No CE, falta de milho para alimentar criações preocupa pecuaristas

Publicado em 07/07/2010 07:53
A Conab está trazendo 28 mil toneladas do produto de Minas Gerais e Goiás; o "gargalo", agora, é falta de carretas.
Um ano para ser esquecido pelo setor agropecuário cearense. Problemas com a escassez de chuvas, falta de milho para alimentar as criações e até número insuficiente de carretas para trazer o grão de outros estados brasileiros têm complicado a vida, sobretudo, dos pequenos produtores locais que recorreram ao programa Venda Balcão.

De acordo com José Afonso Cavalcante, gerente de Operações da Superintendência Regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o período chuvoso, considerado abaixo da média, prejudicou a regularidade da distribuição do produto no Ceará. "O Estado produz perto de um milhão de toneladas por ano. Em 2010, não chegamos a 150 mil toneladas. Com isso, houve um acréscimo exorbitante de pedidos na Conab, que continuou com a mesma estrutura para atender até 10 vezes mais pessoas", disse Afonso, reforçando que quem não conseguiu colher, procurou a Conab, enquanto quem produziu, acabou utilizando o milho dentro da própria atividade.

O gerente da entidade exemplificou, ainda, que, em 2008 e 2009, foram vendidas, respectivamente, 10,9 mil e 10,7 mil toneladas. E que, entre janeiro e marços deste ano, a Conab repassou 11 mil toneladas para os criadores. "Praticamente tudo que é vendido em um ano foi disponibilizado nos três primeiros meses de 2010, em virtude da estiagem", relembrou.

Soluções

Conforme Afonso Cavalcante, uma remessa de nove mil toneladas já foi distribuída, e uma outra, agora, de 28.200 toneladas do produto está chegando aos 10 postos da Conab espalhados pelo território cearense. Ele explicou que o milho ainda não chegou a todas as unidades por conta da falta de carretas vindas das regiões produtoras, principalmente, Minas Gerais e Goiás. "As enchentes danificaram uma ferrovia que leva açúcar das usinas. Os caminhões passaram a reforçar essa rota e sobraram poucos para trazer o grão".

Além disso, segundo Afonso, os governos federal e estadual estão contribuindo para que a situação seja amenizada. "Mesmo com toda a dificuldade, o governo federal foi sensível e diminuiu o preço da saca de 60 quilos, de R$ 28 para R$ 22,14. Já o governo estadual isentou o ICMS na venda final", disse.

Dentro dos próximos 15 dias, a Conab estará enviando à sede da entidade, em Brasília, a solicitação de mais 27 mil toneladas. A expectativa do gerente é de que, caso seja resolvida a falta de carretas, o insumo chegue ao Ceará em meados de agosto.

Preocupação continua

Em encontro do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense (Agropacto), na superintendência do Banco do Brasil, realizado ontem, os pecuaristas demonstraram preocupação com a ameaça da escassez do produto para alimentar os animais. "Tentei criar caprinos, foi um desastre. As cabras comeram todos os mandacarus que havia na propriedade. A pecuária necessita de energia, com a falta de milho o rebanho cearense corre o risco de ser exterminado", disse o produtor Décio Pinheiro.

Tags:

Fonte: Diário Cearense

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Mesmo com leves recuos nesta 6ªfeira, milho fecha a semana subindo até 1,9% na B3
StoneX: Clima será fator decisivo para o milho paraguaio
Abramilho se torna Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo
Radar Investimentos: Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu sua estimativa para a produção de milho na Argentina
Preço do milho segue em alta na Bolsa de Chicago nesta sexta-feira (03)