Governo mobiliza aliados e tentará aprovar projeto sobre meta fiscal na próxima semana

Publicado em 20/11/2014 13:30

Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - O governo federal pediu dedicação total a aliados para aprovar na próxima semana o projeto que amplia os descontos da meta do superávit primário e convocou todos a comparecerem à sessão da Comissão Mista de Orçamento (CMO) na segunda-feira, afirmou nesta quinta-feira o líder da bancada governista na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS).

A ideia é aprovar o projeto na comissão na segunda e já levá-lo ao plenário do Congresso Nacional na terça-feira. A pauta do Congresso, no entanto, está trancada por dezenas de vetos presidenciais que precisam ser analisados antes do projeto poder ser votado.

“A nossa estratégia é na segunda-feira fazer uma reunião na CMO...já estamos solicitando a presença dos membros da CMO, titulares e suplentes”, disse, acrescentando ter pedido “dedicação plena, geral e extremamente cuidadosa a este tema”.

Na quarta-feira, o governo sofreu um revés na comissão ao não garantir votos suficientes para aprovar um requerimento para acelerar a tramitação do projeto. Na visão de Fontana, o resultado não reflete uma posição política, mas sim uma desorganização momentânea.

Fontana disse que a base está unificada e que está otimista com a aprovação do projeto tanto na CMO, quanto no plenário do Congresso. Segundo o líder, ele e o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, têm mantido conversas com líderes da base aliada e com integrantes da CMO.

A dedicação solicitada pelo líder do governo inclui pedido para que os integrantes da comissão suspendam qualquer outra atividade e permaneçam dentro do plenário da CMO, para evitar qualquer surpresa com votações nominais.

É praxe dos parlamentares assinar presença em uma comissão para garantir quórum e deixar o plenário para participar de outras atividades. O costume, segundo o deputado, foi um dos responsáveis pela derrota do governo na quarta.

Na terça-feira, o projeto já havia sido aprovado na CMO, mas o processo todo foi desconsiderado após a oposição reclamar do não cumprimento de regras regimentais.

O projeto propõe alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014 para que o governo possa abater do resultado fiscal deste ano todos os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as desonerações tributárias.

Na prática, o projeto livra o governo de cumprir qualquer objetivo fiscal neste ano. A preocupação do governo com a aprovação do projeto é enorme.

Nesta semana, a Secretaria de Relações Institucionais deu início a uma grande operação política para pressionar parlamentares, governadores e prefeitos, inclusive dos partidos de oposição, a defenderam a aprovação da mudança.

O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, traçou na quarta-feira um cenário sombrio para a economia brasileira caso a proposta não seja aprovada pelo Congresso, dizendo que isso jogaria o país "em um quadro de recessão e desemprego".

A meta de superávit primário do setor público estabelecida na LDO é de 167,4 bilhões de reais, ou cerca de 3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Mas com os descontos já permitidos, o governo estava perseguindo uma meta de 99 bilhões de reais neste ano, equivalente a 1,9 por cento do PIB.

Nos nove primeiros meses do ano, o resultado primário do setor público consolidado --governo central, Estados, municípios e estatais-- ficou negativo em 15,3 bilhões de reais, o primeiro na série histórica do Banco Central, iniciada em 2002.

 

 

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Proposta aprovada moderniza regras para circulação de máquinas agrícolas no país
Comissão de Agricultura do Senado encerra 2025 com avanços e 28 propostas aprovadas
Por 48 votos a 25, projeto da dosimetria de penas segue para sanção
Trump diz que próximo chair do Fed acreditará em juros bem mais baixos
Ações da China permanecem estáveis com setor de tecnologia em queda
França não está pronta para assinar acordo com o Mercosul, reafirma Macron