No plano do ajuste, Governo considera a volta da CPMF

Publicado em 05/12/2014 08:26 e atualizado em 05/12/2014 18:57
por Geraldo Samor, de veja.com

Como parte do ajuste fiscal, o Palácio do Planalto e a nova equipe econômica estudam tentar a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o mau e velho “imposto do cheque.”

“A CPMF é a única medida que pode resolver o problema numa só tacada, porque aquele 0,38% dá 80 bilhões de reais,” disse uma fonte com acesso às discussões.Dilma Rousseff

Colocando em perspectiva: os economistas estimam que o déficit primário recorrente do setor público esteja hoje em 0,5% do PIB. Além disso, o governo já tem novas despesas contratadas para 2015 da ordem de mais 0,5% do PIB. Ou seja, para produzir o superávit de 1,2% do PIB que a nova equipe econômica se propôs para o ano que vem, a “virada fiscal” é de cerca de 2,2% do PIB, mais de 100 bilhões de reais.

A possibilidade de taxar os dividendos foi aventada, mas “o imposto sobre dividendos e/ou juros sobre capital próprio fragiliza ainda mais os setores que já estão mais ressabiados com o governo, os empresarios. Fazer isso fragilizaria ainda mais o ambiente de negócios, e o que o Governo precisa é atrair investimento, encorajar o setor privado a investir,” disse a fonte.

Neste contexto, a CPMF é vista como dos males o menor. “A CPMF divide a conta de maneira pulverizada — injustíssima, mas pulverizada.”

Já as chances de sucesso do Governo em trazer de volta a contribuição são outra história: a fragilidade da base aliada e a guerra que existe hoje no Congresso fazem desta uma missão quase impossível.

O Governo perdeu a arrecadação da CPMF em dezembro de 2007 — numa derrota histórica para o governo Lula — graças a uma bem-sucedida campanha arquitetada pela FIESP e executada pela oposição.

De lá pra cá, setores do Governo sempre sonharam com a volta do imposto, tido como “insonegável.”

De qualquer forma, a cama parece estar pronta para a tentativa de se trazer de volta os 0,38%. Durante a campanha eleitoral, a Presidente Dilma criticou Marina Silva por ter votado contra a CPMF. E, na segunda-feira, matéria de Cátia Seabra e Marina Dias na Folha de São Paulomostrou que pelo menos três governadores petistas se articulam para pedir a volta da contribuição.  Um governador tucano, Beto Richa, do Paraná, também se manifestou a favor.

“A história mostra que no Brasil é mais fácil conseguir consenso para aumentar imposto do que para cortar gasto,” diz o economista Mansueto Almeida, lembrando que cada presidente depois da Constituição de 1988 terminou o mandato com uma despesa pública maior do que a deixada por seu antecessor – sem exceção.

Por Geraldo Samor

 

 

Dilma, o crescimento, os juros, a amoxicilina e o clavulanato de potássio

O governo divulgou a expectativa de crescimento da economia para o ano que vem. O número despencou de 2% para… 0,8%. Eis aí: de repente, pimba! E temos uma projeção 60% menor. É que a anterior ainda estava sob a esfera de influência — ou a metafísica — de Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento), que foram se tornando, com o tempo, sinônimos de piada, uma menos engraçada do que o outro. Mas a notícia importante do dia, nesse particular, nem é essa.

O governo desistiu — alvíssaras! — de fazer suas próprias projeções de crescimento e de anunciá-las para a crença de ninguém. Agora, deixa claro, ele vai apostar no que apostar o boletim Focus, que traduz o consenso de mercado. Mantega passou boa parte do tempo afirmando que as expectativas dos agentes econômicos eram muito pessimistas. Pois é…

Ocorre que eles sempre estavam certos, e ele, sempre errado. Com um pouco mais de esperteza e ginga, o ministro demitido teria feito o quê no passado? Ora, adotado o número que ele achava “pessimi

 

Quem tem, tem medo

“Se é sigilo eu estou estranhando como está vazando, a quem interessa e quem está promovendo isso”.

Lula, disfarçado de “palestrante” em Guayaquil, no Equador, com cara de quem desconfia que as marolinhas produzidas pelo depoimento de Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, executivo da Toyo Setal envolvido no Petrolãol, são o começo do tsunami que ameaça afogar os chefões da quadrilha.

sta”. Caso fosse surpreendido, ótimo! Caso o número se cumprisse, ele não teria passado por, digamos, ligeiro… Mas admito que é uma operação mental de alguma complexidade.

Ajustar a previsão de crescimento aos números de mercado é um dos itens da “Operação Credibilidade” que está em curso. Na parte mais substantiva desse esforço, está a elevação da taxa de juros, o que deixa muita gente pacificada, ainda que a eficácia de tal medida seja viciosa, com risco de matar o paciente (já explico). Acontece que o governo passou muito tempo fingindo que tudo ia bem e achando que poderia renunciar à alopatia, numa conversão, digamos assim, à homeopatia doidivanas. Agora, precisa mostrar seu lado de fanático alopata para parecer sério.

Só pra constar: eu não estou negando, no parágrafo anterior, que elevação de juros concorra para a queda da inflação. É um dos remédios, assim como a amoxicilina mata uma porção de bactérias, entendem? Só que há aquelas que se tornam resistentes à substância — sem que esta deixe de ser antibiótica. Aí é preciso ministrar junto o clavulanato de potássio. Vejam bem: o Brasil já vinha tomando amoxicilina em doses cavalares, né? Os juros já eram os mais altos do mundo. E a inflação resistiu. Sinal de que o paciente não precisa só de mais amoxicilina. Qual será o clavulanato para contornar a infecção?

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Veja.com

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