No Estadão: Campanha de Dilma a reeleição estima gastos de até R$ 290 milhões

Publicado em 04/07/2014 14:55 e atualizado em 07/07/2014 15:03

Quando formalizar o registro da candidatura da presidente Dilma Rousseff, o PT vai informar à Justiça Eleitoral que o teto de gastos do partido na campanha de reeleição será de R$ 290 milhões.

Em 2010, quando Dilma concorreu pela primeira vez, os petistas estimaram gastar R$ 157 milhões, mas a quantia foi revisada para R$ 191 milhões na passagem do primeiro para o segundo turno. Corrigidos pela inflação, os valores atuais são R$ 195 milhões e R$ 237 milhões, respectivamente.

Leia a notícia na íntegra no site do Estadão

em veja: DemocraciaPolítica

Eleições bilionárias: por que se gasta tanto nas campanhas?

Fonte: GLOBO

Os candidatos estimam gastos com a campanha eleitoral perto de R$ 1 bilhão, apenas para o cargo máximo de presidente. A petista Dilma prevê gastar R$ 300 milhões, o tucano Aécio Neves quase o mesmo montante (R$ 290 milhões) e Eduardo Campos R$ 150 milhões. Os gastos dos 11 concorrentes somados podem chegar a R$ 918 milhões. Isso representa um aumento de quase 50% em relação a 2010.

No Rio, a previsão de gastos chega ao triplo de 2010, podendo consumir R$ 180 milhões. Lindberg Farias, do PT, deve gastar R$ 60 milhões, enquanto Pezão, do PMDB, estima gastar R$ 85 milhões. Temos campanhas eleitorais cada vez mais dispendiosas, o que representa uma barreira enorme a inúmeros candidatos em potencial, sem condições de levantar somas tão astronômicas.

Campanhas cada vez mais caras são uma reclamação constante no meio político. Para o senador Jorge Viana (PT-AC), a única saída é fazer uma reforma política e proibir a doação de empresas nas eleições: “Se não fizermos a reforma política e mexermos no financiamento das campanhas, vai ficar cada vez mais caro. Eu apresentei um projeto para excluir o financiamento das empresas. Temos que voltar ao passado e fazer campanhas de baixo custo”.

Já para o presidente do DEM e coordenador da campanha de Aécio, senador José Agripino (RN), quem nivela os gastos da campanha é o candidato governista: “O candidato governista é quem normalmente tem mais capacidade de arrecadação. Os adversários acompanham porque se colocar uma previsão muito baixa, a suplementação é desgastante”.

De fato, chama a atenção o fato de que o PT, o “partido dos pobres” (risos), é o que mais tem verba para gastar nas campanhas. É o partido mais rico, com mais financiamento, inclusive de empresas. Mas creio que ambos erram o alvo aqui: os gastos com as campanhas não são tão absurdos assim quando se pensa no prêmio em jogo.

Steven Levitt, em seu clássico Freakonomics, tenta mostrar com diversos exemplos práticos como as pessoas reagem a incentivos. Seguindo a tradição de Gary Becker, da Escola de Chicago, Levitt mergulha em casos do cotidiano, com uma perspectiva inovadora, para concluir que os seres humanos estão basicamente reagindo aos custos e benefícios em jogo.

O senso comum diz que o dinheiro gasto na campanha define o vencedor, mas Levitt mostra que, normalmente, é o contrário: o dinheiro segue aquele que tem mais chance de vencer. E o motivo é prosaico: há inúmeros benefícios a serem extraídos com o financiamento do vencedor. O prêmio é alto demais em época de hiperpresidencialismo, com muito poder e recursos concentrados no governo central.

Colocando o gasto com as campanhas em perspectiva, Levitt lembra que a quantia de US$ 1 bilhão é a mesma, por exemplo, que os americanos gastam todo ano com chicletes! Olhando por essa lógica, não parece tão absurdo assim gastar esse montante para chegar à Casa Branca, com tudo o que isso representa em termos de poder e recursos.

O governo central brasileiro concentra quase 70% de toda a arrecadação tributária do país, que já é, por sua vez, absurdamente elevada, perto de 40% do PIB. Fora isso, há todo o poder político em jogo, em um modelo que deposita muito peso no papel do Executivo, que chega a governar por decretos muitas vezes. Gastar R$ 1 bilhão para colocar as mãos em um “cartão de crédito” que dá direito a gastar 40% de tudo que é produzido no país parece tão maluco assim?

O prêmio em disputa é alto demais, simples assim. Não adianta falar em financiamento público de campanha, como querem os petistas, o que é apenas cortina de fumaça para o verdadeiro problema. Tampouco adianta proibir financiamento de empresas, o que levará apenas ao financiamento por fora, com uso de caixa dois. O estado é um troféu tentador demais, e os fortes grupos de interesse vão continuar atuando, ainda que nos bastidores e de forma ilegal, para conquistá-lo.

