Safrinha do milho virou a grande incógnita em MT

Publicado em 15/03/2011 07:50
Problemas climáticos já fazem produtores ao norte do Estado recalcularem as perdas e crerem em uma área até 40% menor.
O último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado no início do mês, apontou queda de apenas 5,84% na produção mato-grossense de milho, safra 10/11. Pelos números da Conab, a produção vai encolher de 8,11 milhões de toneladas para 7,64 milhões de toneladas, com redução de 7,54% na área plantada, que ficará em 1,84 mil hectares, ante os 1,99 milhão de hectares do ciclo anterior. A queda “real”, contudo, pode ficar bem acima da estimada pelos levantamentos oficiais. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que já projetava queda de até 7% na área plantada, não descarta a possibilidade de um percentual ainda maior, frente às dificuldades climáticas.

De acordo com produtores, agrônomos e representantes de sindicatos rurais do interior do Estado, a produção de milho cairá vertiginosamente este ano devido ao atraso no plantio da soja, ocasionado pela estiagem prolongada entre agosto e outubro do ano passado que retardou o plantio da oleaginosa e concentrou a semeadura em uma mesma época e consequentemente, para mesmo período de colheita.

O ex-presidente do Sindicato Rural de Tapurah (433 quilômetros ao norte de Cuiabá) e produtor, Marusan Ferreira Barbosa, diz que no médio norte mato-grossense, “perdas gerais” podem chegar a até 40% da área plantada. “O clima nesta safra não ajudou. Tivemos seca prolongada no começo da primavera (ano passado), época de início do plantio de soja, com a ocorrência do fenômeno La Niña”, lembra Marusan. Na região, o plantio de soja ocorreu com até 30 dias de atraso e, a conseqüência disso, foi o atraso também no plantio do milho, que deveria ocorrer em janeiro e ainda em março não terminou. A maioria dos produtores plantou com a janela fechada e também pode ter perda nesta safra.

Marusan Ferreira diz que a área plantada de milho em Tapurah não deve passar de 28 mil hectares, redução de 37,78% em relação ao ciclo 09/10, quando a área chegou a 45 mil hectares, a maior da década. “Acreditamos que em toda a região médio norte as perdas podem até mesmo ultrapassar a 40%”.

“Tivemos um ano atípico, plantando a soja bem mais tarde e realizando a semeadura do milho com a janela praticamente fechada”, afirma o agrônomo Paulo Cerqueira, que presta assistência técnica a vários produtores nas regiões do médio norte e oeste de Mato Grosso. “O montante das perdas irá variar de região para região, mas o maior volume ficará concentrado no oeste, onde as chuvas estão atrapalhando a colheita da soja e praticamente interrompendo o trabalho de plantio de milho”. “Janela” significa dizer que qualquer cultura plantada dentro de um determinado período terá melhores condições de desenvolvimento em função de calor, luz e umidade. A “janela” do milho safrinha em Mato Grosso se fechou no final de fevereiro.

SOJA - Ele informou que a colheita segue normal na região, após o susto das últimas chuvas. “Desde quinta-feira estamos colhendo normalmente nas regiões de Tapurah, Ipiranga do Norte e Lucas do Rio Verde. Não tivemos problemas e entre 60% e 65% de toda a área plantada de soja já estão colhidos”. Só no município de Tapurah foram plantados este ano cerca de 80 mil hectares de soja, com produtividade acima da histórica, chegando a até 58 sacas. A média histórica na região é de 53 sacas/hectare.

PLANEJAMENTO - A previsão do fenômeno La Niña este ano fez grandes grupos reverem o planejamento do plantio de milho. Cleto Weber, da fazenda “Encantada”, na região de Sapezal (460 quilômetros ao noroeste de Cuiabá), praticamente substituiu o milho pelo algodão na safrinha. “Os preços favorecem o algodão”, conta Cleto, revelando que a área plantada da pluma é de 10 mil hectares. Em sua fazenda, 50% da área com de soja estão colhidos.

O produtor Orcival Guimarães, sócio da empresa “Boa Esperança Agropecuária”, com lavouras em várias regiões do Estado, também migrou parte da área de milho para a pluma. Nesta safra, a empresa com investimentos em Lucas do Rio Verde, Tapurah, Ipiranga do Norte e Sorriso, plantou apenas 1,28 mil hectares de milho. Já a área reservada ao plantio do algodão atingiu 19,50 mil hectares. “As condições climáticas desfavoráveis ao plantio do milho, aliadas à valorização dos preços do algodão, fez com que a agropecuária refizesse seus planos”, conta Orcival Guimarães.

IMEA – “Segunda semana de março e as plantadeiras de milho ainda tiveram muita atividade pelo interior de Mato Grosso, principalmente sob o solo úmido da região oeste. Restam apenas 156 mil hectares - conforme a estimativa - aos quais incorrem elevados riscos que se ampliam dia-a-dia. Assim, a semeadura de milho no Estado parece chegar ao fim e o pouco que falta deixa dúvida se toda área intencionada será plantada”, diz trecho do Boletim do Imea.

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Diário de Cuiabá

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