Forças Policiais seguem desocupando terras na gleba Suiá Missú

Publicado em 13/12/2012 15:24 e atualizado em 13/12/2012 16:28
A primeira ordem de despejo foi concluída na gleba Suiá Missú, área entre os municípios de São Felix do Araguaia e Alto Boa Vista, no nordeste do Mato Grosso, segundo informações da imprensa local. Edilson Barbosa de Souza, 46, foi despejado com sua família e está, temporariamente, alojada em uma barraca na BR-080. Souza, que possuía apenas um hectare de terra, foi efetivamente retirado de sua propriedade em consequência das ordens de despejo nacionais que estão sendo colocadas em prática pela Polícia Federal, Polícia Federal Rodoviária e a Força Nacional. 

O clima de tensão permanece na área do Posto da Mata. As estradas de toda a vizinhança seguem bloqueadas e as polícias Federal e Federal Rodoviária mais a Força Nacional continuam mobilizadas, prontas para o cumprimento de novas ordens de desapropriação. 

Entretanto, a população local continua afirmando que tem todos os documentos necessários que comprovam a legalidade das terras e que não estão ali como invasores. "Nós temos certidões negativas da Funai, mapas carimbados pela Funai, escrituras, tudo", diz Roberto Soares da Silva, comerciante de Posto da Mata. 

Nesta quinta-feira (13), a ação de desapropriação das terras entra em seu terceiro dia e, de acordo com informações da Funai (Fundação Nacional do Índio), cerca de oito fazendas já foram desocupadas. Ainda de acordo a instituição, essas ações teriam ocorrido sem a ocorrência de confrontos. 

A expectativa agora é de que a primeira etapa dos trabalhos - em que o foco principal são as grandes propriedades -  seja concluída até este sábado, dia 15 de dezembro. Já na segunda fase, a Força Nacional e a Polícia Federal deverão se concentrar em fazendas de pequeno e médio porte. Os locais onde serão feitas essas novas ações não estão sendo divulgados com antecedência. 

Diante do risco iminente de novos conflitos, em Posto da Mata as aulas estão suspensas e o comércio está fechado há mais de duas semanas. Além disso, as estradas BR158 e BR-242 seguem bloqueadas em vários pontos como forma de protesto e de tentar conter o avanço das forças policiais. 

"Está difícil cantar o hino nacional daqui pra frente. Parece que não tem vontade política para resolver essa questão, e viver em uma ditadura civil como a que estamos vivendo", diz o produtor rural de São Felix do Aragaia, Sebastião Prado. 

O governo do Mato Grosso também já se posicionou sobre o assunto. Segundo Janaína Oliveira, superintendente de Assuntos Indígenas do estado afirma que o que está acontecendo no local nada mais é do que o cumprimento de ordens de uma instância nacional. "A ordem agora é cumprir as ordens (de desocupação). É o andamento necessário de um trâmite judicial. Há muito tempo isso passou de uma questão estadual para nacional", disse. 

De acordo com Janaína, há um plano de desocupação para as famílias de Suiá Missú que estão sendo desalojadas. A superintendente afirma que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) possui um cadastro de todas as famílias residentes na gleba e as mesmas, ao serem retiradas de suas propriedades, serão reassentadas em um outro local. 

"A quem ficar provado que agiu de boa fé com a terra será reassentado, já quem agiu de má fé, não. Isso é definido pela Constituição Federal. Há muita especulação em torno do que está acontecendo por lá", afirma Janaína. A representante de assuntos indígenas disse ainda que as notificações da ação de desocupaçao foram entregues em outubro, passamos novembro, o prazo foi ampliado, eles tiveram tempo". 

Janaína diz ainda que em várias situações em que a desocupação foi concluída não houve confronto das forças policiais com a população local e que as ações tem sido "tranquilas". Segundo ela, os policiais são orientados a agirem com cautela, calma e educação e respeito com os proprietários das terras a serem desocupadas. 

Índios - Em entrevista ao Notícias Agrícolas, membros da população de Posto da Mata afirmam que mais de 180 caciques da etnia Xavante permanecem reunidos na localidade, lutando ao lados dos produtores e moradores do local, reafirmando que não querem a terra em questão. Na última segunda-feira (10), o Cacique Pajé Xavante Zé Luiz deu uma entrevista ao Notícias Agrícolas dizendo que seu povo não tem interesse nessas terras e que o que está sendo pleiteado é uma área no cerrado. 

Por outro lado, a superintendente de Assuntos Indígenas do Mato Grosso afirma que, desde que foi iniciado o conflito, os índios não foram à mídia e estão apenas aguardando a desocupação da gleba para assumirem o local e que ela ainda não tinha essa declaração de desinteresse dos indígenas na área. 
Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibovespa avança em dia cheio de balanços e com RS no radar
Wall St amplia ganhos com esperanças de cortes de juros
Wall Street tem leve alta devido a otimismo com cortes de juros
Ibovespa sobe em dia cheio de balanços
Etanol sobe 1,55% em abril e gasolina também fica 0,51% mais cara, aponta Edenred Ticket Log