Valor do BB cai 6,17% com incentivos às montadoras. Ibovespa vai junto

Publicado em 19/08/2015 18:15 e atualizado em 20/08/2015 05:32
na Reuters

SÃO PAULO (Reuters) - O pessimismo prevaleceu na bolsa paulista nesta quarta-feira, com o Ibovespa recuando para a mínima em 17 meses, em meio ao persistente risco de fim do mecanismo de juros sobre capital próprio e com anúncio de estímulos ao setor automotivo reavivando temores de ingerência do governo em bancos públicos.

O Ibovespa fechou em queda de 1,82 por cento, a 46.588 pontos, menor nível desde 19 de março de 2014. O giro financeiro totalizou 6,2 bilhões de reais.

No pior momento do dia, o principal índice da Bovespa chegou a cair 3,1 por cento, a 45.977 pontos, mas atenuou as perdas no meio da tarde, após a divulgação da ata da última reunião de política monetária do banco central norte-americano, que reduziu expectativas de alta dos juros nos Estados Unidos em setembro.

Em dólar, o Ibovespa atingiu a mínima de 13.198 pontos na sessão, cerca de apenas 5 por cento acima da mínima registrada em novembro de 2008 (12.554 pontos), no auge da maior crise financeira mundial desde a Grande Depressão no início do século passado.

O ex-diretor do Banco Central Mario Mesquita, que comanda a área de economia do banco Brasil Plural, disse em nota a clientes que a ata do Fed foi a única boa notícia ao mercado local. "Apesar dos esforços do governo (brasileiro), os ativos estão sentindo os efeitos do crescente risco político e de política econômica."

O Credit Suisse disse que o Ibovespa segue negociado com múltiplo acima de sua média histórica, logo, não está exatamente barato. "O Ibovepa derreteu em dólar mas os resultados das empresas também...A queda dos 57 mil para 47 mil pontos ajuda, mas é preciso cair mais para comprar considerando apenas preço", conforme nota a clientes.

DESTAQUES:

=BANCO DO BRASIL caiu 6,17 por cento, com incertezas sobre a manutenção do benefício fiscal via juros sobre capital próprio (JCP) somando-se ao anúncio de programa da instituição para o setor automotivo, que reavivou temores sobre o uso de bancos públicos para estimular a economia. Na véspera, a Caixa Econômica Federal havia anunciado medidas de apoio à indústria automotiva e de autopeças. Para o Credit Suisse, a natureza do programa incorpora interferência do governo e, portanto, pode aumentar a percepção de risco de governança corporativa. Na visão de um gestor ouvido pela Reuters, as medidas de incentivo sugerem também que o governo está se perdendo em todo o esforço fiscal que vinha defendendo.

=ITAÚ UNIBANCO e BRADESCO recuaram 2,05 e 2,72 por cento, respectivamente, também repercutindo as incertezas sobre JCP, com o setor bancário entre os mais prejudicados por um eventual fim desse benefício fiscal. "Apesar do preço atrativo, é difícil ficar otimista (com o setor)", disse o BTG Pactual, destacando em nota a clientes que o fim do JCP não está fora da mesa e os bancos públicos estão agindo no contraciclo "de novo". A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse na terça-feira que vai apresentar projeto para remoção do benefício depois de ter retirado a proposta de relatório sobre a medida provisória que trata da CSLL de instituições financeiras. SANTANDER BRASIL caiu 1,91 por cento.

=AMBEV recuou 3,09 por cento e exerceu uma das maiores pressões de baixa no Ibovespa, já que a fabricante de bebidas seria uma das mais afetadas pela eliminação do JPC.

=MRV ENGENHARIA fechou em queda de 0,74 por cento, depois de recuar quase 4 por cento no pior momento do dia, após a Câmara dos Deputados aprovar na terça-feira à noite o projeto que altera as regras da remuneração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), importante financiador do setor de habitação. De acordo com analistas, empresas focadas na baixa renda e com exposição ao programa Minha Casa Minha Vida tendem a ser mais afetadas pela alteração.

=PETROBRAS fechou com queda de 2,33 por cento nas preferenciais, acompanhando o forte declínio do petróleo, mesmo após divulgar que sua produção de petróleo no Brasil em julho atingiu média de 2,142 milhões de barris/dia, alta de 2,6 por cento ante junho e de 4,5 por cento ante o mesmo mês do ano passado.

