China deve mudar seu perfil para importadora de milho

Publicado em 27/07/2010 07:21 e atualizado em 27/07/2010 08:50
Por Leonardo Sologuren, engenheiro agrônomo, mestre em economia e consultor em agronegócio.
Com o retorno do crescimento aguardado para 2010, o consumo mundial de milho destinado à produção de ração animal voltará a crescer.

Estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) indicam que o montante a ser consumido no ano agrícola 2010/11 (período compreendido pela plantação, colheita e comercialização da safra agrícola) para esse fim será de 492,9 milhões de toneladas.

Isso representa um crescimento de 6,4 milhões de toneladas em relação ao ano agrícola 2009/10.

Já o milho destinado ao consumo de ASI (sigla para alimentos, sementes e industrial) deverá registrar um crescimento de 10 milhões de toneladas no período.

Essa expansão do consumo mundial de milho está resultando na queda da relação estoque/consumo (índice que mede o percentual da demanda que pode ser suprida pelo nível de estoque de passagem). Estima-se que o índice, no ano agrícola 2010/11, será de 17%, ante uma média histórica de 24%.

A queda do índice da relação estoque/consumo é um dos fatores que justificam a permanência dos preços do milho negociados na Bolsa de Chicago acima de sua média histórica.

A destinação de milho para ração animal, aliada ao crescimento da produção de etanol à base do cereal (principalmente nos Estados Unidos), está levando o mundo a um cenário de decréscimo dos estoques.

A preocupação se torna mais acentuada com a mudança de perfil da China, que deverá se transformar em importadora líquida de milho em futuro muito próximo.

Nos últimos dez anos, a demanda doméstica de milho da China registrou um crescimento de 35 milhões de toneladas.

Apesar de a produção ter acompanhado o ritmo de crescimento do consumo, não houve sobra significativa de estoque que pudesse justificar uma política de expansão das exportações.

O primeiro sinal de oferta apertada foi observado no ano safra 2009/10, quando a China teve quebra de produção, obrigando o país a importar 1 milhão de toneladas.

O forte crescimento no consumo de proteína animal projetado para a China obrigará o país a elevar a sua oferta de milho.

Como há restrição para crescimento significativo de área plantada, há apenas duas soluções: ou o milho irá avançar sobre áreas de outras culturas ou a China será obrigada a elevar de forma expressiva suas importações no longo prazo.

Projeções do USDA indicam que a China importará cerca de 4 milhões de toneladas de milho em dez anos, alterando completamente o seu perfil no comércio internacional. Para efeito de memória, o país chegou a exportar 15,2 milhões de toneladas no ano agrícola 2002/03.

Sem dúvida nenhuma, as oportunidades no mercado internacional do milho serão excelentes para os países exportadores.

Se efetivamente o Brasil quiser participar dessa oportunidade, os investimentos em logística serão peças fundamentais para que o país possa abocanhar uma parcela desse mercado que está em pleno crescimento.

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Fonte:
Folha de São Paulo

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