Nova pesquisa Sensus mostra vantagem folgada de Aécio sobre Dilma

Publicado em 17/10/2014 17:22 e atualizado em 20/10/2014 21:13
Pesquisa encomendada pela Revista Isto É (+ análise de Dora Kramer, no Estadão)

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Por Alexandre Caverni

SÃO PAULO (Reuters) - Pesquisa do instituto Sensus divulgada nesta sexta-feira mostrou o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, com grande vantagem sobre a presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição pelo PT.

Segundo o levantamento, divulgado no site da revista Isto É, Aécio tem 56,4 por cento dos votos válidos (que excluem brancos, nulos e indecisos), contra 43,6 por cento de Dilma. Na pesquisa anterior, a vantagem do tucano era um pouco maior: 58,8 a 41,2 por cento.

Pelo eleitorado total, o placar favorável a Aécio é de 49,7 a 38,4 por cento --na semana passada era de 52,4 a 36,7 por cento. Os eleitores que planejam votar em branco ou anular seus votos ou estão indecisos somam 12 por cento, ante 11 por cento no levantamento anterior. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

As pesquisas mais acompanhadas pelos analistas, Datafolha e Ibope, divulgaram na quarta-feira passada levantamentos que mostravam empate técnico, mas com vantagem numérica para Aécio. Pelo eleitorado total, o placar favorável ao tucano era de 45 a 43 por cento; pelos votos válidos era de 51 a 49 por cento. A margem de erro das duas pesquisas é de 2 pontos percentuais.

No levantamento divulgado nesta sexta-feira, o Sensus ouviu 2.000 eleitores em 136 municípios, entre terça-feira e esta sexta-feira.Se fossem considerados os votos totais, Aécio teria 49,7%; Dilma, 38,4%; e 12% dos eleitores ainda se manifestam indecisos ou dispostos a votar em branco. A pesquisa indica que nessa reta final da disputa os dois candidatos já são bastante conhecidos pelos eleitores. O índice de conhecimento de Dilma é de 94,4% e de Aécio, de 93,3%. “Com os candidatos mais conhecidos, a tendência é a de que o voto fique mais consolidado”, afirma Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus. O levantamento, que ouviu 2.000 eleitores de 24 Estados, revela também a liderança de Aécio Neves quando não é apresentado ao eleitor nenhum candidato. Trata-se da chamada resposta espontânea. Nesse quesito, o tucano foi citado por 48,7% dos entrevistados e a petista, que governa o País desde janeiro de 2011, por 37,8%.

Desde 1989, quando o Brasil voltou a eleger diretamente o presidente da República, é a primeira vez que um candidato que terminou o primeiro turno em segundo lugar começa a última etapa da disputa na liderança. A pesquisa Istoé/Sensus divulgada no sábado 11 já apontava esse movimento, quando revelou que Aécio estava com 52,4% das intenções de voto. Na última semana, os levantamentos que são feitos diariamente pelo comando das duas campanhas também mostraram a liderança de Aécio.

É com base nessas consultas que tanto o PT como o PSDB planejam a última semana de campanha. E tudo indica que o tom será cada vez mais quente. No PT há uma divisão. Um grupo sustenta que a campanha deve aumentar o tom dos ataques contra Aécio e outro avalia que a presidenta deva imprimir um ritmo mais propositivo à campanha. O mais provável, no entanto, é que a campanha de Dilma continue a jogar pesado contra o tucano. Segundo Humberto Costa, líder do PT no Senado, o partido vai insistir na tese de que é necessário “desconstruir a candidatura tucana”. “Não basta ficar defendendo nosso governo”, disse o senador na sexta-feira 17. Claro, trata-se de um indicativo de que a campanha de Dilma vai continuar usando a mesma tática. “Se deu certo contra Marina, deverá dar certo contra Aécio”, afirmou Costa.

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No QG dos tucanos, a ordem é não deixar nada sem resposta e continuar mostrando ao eleitor os inúmeros casos de corrupção que marcam as gestões petistas, particularmente os quatro anos do governo de Dilma. “Não podemos nos colocar como vítimas. O que precisamos é mostrar nossas propostas, mas em nenhum momento deixar de nos defender com veemência das armações feitas pelos adversários”, disse um dos coordenadores da campanha de Aécio Neves. “Marina tentou apenas fazer a campanha propositiva e acabou atropelada pela máquina de calúnias do PT.” Nessa última semana de campanha, Aécio vai intensificar a agenda em Minas e no Nordeste, principalmente na Bahia, em Pernambuco e no Ceará. Não está descartada a possibilidade de que os nomes de novos ministros venham a ser divulgados pelo candidato.