=VALE terminou com as preferenciais em queda de 2,67 por cento, na esteira da queda dos preços do minério de ferro na China, com o contrato futuro da commodity mais negociados na bolsa de Dalian fechando em baixa de 1,6 por cento.

=CEMIG perdeu 4,62 por cento, guiando as perdas do setor elétrico na bolsa, em meio à análise da Medida Provisória 688 que trata da compensação das hidrelétricas por perdas decorrentes do déficit de geração e também altera a forma de dividir esse risco a partir do próximo ano. O UBS avalia que cada caso será negociado individualmente, com impactos ainda não claros na rentabilidade de curto prazo do setor ou de cada companhia.

=MARCOPOLO subiu 1,49 por cento, uma vez que a fabricante de carrocerias de ônibus tende a se beneficiar das medidas do governo para o setor automotivo. Para o Credit Suisse, o pacote anunciado nesta quarta-feira de apoio do Banco do Brasil ao segmento deve dar um alívio para a saúde financeira das empresas do setor, mas deve ter impacto limitado na demanda, pois não há estímulo nas vendas de veículo.

=FIBRIA fechou em alta de 2,08 por cento, revertendo perdas da manhã, após a maior produtora de celulose de eucalipto do mundo anunciar aumento de 20 dólares no preço da tonelada do insumo, o quarto neste ano, com validade a partir de 1º de setembro. Para a equipe de analistas do Itaú BBA, "apesar do aumento ser relativamente pequeno, sinaliza que os fundamentos da demanda por fibra curta continuam fortes no curto prazo". SUZANO PAPEL E CELULOSE também reagiu à notícia e fechou em alta de 3,72 por cento.

 

Vendas e lançamentos de imóveis no Brasil recuam 17% no 2o tri, diz Abrainc-Fipe

RIO DE JANEIRO (Reuters) - As vendas e lançamentos de imóveis no Brasil recuaram no segundo trimestre na comparação anual, em um ambiente econômico que atinge diretamente o setor, de acordo com indicadores divulgados nesta quarta-feira pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e a Fipe.

Os lançamentos de imóveis no Brasil somaram 14,6 mil unidades no segundo trimestre, queda de 16 por cento na comparação anual, mas alta de 20 por cento em relação ao primeiro trimestre.

Já as vendas no segundo trimestre caíram 17 por cento na comparação anual, para 25.692 unidades. Como as vendas foram 76 por cento maiores do que os lançamentos, isso significa que houve venda de estoques.

No final de junho, o estoque de imóveis atingiu 99 mil unidades, contra 101,9 mil no mesmo período de 2014. Considerando a Venda Sobre Oferta (VSO) trimestral atual, esse volume se esgotaria em 13,2 meses.

O desempenho de vendas e lançamentos de imóveis nos próximos trimestres depende dos rumos da economia, que ainda são muito incertos, afirmou a Abrainc.

"A gente não está fazendo previsões, até porque é um momento muito difícil. A gente está passando por um cenário de crise de confiança na economia e nosso mercado é muito suscetível a isso", disse o diretor de comunicação da Abrainc, Luiz Fernando Moura.

No semestre, os lançamentos caíram 20 por cento e as vendas recuaram 14 por cento sobre 2014.

O estudo mostra que foram entregues as chaves de 31,6 mil unidades entre abril e junho deste ano, aumento anual de 5 por cento.

Bancos públicos ampliam crédito e ação do BB cai 6% por temor de ingerência política

 

SÃO PAULO, 19 Ago (Reuters) - O Banco do Brasil seguiu a Caixa Econômica Federal e revelou nesta quarta-feira uma ofensiva no crédito para indústrias afetadas pela crise econômica, assustando investidores que temem ingerência política sobre o setor financeiro, numa espécie de reprise do que aconteceu no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.

Tanto o BB quanto a Caixa anunciaram inicialmente medidas de apoio específicas a empresas do setor automotivo, importante empregador no país. Mas ambos informaram que outras áreas poderão ser contempladas.

O BB foi além, ampliando em 15 bilhões de reais o chamado "limite sistêmico". Na prática, isso poderá ampliar a concentração da carteira de crédito do maior banco do país e, portanto, a exposição da instituição a determinados setores e grupos econômicos.

Apesar de executivos do BB afirmarem que as medidas no crédito terão efeito neutro sobre os níveis de inadimplência, as ações do banco, listado na Bovespa diferentemente da Caixa, fecharam em baixa superior a 6 por cento na bolsa paulista.

