Na Veja: Economia brasileira recua 0,5% no terceiro trimestre

Publicado em 03/12/2013 13:19
Resultado é o pior desde 2009 e veio abaixo das expectativas do mercado. Em relação ao mesmo período de 2012, PIB cresceu 2,2%

A economia brasileira registrou contração de 0,5% no terceiro trimestre deste ano na comparação aos três meses anteriores, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado ficou abaixo do previsto por analistas: expectativas de mais de quarenta economistas consultados pela Reuters e pela Agência Estado apontavam para uma contração média de 0,2%. Este foi o pior desempenho da economia desde o primeiro trimestre de 2009, quando houve retração de 1,6% do PIB brasileiro.

Com o resultado, o crescimento acumulado no ano é de 2,4% em relação ao mesmo período de 2012. O governo e a maior parte dos analistas esperam que o Produto Interno Bruto brasileiro feche o ano em expansão de 2,5%. A soma de todas as riquezas produzidas pela economia do país entre abril e junho deste ano foi de 1,213 trilhão de reais. Desse total, o setor de serviços respondeu por 709,5 bilhões de reais, seguido por indústria (267,8 bilhões) e agropecuária (54,4 bilhões), segundo o IBGE.

Em relação ao mesmo período de 2012, o PIB teve expansão de 2,2% de julho a setembro. No acumulado dos últimos 12 meses até setembro, a expansão foi de 2,3% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores.

O PIB é analisado pelos economistas sob duas óticas distintas: a da oferta, representada pelo setor produtivo (agropecuária, indústria e serviços) e a dos gastos, representada por investimentos, consumo das famílias, gastos do governo e balança comercial (exportações menos importações). 

O impacto negativo no resultado do trimestre passado no que diz respeito à oferta foi o setor de agropecuária - justamente o herói do primeiro trimestre. A atividade do setor recuou 3,5% no terceiro trimestre em relação ao segundo e caiu 1% ante o mesmo período de 2012. Também surpreendentemente, a indústria, que vinha se recuperando em ritmo fraco, este ano, reverteu o papel de vilã do PIB e registrou crescimento de 0,1% na comparação trimestral e 1,9% na anual.

Por fim, o setor de serviços, mesmo sob os efeitos negativos das manifestações (que se estenderam até o início de julho) e com o persistente endividamento das famílias, conseguiu crescer 0,1% de julho a setembro deste ano em relação ao segundo trimestre, e 2,2% quando comparado ao terceiro período do ano passado. Nem mesmo a inflação, que se mantém próxima do teto da meta de 6,5% ao ano e impacta a renda das famílias, prejudicou tanto o comércio.

Mesmo assim, vale destacar que a agropecuária ainda é o setor que mais cresceu neste ano. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o PIB agrícola avançou 8,1%. Em relação ao terceiro trimestre de 2012, o setor cresceu 5,1%. Enquanto isso, a indústria registrou aumento de apenas 1,2% no ano e 0,9% em 12 meses até setembro. Já o setor de serviços, subiu 2,1% de janeiro a setembro e 2,3% em 12 meses.

Sob o outro ponto de vista, o dos gastos, o consumo das famílias surpreendeu ao representar 764,9 bilhões de reais em riquezas ao Brasil no trimestre. Foi registrado crescimento de 1% no terceiro trimestre em relação ao segundo e de 2,3% ante o intervalo de julho a setembro de 2012. No acumulado do ano e em 12 meses, o setor teve alta de 2,4% e 2,8%, respectivamente.

Os gastos do governo somaram 253,4 bilhões de reais ao PIB, uma alta de 1,2% na relação trimestral e de 2,3% na anual. De janeiro a setembro, esses dispêndios subiram 1,8% e, em 12 meses, 2,5%.

Já a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que representa os investimentos, registrou contração de 2,2% no trimestre. Contudo, em relação ao mesmo trimestre do ano passado, houve expansão de 7,3%. No acumulado do ano, ela continua tendo o maior crescimento do PIB, de 6,5%. Em 12 meses, registra alta de 3,7%. Os investimentos somaram uma riqueza de 232 bilhões de reais. 

Ainda segundo o IBGE, as exportações brasileiras diminuíram 1,4% no terceiro trimestre de 2013 em relação ao segundo trimestre, mas subiram 3,1% na comparação com o terceiro trimestre de 2012. No ano, as vendas ao exterior cresceram 1,4% sobre igual período do ano passado. Já as importações contabilizadas no PIB diminuíram 0,1% entre julho e setembro na comparação trimestral, mas subiram 13,7% na anual. Em 2013, as compras do exterior cresceram 9,6% em relação a igual período do ano passado.

