Dólar sobe 10,4% desde o início do ano. É a maior cotação dos ultimos 4 anos
O dólar voltou a fechar com alta de mais de 1% ante o real nesta sexta-feira, próximo às máximas do dia, apesar das atuações do Banco Central (BC), movimento que tende a continuar no curto prazo, segundo a avaliação de especialistas. A moeda americana ganhou 1,63% nesta sessão, a R$ 2,2317 na venda, após atingir R$ 2,2345 na máxima do dia. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro estava em torno de US$ 3,6 bilhões.
Com isso, em junho, o dólar acumulou alta de 4,17% ante o real. No trimestre encerrado neste mês, o avanço ficou em 10,40%, o maior desde o segundo trimestre de 2012, quando a moeda americano subiu 10,65%. No ano, até junho, a divisa ganhou 8,97%.
"À medida que se aproxima do momento em que o FED começará a reduzir os estímulos, vamos ter uma nova rodada de desvalorização das moedas ante o dólar", afirmou o estrategista-chefe do WestLB, Luciano Rosgtagno.
Os mercados ficaram estressados, sobretudo nas últimas semanas, diante dos sinais de que o Federal Reserve, banco central, pode reduzir seu programa de compra de ativos ainda neste ano, o que diminuiria a liquidez internacional.
Nos últimos dias, integrantes do FED saíram a público para tentar acalmar os mercados, afirmando que talvez o início das reduções dos estímulos não estaria tão perto.
Nesta sessão, porém, o pessimismo nos mercados globais havia voltado a crescer diante das declarações de Jeremy Stein, integrante do FED, que citou setembro como uma possível data para reavaliar o estímulo do banco central.
Contra uma cesta de divisas, a moeda americana avançava 0,32% no final desta tarde.
O BC atuou duas vezes no mercado durante a manhã para tentar conter o fortalecimento da divisa dos Estados Unidos, vendendo total de 80 mil contratos de swap cambial tradicional - equivalentes a venda de dólares no mercado futuro -, mas a moeda norte-americana continuou pressionada pelo mau humor na cena externa.
Durante a tarde, segundo operadores ouvidos pela Reuters, o BC fez ainda uma pesquisa de demanda para um leilão de linha. Procurada, a assessoria de imprensa da autoridade monetária informou que não pode comentar o assunto.
O BC tem atuado com força nas últimas semanas para tentar segurar altas maiores do dólar, que chegou à casa dos R$ 2,25 neste mês, o maior patamar em 4 anos.
"O BC tem atuado na ponta vendedora, mas dificilmente essas medidas vão surtir efeitos. A moeda deve seguir pressionada", afirmou o gerente de análise da XP Investimentos, Caio Sasaki.
Segundo ele, a tendência de fortalecimento do dólar é global devido às incertezas com o FED, mas deve ser ainda mais acentuada no mercado doméstico devido às dúvidas também sobre a condução da política fiscal brasileira.
Nesta sexta-feira, o BC piorou suas projeções sobre as contas públicas neste ano, deixando claro seu desconforto com os rumos incertos da política fiscal ao trabalhar agora com três cenários diferentes para este indicador.
Mais cedo nesta sessão, a disputa pela Ptax também deu força à valorização do dólar e, nem mesmo após a sua formação por volta das 13h, a pressão sobre o câmbio deu trégua. A Ptax é uma taxa média calculada pelo BC e usada com referência na liquidação de diversos contratos de câmbio e derivativos.
Bovespa cai e fecha com o pior semestre desde auge da crise. É o menor valor dos ultimos 40 anos.
A Bovespa fechou o semestre com o pior desempenho semestral desde 2008, e investidores já se preparam para fechar 2013 no vermelho, avaliando que apenas uma reversão de expectativas com a economia doméstica poderá mudar esse cenário. Com a queda de 0,32% na última sessão do mês, a 47.457 pontos, o Ibovespa, principal índice acionário doméstico, fechou junho com desvalorização de 11,3%, o pior desempenho mensal desde maio do ano passado. O giro financeiro da sessão foi de R$ 9,05 bilhões.
Na primeira metade do ano, o Ibovespa teve um recuo de 22,1% - pior desempenho semestral desde a queda de 42% registrada no segundo semestre de 2008, ápice da crise nos Estados Unidos que culminou na quebra do Lehman Brothers.
O consolo, segundo os profissionais de mercado, é que aparentemente há pouco espaço para os preços caírem muito mais, pois já refletem a combinação de piora generalizada dos fundamentos macroeconômicos do País com o pico de aversão global a risco, após os Estados Unidos apontarem para redução dos estímulos monetários.
Para especialistas, os sinais do banco central americano, Federal Reserve, de que pode reduzir nos próximos meses o seu programa de compra de títulos e, consequentemente, reduzir a liquidez do mercado, catalisaram o pessimismo do mercado.
"Isso diminuiu o fluxo para mercados emergentes e isso deve continuar nos próximos meses", disse Walter Mendes, sócio da Cultinvest Asset Management. "O que ainda vamos descobrir é a intensidade com que isso vai acontecer".
Na sua visão, por isso não surpreende o fato de que as ações consideradas de maior risco, como as das empresas do empresário Eike Batista, tenham estado entre as maiores quedas recentes.
Nesta sexta-feira, algumas delas, como a mineradora MMX, a empresa de logística LLX e a petroleira OGX estiveram novamente entre os destaques negativos da sessão, enquanto investidores seguiam ajustando carteiras.
Mas o grande vilão da bolsa, de acordo com profissionais do mercado, é a piora generalizada da economia doméstica, com fraco crescimento do PIB, inflação em alta e fracos dados da balança comercial.
Foi esse quadro que levou a agência de classificação de crédito Standard & Poor's revisar no começo do mês a perspectiva do rating soberano do Brasil de "estável" para "negativa".
"Precisamos de um choque de credibilidade para a bolsa mudar de rumo", disse Álvaro Bandeira, sócio da Órama Investimentos no Rio de Janeiro.
Na semana passada, uma pesquisa da Reuters mostrou que analistas estimam que o Ibovespa vai subir para 57.500 pontos até o final do ano, um ganho de 17% sobre os níveis atuais, mas ainda abaixo do patamar de 60.952 pontos de 2012.
Pé no freio na economia
Nos últimos dias, a economia do Brasil pisou no freio com força. Praticamente todas as decisões de grandes investimentos foram adiadas a espera de um céu menos nublado.
Por Lauro Jardim (de veja.com.br)
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