A única saída para mitigar o problema é atacá-lo em sua raiz: reduzir o prêmio. Ou seja, se o estado for menor, com menos poder concentrado, com menos recursos para gastar, então haverá perda natural de interesse para “investir” em sua captura. Descentralizar o poder político e reduzir o escopo do estado são as únicas formas de atacar o mal pela raiz.

O resto é discurso para “inglês ver”, de gente que finge lamentar o custo exorbitante das campanhas, enquanto arrecada justamente a maior fatia dos tradicionais financiadores, como as empreiteiras.

Rodrigo Constantino

 

A Copa é mesmo um grande sucesso?

Fato: boa parte da imprensa aderiu a um pessimismo exacerbado de que a Copa no Brasil seria um fiasco, em termos de organização e infraestrutura. Alguns chegaram a endossar a campanha “não vai ter Copa”, o que nunca foi aceito por este blog (apesar de, após as últimas pesquisas eleitorais, ter sido reforçada a tese de que o “pão & circo” pode render alguns votos extras ao governo sim).

Pois bem: os defensores do governo ficaram em polvorosa com o “sucesso” da Copa. A animação é contagiante, muitos acabaram sucumbindo ao clima dos jogos, colocaram bandeiras nos carros, os estádios funcionam e a infraestrutura não foi um caos, apesar de um viaduto, provavelmente pela pressa das obras, ter despencado e matado duas pessoas, ganhando as manchetes internacionais.

A celebração parece precipitada, porém. O principal alvo das críticas – ao menos de muitos críticos como esse que vos escreve – nunca foi a capacidade de realizar uma Copa animada, ou a “Copa das Copas”, o que já é um slogan marqueteiro ufanista. O alvo prioritário era ocusto disso, as “estranhas prioridades”, como coloquei em um título da coluna na Veja impressa, o uso político que o governo faz do evento, a corrupção.

Sobre isso, nada mudou. Ao contrário: todas as críticas continuam válidas. E para jogar um balde de água fria nos Zés de Abreu da vida, ninguém melhor do que Guilherme Fiuza, que com sua fina ironia descascou todos os ufanistas bobocas em sua coluna de hoje no GLOBO. Seguem alguns trechos:

Os pessimistas e a elite branca deram com os burros n’água: a Copa do Mundo no Brasil é um sucesso. A bola está rolando redondinha, os gramados estão todos verdinhos e o país chegou até aí batendo mais um recorde: gastou com os estádios da Copa mais do que Alemanha e África do Sul juntas. Com brasileiro não há quem possa.

Aos espíritos de porco que ainda têm coragem de reclamar do derrame sem precedentes de dinheiro público promovido pelos faraós brazucas, eis a resposta definitiva e acachapante: a Copa no Brasil tem uma das maiores médias de gols da história. Fim de papo. De que adianta ficar economizando o dinheiro do povo, evitando os superfaturamentos e as negociatas na construção dos estádios, para depois assistir a um monte de zero a zero e outros placares magros? Fartura atrai fartura. Depois da chuva de verbas, a chuva de gols. É a Copa das Copas. Viva Messi, viva Neymar, viva Dilma.

[...]

Além de jegue e jabuticaba, o Padrão Brasil tem feriado. Muito feriado. Quantos o freguês desejar. Pode haver melhor legado que esse para a mobilidade urbana? Se todo mundo andar de jegue e ninguém precisar ir trabalhar, acabaram-se os problemas viários. Poderemos ter Copa todo mês. E os brasileiros não precisarão mais correr riscos com obras perigosas como os viadutos — que, como se sabe, desabam.

A Copa vai acabar dia 13. O que vem depois? A euforia, o clima de alegria, isso passa. A realidade fica. Os estádios superfaturados e desnecessários continuam lá. A infraestrutura não terá melhoria significativa. O legado da Copa, em termos concretos e permanentes, será pífio, quiçá nulo.

A festa está bonita, os jogos têm muitos gols. Mas desde quando isso é o único parâmetro para medir seu sucesso? Quero crer que os brasileiros são mais inteligentes do que isso, que saberão perfeitamente separar as coisas.

De um lado, uma torcida alegre fazendo uma festa contagiante; do outro, um governo incompetente e corrupto, que não soube aproveitar a oportunidade para deixar um legado positivo, e que ainda tenta fazer um uso político abjeto dessa festa toda.

Rodrigo Constantino

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1 comentário

  • João Alves da Fonseca Paracatu - MG

    Fim do voto obrigatório,redução drástica da carga tributária,privatização de todos serviços não estratégicos,com concorrência e fiscalização ativa,pena de prisão perpétua com trabalho obrigatório para corruptos e confisco dos bens roubados,esvaziamento do emprego público,fim da remuneração para vereadores,salários e direitos do judiciário compatíveis com a maioria da população trabalhadora e, por fim e mais importante valorização de quem trabalha e produz...Este discurso utópico e aparentemente não aplicável poria fim a 98% de nossas mazelas,então se é bom,por que não sonhar com ele? Saudações mineiras,uai!

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