A contabilidade das exportações e importações no PIB é diferente da realizada para a elaboração da balança comercial. No PIB, entram bens e serviços, e as variações porcentuais divulgadas dizem respeito ao volume. Já na balança comercial, entram somente bens, e o registro é feito em valores, com grande influência dos preços.

Avanço do Brasil na educação perde fôlego, revela o Pisa
 

O ensino nas escolas públicas brasileiras é, em geral, muito ruim. Ponto. Resta saber se ele está melhorando. O relatório do Pisa, mais importante avaliação da educação internacional, publicado nesta terça-feira mostra que a formação oferecida nas escolas (públicas e privadas) do país vem avançando desde 2000, quando a primeira edição do levantamento foi lançada. Contudo, o movimento ascendente vem perdendo força muito antes de colocar o Brasil ao lado dos melhores ou até mesmo dos medianos. Isso faz com que especialistas sentenciem: para avançar mais, o país terá que promover reformas profundas. "Não cresceremos mais sem isso", diz Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos pela Educação, ONG que atua ao mesmo tempo vigiando e propondo políticas públicas.

Comparadas as notas das avaliações de 2009 e 2012, o Brasil — 58º do novo ranking — caiu em leitura (412 pontos para 410), marcou passo em ciências (405) e registrou melhora em matemática (386 para 391). Praticamente estagnado na faixa dos 400 pontos, o país permanece distante dos líderes do levantamento — a província chinesa de Xangai, por exemplo, com média geral de 588 pontos — e se mantém na vizinhança de nações como Albânia, Tunísia. A pontuação não é decorativa.

Estar na faixa dos 400 pontos significa manter na rede de ensino jovens que, em média, possuem baixíssimo nível de proficiência. Notas em torno dos 600 são sinal de que os estudantes dominam habilidades refinadas fundamentais para lidar com tarefas do dia a dia, incluindo o trabalho. Isso porque o objetivo do Pisa não é descobrir se os alunos memorizaram conteúdos vistos em aula, mas, sim, se conseguem usar conhecimentos aprendidos para solucionar questões semelhantes às vividas fora da escola.

O Brasil só se destaca no Pisa quando se olha para a ascensão medida na prova de matemática. Entre 2000 e 2013, o país registrou a segunda maior evolução em número de pontos entre todas as nações participantes da avaliação; entre 2003 e 2013, foi o primeiro: alta de 35 pontos. Vale ressalvar, contudo, que o ponto de partida nacional era bastante baixo: 334 pontos. De 2009 para 2012, o avanço foi de cinco pontos. No mesmo período, Xangai afrontou a tese que é impossível continuar subindo quando já se está no topo e avançou 13, batendo nos 613 pontos. São 222 pontos a mais do que o Brasil.

A favor do Brasil, o relatório do Pisa e Priscila, do Todos pela Educação, ponderam que a qualidade do ensino avançou, ainda que não na velocidade desejada, ao mesmo tempo em que o sistema de ensino nacional incorporava estudantes e reduzia o atraso deles nos ciclos escolares. Em 2003, a parcela de alunos com 15 anos que não haviam chegado sequer ao sétimo ano era de 35%, taxa que caiu para 22% no ano passado. No mesmo período, a percentagem de jovens daquela idade matriculados passou de 65% para 78%. "Essa população é aquela com nível socioeconômico mais baixo, com pior desempenho escolar. Isso puxa para baixo a média do país nos indicadores", diz Priscila.

A consultora em educação Ilona Becskeházy reconhece o desafio do sistema de ensino brasileiro de incluir jovens e melhorar ao mesmo tempo. Ainda assim, avalia que o avanço tem sido modesto. "É um aumento vegetativo. O acesso à escola foi ampliado, mas a qualidade evoluiu muito pouco", diz. As duas especialistas concordam que o sistema só terá fôlego para crescer mais e mais rápido se promover mudanças profundas.

Para isso, seria preciso, por exemplo, estabelecer um currículo para o ensino básico a ser seguido por todas as escolas, determinando aonde o sistema de ensino pretende chegar, além de preparar professores para abordar aquele currículo. Mais: dedicar atenção especial aos alunos com pior desempenho e ampliar o número de crianças que frequentam a pré-escola. "O desafio é melhorar melhorando os piores. Até agora, colocamos na escola parcelas da população que estavam de fora dela, mas ainda não sabemos como ensinar a elas o que é necessário", diz Priscila. Ilona completa: "Os países que têm feito grandes reformas, como o Chile, elevam o desempenho dos mais fracos e fazem com que as condições socioeconômicas não sejam tão determinantes no resultado dos alunos."

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Fonte:
Veja

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