Realizada em 136 municípios, a pesquisa ISTOÉ/Sensus também constatou que a campanha petista não conseguiu reduzir o índice de rejeição à candidata Dilma Rousseff. Quase metade do eleitorado, 45,4%, afirma que não admite votar na presidenta de maneira alguma. Com relação ao tucano, segundo o levantamento, a rejeição é de 29,9%. “Isso significa que a margem de crescimento da candidata Dilma é menor do que a de Aécio”, avalia Guedes. Os números mostram, segundo a pesquisa, uma forte migração para o senador tucano dos votos que foram dados a Marina Silva (PSB) no primeiro turno. “Hoje estamos juntos em torno de um programa para mudar o Brasil”, disse Marina na sexta-feira 17, ao se encontrar com Aécio em evento público na zona oeste de São Paulo.

 

No Estadão: Cenário enigmático, por Dora Kramer

Os especialistas em análises de pesquisas dizem o óbvio sobre o empate entre a presidente Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves registrado pelos institutos Ibope e Datafolha: significa que a disputa é acirrada e o resultado, imprevisível.

Até aí não precisa ser do ramo para chegar a essa conclusão. O que foge ao alcance da vista, contudo, é a razão pela qual há tanta exatidão nos números apresentados. Pode ser que aqui a memória me falhe, mas não tenho notícia de eleição em que a segunda pesquisa do segundo turno repita com tal precisão o resultado da primeira consulta, havendo ainda coincidência estrita entre os índices dos dois principais institutos.

Isso levando em conta a diferença de metodologias, dos dias das entrevistas de campo - Ibope entre 12 e 14 de outubro e Datafolha, 14 e 15 de outubro -, as variações regionais e entre faixas de renda ocorridas nos eleitorados dos candidatos. Dilma melhorou entre os eleitores que ganham mais de dez salários mínimos, caiu muito no Sul do País, perdeu alguns pontos no Norte e manteve larga vantagem no Nordeste. Aécio perdeu pontos em todas as faixas de renda. Subiu no Sul, Centro-Oeste e Norte, mas caiu um pouco no Sudeste.

Ainda assim, os dois cravaram exatos 49% e 51% dos votos válidos nos dois institutos. Os mesmos índices captados uma semana antes. Quem terá parado? O eleitor não foi, como se vê pela movimentação registrada nas entrelinhas das pesquisas. Fato é que o cenário da soma total se revelou cristalizado numa espécie de conta de soma zero, ainda sem uma explicação factível.

Os sete dias transcorridos entre uma consulta e outra não foram sete dias quaisquer. Nesse período recomeçou a propaganda eleitoral, os partidos que ficaram de fora definiram seus apoios, Marina Silva anunciou voto em Aécio, os depoimentos sobre a máfia da Petrobrás começaram a ser divulgados. A família de Eduardo Campos aderiu à campanha do PSDB e os finalistas se enfrentaram em um debate cujo efeito pôde ser captado pelo Datafolha.

Pela lógica, o cenário deveria ter apresentado alguma alteração. Partindo do princípio de que os acontecimentos da largada da campanha do segundo turno foram favoráveis à oposição, imaginava-se - até mesmo entre os governistas - que o tucano apareceria agora com vantagem expressiva.

Caso retratem de fato a realidade, esses dois pontos de Aécio à frente da presidente não podem ser vistos como dianteira nem empate "técnico"; os índices representam, isto sim, um empate real que dispensa adjetivação. Ou, por outra, talvez os números até estejam indicando uma nova mudança em favor do governo.

É uma hipótese, pois se com tantos fatores desfavoráveis a presidente ainda conseguiu manter-se em condição de empate, reduzir um pouco a rejeição e melhorar a avaliação de governo, é de se considerar essa possibilidade.

Aliás, a imobilidade presente chama atenção justamente porque a volatilidade foi a marca dessa campanha desde o mês de agosto. Daí a estranheza com esse quadro de congelamento da cena dez dias antes da decisão final. Hoje é absolutamente impossível dizer quais serão os fatores decisivos para a vitória de um ou de outro. Denúncias? Desconstruções? Comparações? Armações? Manipulações?

Todos esses caminhos já foram testados e até agora nenhum deles teve o efeito de uma bala de prata capaz de derrubar o adversário. A não ser que Dilma ou Aécio disponham de alguma arma secreta ou o inesperado resolva fazer uma nova surpresa, a única certeza é que o placar continuará em aberto até o desligamento das urnas eletrônicas.

E para quem acredita em resultados de véspera, fica aqui um dado importante registrado pelo Datafolha: 15% dos eleitores só decidiram seu voto no último dia, 9% deles na boca da urna.

 

 

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Fonte:
Reuters + Estadão

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