Em dia volátil, dólar sobe 0,28% ante real com especulação eleitoral

Publicado em 02/10/2014 17:15 e atualizado em 02/10/2014 17:53

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em leve alta ante o real nesta quinta-feira, após alternar quedas e ganhos durante a sessão, com investidores especulando sobre as duas pesquisas eleitorais que devem ser divulgadas nesta noite e na expectativa do último debate presidencial antes do primeiro turno das eleições.

Preocupações com as crescentes chances de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), cuja política econômica é alvo de críticas nos mercados, impulsionaram a divisa norte-americana para quase 2,50 reais durante a sessão, nível que não é atingido desde o ápice da crise financeira global em 2008.

O dólar fechou em alta de 0,28 por cento, a 2,4918 reais na venda. Na mínima da sessão, atingiu 2,4701 reais. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 2,4 bilhões de dólares.

"Ninguém quer ser o último a saber o que vai sair nas pesquisas. O resultado é que qualquer espirro gera uma reação desproporcional no câmbio", disse o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano.

Levantamentos do Datafolha e do Ibope, atentamente monitorados pelo mercado, devem ser divulgados nesta quinta-feira. Além disso, nesta noite, os candidatos participarão de debate transmitido na TV Globo, último antes do primeiro turno das eleições.

Segundo operadores, circularam nas mesas de câmbio rumores de toda a sorte sobre as pesquisas.

De um lado, conversas de que Dilma teria ampliado a vantagem contra a ex-senadora Marina Silva (PSB) impulsionaram o dólar à máxima da sessão no fim da manhã. Do outro, especulações de que Aécio Neves (PSDB), o candidato preferido dos mercados, poderia disputar o segundo turno com a atual presidente colocaram novamente o dólar para baixo durante a tarde.

O primeiro turno das eleições será disputado neste domingo e, nos últimos levantamentos, Dilma lidera o primeiro turno com ampla vantagem. Para a segunda rodada, a maior parte das pesquisas mostra empate técnico da candidata do PT com Marina, mas a última pesquisa do Datafolha já indica reeleição da atual presidente.

"O mercado ficou nervoso porque percebeu que tem só mais um dia para colocar apostas antes das eleições", disse o operador de uma corretora internacional.

A aproximação do patamar de 2,50 reais manteve vivas as discussões sobre a tolerância do Banco Central brasileiro à alta recente da divisa, que eleva os preços de importados e, por isso, pressiona a inflação. A percepção majoritária é de que a autoridade monetária aguardará a volatilidade eleitoral passar para decidir se entra de forma mais pesada no mercado.

Por enquanto, o BC continuou vendendo a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 1,5 mil contratos para 1º de junho e 2,5 mil para 1º de setembro de 2015, com volume equivalente a 197,1 milhões de dólares.

O BC também vendeu nesta sessão a oferta total de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos de novembro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 9 por cento do lote total, equivalente a 8,84 bilhões de dólares.

Pela manhã, a queda do dólar foi auxiliada ainda pela depreciação da moeda norte-americana em relação a outras moedas emergentes importantes, em um movimento de ajuste após as altas recentes.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Wall St salta com dados de empregos nos EUA reforçando hipótese de cortes nos juros
Dólar cai ao menor valor em quase um mês com dados fracos de emprego nos EUA
Ibovespa fecha em alta com melhora em perspectivas sobre juros nos EUA
Taxas futuras de juros têm nova queda firme no Brasil após dados de emprego nos EUA
Brasil e Japão assinam acordos em agricultura e segurança cibernética