainda fica abaixo de 3%, ou seja, tem muito espaço para crescer", afirmou Rodrigo Solano, gerente de Desenvolvimento de Mercado da Câmara Árabe.

Missões organizadas pela entidade também apontaram o milho como potencial para negócios. "Em ações que a Câmara Árabe organizou esse ano, como a feira Djazagro, do setor agrícola e de alimentos, realizada em abril na Argélia, muitas empresas árabes demonstraram interesse em comprar milho do Brasil", disse. "Além disso, na missão de prospecção e investimento no Kuwait e Emirados Árabes Unidos, (realizada em maio), identificamos grandes organizações cujo interesse é investir na agricultura brasileira para fornecimento", completou.

Em 2009 as exportações de milho para os países árabes cresceram 70%, saltando de US$ 167 milhões para US$ 284 milhões. Nos primeiros quatro meses de 2010, porém, as exportações de milho para a região apresentaram queda de 27% em relação ao mesmo período de 2009, passando de US$ 85 milhões para US$ 62 milhões.

Segundo o engenheiro agrônomo Thomé Guth, analista de mercado de milho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o crescimento registrado no ano passado é decorrente da quebra de safra registrada na Argentina, quando o país vizinho deixou de produzir cerca de 12 milhões de toneladas. "A Argentina ficou sem milho para exportar em 2009 e o Brasil aproveitou essa janela e abriu novos mercados", explicou.

Já a queda de 27% registrada nos quatro primeiros meses do ano, segundo Guth, é creditada ao fato do preço do milho ter caído no começo de 2010. Além disso, segundo Guth, o segundo semestre do ano sempre é melhor para as exportações de milho brasileiro.

"Tradicionalmente, com excessão do ano passado, o primeiro semestre costuma ser mais fraco. A Argentina normalmente vai colhendo e exportando do começo do ano até os meses de maio e junho. Já o plantio e colheita nos Estados Unidos começa apenas no mês de outubro. No restante do ano é questão de exportar excedente", explica o engenheiro agrônomo.

Segundo Guth, até o mês de setembro de 2010 o Brasil tem uma janela boa de exportação. "O forte da exportação começa agora. Eu acredito que tentar entrar mais fortemente nesses mercados será muito bom para o Brasil", disse.

O analista citou o caso do Marrocos, que em 2008 importou apenas 173 mil toneladas de milho brasileiro, em 2009 importou 417 mil toneladas e esse ano já fechou 200 mil toneladas. "A tendência do Marrocos é ser um mercado em expansão para o Brasil", destacou. "É muito interessante para o Brasil buscar esses mercados porque a Europa, por exemplo, tem muitas barreiras tarifárias", afirmou.

Desde 2007 o Brasil vem mantendo uma produção anual acima de 50 milhões de toneladas de milho. Esse ano a previsão da Conab é de que o Brasil irá colher cerca de 54 milhões de toneladas. O consumo interno deve ficar na casa dos 46 milhões de toneladas.

Em relação às exportações, com excessão do ano de 2007, quando as vendas externas do cereal chegaram a quase 11 milhões de toneladas, elas têm ficado em torno dos sete milhões de toneladas. Para a safra desse ano, a estimativa da Conab é de que chegue aos 8,5 milhões. "O Brasil entrou em alguns mercados e agora precisa manter essa relação", destacou.

O técnico destacou ainda o fato de o Brasil ainda ter muitas áreas livres de transgênicos o que pode significar um diferencial para o país. "Só não vai ser um diferencial se o mercado não pagar por isso. Não sei se é o caso do mercado árabe, mas o Japão e os países da Europa têm desejo de comprar produtos não transgênicos", completou.

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Fonte:
Agência de Notícias Brasil-Árabe

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