Lideranças de MS reforçam pedido de união entre produtores contra ações da Funai

Publicado em 09/04/2013 18:04
“Precisamos falar a mesma língua. O Brasil está sendo invadido e não estamos fazendo nada, nenhuma ação. Falta sair às ruas e nos mobilizarmos através de ações a nível nacional”, propõe Silvanir Rosset, presidente do Sindicato Rural de Guaíra (PR). Para o prefeito de Iguatemi, José Roberto Arcoverde, “o grande desafio é acordar os produtores rurais, o que não vai ser fácil. Falta união para mobilizar o produtor e fazê-lo entender que isso é um problema sério, porque senão ele vai sim perder a terra”, afirma.

Aproximadamente 1.500 pessoas, entre produtores, empresários e lideranças sindicais participaram de duas audiências públicas realizadas em Tacuru e Coronel Sapucaia, na região do cone sul do Estado, no último fim de semana. As ações visam chamar a atenção dos representantes para a necessidade urgente de ações contra a demarcação de terras ilegítimas por parte da Fundação Nacional do Índio – Funai.

Recentemente, a Funai e o Ministério Público publicaram uma portaria criando um grupo técnico para fazer um levantamento que irá determinar o tamanho da suposta terra indígena Dourados-AmambaiPeguá, aumentando para 28 os municípios afetados pela nova demarcação. Caso sejam publicadas as novas portarias, Coronel Sapucaia terá mais da metade de seu território como terra indígena, com 53%. A prefeita da cidade Nilcéia Alves de Souza propõe como solução “pensar em políticas públicas e programas para o índio, pois tudo o que os não-índios têm, ele têm também”. Ela foi apoiada pelo deputado estadual Zé Teixeira, que complementou dizendo: “os índios querem os mesmos direitos dos brancos, sem pagar impostos”.

Já em Tacuru, são reivindicados mais de 70 mil hectares, atualmente ocupados por aproximadamente 300 pequenos produtores, ironicamente assentados pela reforma agrária. O prefeito da cidade, Pedrinho, conta que “das duas aldeias que temos, nunca tivemos um conflito, inclusive eles nem se manifestaram para reclamar áreas que a Funai diz que são deles”.

“Somos contra a baderna que a Funai está fazendo em nosso Estado. Eles entram nas propriedades rurais, fazem as ‘vistorias’ e depois publicam laudos com um monte de mentiras. Não podemos permitir que os produtores sejam tratados como bandidos, produtores estes responsáveis pelo alimento que está em nossa mesa”, enfatizou a deputada estadual Mara Caseiro. Reforçando o discurso da política, o também deputado Lídio Lopes foi direto, “o maior problema são as ONGs e a Funai, que instigam essa briga entre índios e produtores”.

A antropóloga Roseli Ruiz destacou que “todos os relatórios estudados no Estado, inclusive o de Iguatemi, são viciados, não trabalhados na base da ciência e sim da ideologia”. Já Hilário Parisi, presidente do sindicato de Iguatemi foi breve, fazendo um ultimato aos presentes, “se não nos unirmos, o governo irá demarcar todas essas terras, é um compromisso assumido por ele. Não vamos entregar assim, de mão beijada, tudo o que construímos a vida inteira”.

Luana Ruiz, assessora jurídica do sindicato de Tacuru, foi pontual no encerramento de seu discurso: “Não adianta qualquer natureza de ação, quer seja por parte dos deputados, senadores, prefeitos, vereadores, se nós, produtores, não estivermos aqui na base, junto, fortes e unidos. Essa é a nossa arma,a união”.

O medo
As demarcações ilegítimas não afetam somente os proprietários de terra. Edson Weiber é funcionário do mesmo patrão há 28 anos. A fazenda em que trabalha está em área supostamente indígena, e ele vive o drama de não saber se no dia seguinte ainda terá um local de trabalho para sustentar a família. “Se a gente não tiver mais no que trabalhar, com vamos nos manter, pagar educação, comida e saúde. Não é direito as pessoas invadirem um lugar que não é delas”, conta ele.

Participaram das audiências lideranças políticas e sindicais, como os deputados estaduais Zé Teixeira, Mara Caseiro e Lídio Lopes; o suplente do deputado federal Waldemir Moka, Gino Ferreira; os prefeitos de Tacuru, Pedrinho; Léo Matos, de Naviraí; Sérgio Barbosa, de Amambai; Itamar Bilibio, de Laguna Caarapã; José Roberto Arcoverde, de Iguatemi; a prefeita de Coronel Sapucaia, Nilceia Alves de Souza; o prefeito Luiz Lázaro, de Nova Olímpia, no Paraná e o vereador Valberto Paixão, de Guaíra. Os presidentes dos sindicatos rurais de Guaíra, Silvanir Rosset; Hilário Parisi, de Iguatemi; Marcelo Loureiro de Almeida, de Bela Vista; Jean Pierre Paes Martins, de Ponta Porã; Luiseu Bortolocci, de Laguna Carapã; Orlando Vendramini, de Sete Quedas; Italívio Coelho Neto, de Porto Murtinho; Diogo Peixoto, de Amambai; Milton Bigatão, de Itaporã; Valter Dalla Valle, de Vicentina; Roberto Alves Vasconcelos, de Fátima do Sul; Hermínio Pitão, de Dois Irmãos do Buriti; e Maria Neide Casagrande, do sindicato de Tacuru. Representando a Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul – Sistema Famasul estavam Ruy Fachinni, diretor secretário e o assessor jurídico Carlo Daniel Coldibelli.

Confisco Não! - Formado por antropólogos, advogados e produtores rurais, o movimento nasceu para dar força aos produtores de Mato Grosso do Sul e do Brasil em sua luta pelos direitos que lhes são garantidos pela Constituição Federal de 1988, no que concerne à desapropriação indevida e ao não pagamento de indenização de áreas. Através de ações legítimas sempre fundamentadas na legalidade, buscamos soluções pacíficas para resolver a questão dos conflitos indígenas e da demarcação de terras, que acontecem principalmente na região do cone sul do Estado. De maneira nenhuma incitamos quaisquer atos que possam lesar física ou psicologicamente qualquer uma das partes envolvidas, índios ou não índios.
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Fonte:
Confisco Não

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