Produtores rurais se rebelam contra Kátia Abreu por adesão ao governo

Publicado em 12/08/2013 15:15 e atualizado em 12/08/2013 17:22

A adesão de Kátia Abreu ao governo da presidente Dilma Rousseff gerou uma rebelião no Congresso Nacional liderada pelos deputados e senadores da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). De acordo com a Frente, esta adesão vêm prejudicando os avanços das revindicações do setor junto ao Legislativo e ao Executivo.

Para reforçar a rebelião, os parlamentares pretendem montar uma chapa de oposição nas próximas eleições da CNA, em setembro de 2014. Segundo eles, Kátia se envolve pouco nos embates do setor no Congresso, tendo chegado tardiamente no debate sobre o novo Código Florestal e se ausentado das discussões a respeito da PEC 215, que pretende dar o poder de decisão das terras indígenas ao Congresso Nacional.

Outras revindicações, mais simbólicas, são relacionadas com o fato de ela ter empregado o veterinário Juliano Hoffmann irmão da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, como gerente de projetos no Instituto CNA e ter aparecido em uma foto ao lado de Dilma nos calendários da CNA.

Para Valdir Colatto (PMDB-SC), membro da FPA, Kátia Abreu tende a misturar a atividade política com a corporativa. Moreira Mendes (PSD-SC), ex-presidente da FPA, compartilha da opinião, dizendo que ela deveria aproveitar o prestígio que tem com Dilma para se mostrar mais presente. 

Com a tensão, começaram a ocorrer alguns fatos como a apresentação de uma PEC que acaba com a contribuição sindical compulsória, que sustenta o sistema CNA, sugerida por Blairo Maggi (PR-MT) e a aprovação da Comissão de Agricultura de uma Proposta de Fiscalização e Controle que irá investigar o repasse de verba federal ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado de Rondônia e à Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Rondônia, comandada por um aliado de Kátia.

Nenhum dirigente faz críticas diretas à senadora, mas estados como Distrito Federal, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo concentram os focos de maior rejeição. Mato Grosso e Rio Grande do Sul também trazem estes indíces, mas em número menor. No último dia 14 de junho, esta rejeição foi estimulada pela determinação do CNA de realizar a paralisação nacional dos produtores rurais à margem das rodovias, sem interdição, ao contrário do que previa o projeto inicial da FPA.

Alguns membros da FPA, no entanto, observam a interlocução de Kátia com a presidente como um ponto positivo, desde que sejam feitos alguns ajustes. Nos próximos dias, os parlamentares irão fazer tentativas de aproximar as entidades. Outro grupo, mais radical e ativo, defende que o embate está sendo muito focado ao fato de Kátia estar próxima de Dilma ao invés da avaliação de sua atuação na CNA.

Ronaldo Caiado, líder do DEM na Câmara, considera que não é o momento de existir divisões, considerando o enfrentamento como "burrice". Luis Carlos Heinze (PP-RS), compartilha da opinião e diz que as forças devem ser unidas em prol da agricultura.

Com informações do Valor Econômico.

Nota da Sociedade Rural Brasileira

Rural alerta para aparelhamento político do Ministério da Agricultura

Profissionais de caráter técnico e com respeitável trajetória na pasta estão sendo trocados por indivíduos ligados a grupos econômicos específicos

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vem sendo alvo de um processo de aparelhamento político marcado pela substituição de profissionais de caráter técnico e com respeitável trajetória na pasta por indivíduos ligados a grupos econômicos específicos.

Esta manobra, que atinge principalmente o segundo escalão do Mapa, fere a autoridade do Ministério, e retira da pasta a autonomia para selecionar o seu próprio grupo de técnicos.

Apesar de recentemente termos tido ótimos ministros, o desmantelamento da pasta da Agricultura ao longo dos anos é latente. 

A verdade é que o Mapa vem perdendo autonomia, função estratégica, poder político, e recursos, e as recentes trocas acentuam ainda mais esta delicada situação.

Profissionais que estão sendo substituídos foram, por exemplo, responsáveis por conquistas de mercados internacionais para produtos agrícolas brasileiros.

A saída destes profissionais compromete acordos já existentes, e ameaça futuros. Isso porque o aparelhamento político coloca nos cargos pessoas sem bagagem técnica, tirando legitimidade e credibilidade de suas decisões junto a parceiros comerciais. 

O Ministério da Agricultura não pode ficar à mercê de grupos de interesse, devendo servir sim a todo o agronegócio brasileiro, e consequentemente ao País.

Fonte: Notícias Agrícolas + SRB

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