"A queda das ações é explicada principalmente pela natureza do programa, que embute interferência do governo e, por isso, pode aumentar a percepção de risco à governança corporativa", escreveu o Credit Suisse em nota a clientes.

Os últimos anos do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lulca da Silva e o primeiro mandato de Dilma foram marcados por sucessivas injeções de capital nos bancos públicos, para garantir a oferta de crédito na economia após crise financeira e econômica global de 2008 e 2009.

A estratégia resultou em forte elevação da dívida bruta do Brasil e a equipe econômica do atual governo de Dilma, liderada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, assegurou que a política de usar os bancos públicos tinha terminado.

Nesta manhã, Levy disse que as novas linhas de crédito abertas por BB e Caixa ao setor automotivo têm perfil comercial e não vão afetar o ajuste das contas públicas em curso.

"Não compromete o ajuste (fiscal), é uma operação de mercado que, na verdade, pressupõe compromisso das montadoras... Você está levando em conta a força e a qualidade de crédito dessas companhias", afirmou Levy, após participar de evento no Rio de Janeiro.

Na terça-feira, a Caixa divulgou linhas de crédito para capital de giro e investimento para a indústria automotiva, com desconto em juros para empresas que se comprometerem a não demitir funcionários durante a crise atravessada pelo setor.

No caso do BB, o pacote anunciado prevê liberação de até 3,1 bilhões de reais para fornecedores do setor automotivo até o fim deste ano na forma de crédito para antecipação de recursos. Considerando o apoio que o banco poderá conceder a outros setores, os desembolsos serão da ordem de 9 bilhões de reais.

Perguntado em entrevista coletiva se o governo federal estaria usando os bancos públicos para criar uma agenda positiva e melhorar a confiança na economia, o presidente do BB, Alexandre Abreu, repassou a questão para o presidente da associação de montadoras Anfavea, Luiz Moan, que também esteve na véspera no anúncio da Caixa em Brasília.

"O nosso ponto é a preservação do ajuste macroeconômico que consideramos necessário para o país... A cadeia automotiva tem 5 milhões de empregos diretos, incluindo o pós-vendas. Este convênio com o BB está aberto a outras cadeias produtivas, são ações pró-Brasil", afirmou Moan.

As medidas foram anunciadas em um momento em que algumas montadoras como General Motors, Volkswagen e Mercedes-Benz afirmam terem excedente de milhares de trabalhadores, tendo iniciado demissões após meses recorrendo a férias coletivas e suspensão de contratos de trabalho para ajustar o nível de produção.

As vendas de veículos no país de janeiro a julho caíram cerca de 21 por cento contra um ano antes, enquanto a produção recuou 18 por cento no período.

O Brasil caminha para ter o pior desempenho econômico em 25 anos, com contração do Produto Interno Bruto (PIB) de 2 por cento, segundo a mais recente pesquisa Focus do Banco Central.

DEMANDA LIMITADA

Para o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Butori, as medidas de apoio do BB aos fornecedores do setor automotivo ajudam, "mas não resolvem muito", além de terem vindo "tardiamente".

"Não acredito que isso vai manter o emprego. O que dá emprego é pedido das montadoras, que estão com vetor para baixo", afirmou Butori.

Na avaliação de analistas do Credit Suisse, o pacote dá um "alívio para a saúde financeira das empresas, mas deve ter impacto limitado na demanda, pois não há estímulo para as vendas de veículos".

O presidente do BB evitou falar sobre iniciativas para estimular o crédito para compra de automóveis pelos consumidores. Ele afirmou que o banco está estudando medidas nessa frente, mas não deu detalhes.

Dólar sobe 0,63% sobre o real, com Fed e cena política brasileira

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta sobre o real nesta quarta-feira, interrompendo três sessões seguidas de queda, após o Federal Reserve, banco central norte-americano, indicar que o mercado de trabalho o deixou mais perto de elevar os juros, mas salientando que a inflação e a economia global fracas pesavam ainda.

O cenário político conturbado no Brasil ainda continuou pesando, com os investidores adotando cautela.

A moeda norte-americana <BRBY> avançou 0,63 por cento, a 3,4877 reais na venda, após bater 3,5159 reais na máxima da sessão, com alta de mais de 1 por cento.

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Fonte:
Reuters

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