Na euforia, venda de milho 11/12 tem ritmo de soja em MT

Publicado em 08/09/2011 08:54
O milho está entre os destaques da nova safra de grãos do Brasil (2011/12), e o que tem ocorrido em Mato Grosso exemplifica bem a euforia dos agricultores com o cereal.

Com exportações em patamares elevados, um consumo interno crescente e preços altos globalmente devido à quebra de safra dos EUA, a comercialização antecipada do milho da próxima colheita de Mato Grosso está mais adiantada do que nunca, seguindo no ritmo da soja.

"A comercialização avançou. O pessoal tem até brincado que, do jeito que está, vai comercializar antes o milho do que a soja", afirmou Otávio Celidonio, superintendente do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária).

O Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, planta o milho imediatamente após a colheita da oleaginosa, cultura que tradicionamente tem expressivas vendas futuras antes mesmo do plantio, que começa a partir de meados deste mês dependendo da chegada das chuvas.

No caso do milho, plantado somente daqui a quatro ou cinco meses, os produtores mato-grossenses têm procurado vender alguma parte de sua produção antecipadamente nos últimos anos, mas eles nunca chegaram a comercializar, em setembro, volumes em patamares próximos dos atuais 30 por cento da produção esperada.

O Imea, ligado aos produtores, só deve divulgar uma primeira estimativa para a comercialização de milho na penúltima semana do mês. Mas seu superintendente deu uma indicação: "Está bem próximo da soja (33 por cento), beirando um terço da produção".

Celidônio acrescentou que os bons preços são a razão principal do avanço das vendas.

O milho é cotado em Sorriso, o principal município produtor do Estado, a 18 reais por saca, exatamente o dobro do verificado nesta época no ano passado, de acordo com a consultoria independente Informa Economics FNP.

A valorização do milho, num momento em que os Estados Unidos, maiores produtores e exportadores globais, avistam uma quebra de safra em 2011, tem relação com as exportações brasileiras, além do mercado interno aquecido.

O Mato Grosso exportou este ano cerca de 70 por cento do total vendido pelo país.

"Acontecem duas coisas: o Brasil não teve uma safra tão cheia quanto se pensou (em 10/11)... teve geada no Paraná... E para o próximo ano as perpectivas são excelentes, não só pelo problema interno (de oferta) brasileiro, mas também por questões internacionais. O americano está com problema", afirmou o presidente da Abramilho (associação dos produtores de milho), o ex-ministro da Agricultura Alysson Paulinelli.

O Mato Grosso, o maior produtor de milho segunda safra do país, terminou a colheita 10/11 em meados de agosto produzindo 7 milhões de toneladas, apesar de uma seca que afetou a produtividade das lavouras plantadas mais tarde.

Na nova temporada, o Imea prevê um salto na produção para 8,9 milhões de toneladas, com a área 15 por cento maior, para 2 milhões de hectares.

Um representante de uma multinacional que atua em Primavera do Leste (MT), situada numa região em que o plantio supera 500 mil hectares, disse que as vendas antecipadas de milho já superaram 20 por cento da safra esperada, contra um terço das vendas antecipadas de soja.

"Estou vendo uma euforia danada... parece que o negócio mal começou e o produtor já foi pedindo um monte... O que posso garantir é que produtores querem plantar cedo (a soja), no pó, para fazer o máximo possível de safrinha", disse o trader, que pediu anonimato.

Consultorias independentes acreditam que o Brasil produzirá um volume recorde do cereal na nova safra, que pode chegar a 60 milhões de toneladas, contra pouco mais de 56 milhões da temporada anterior. 

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Fonte:
Reuters

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