Ala de produtores e sem-terra prometem ato contra indicação de Kátia Abreu

Publicado em 14/12/2014 20:22 e atualizado em 15/12/2014 15:03
Fonte: Diário do Poder + VEJA + UOL + ESTADÃO

Fazendeiros e sem-terra fazem atos distintos nessa segunda-feira, 15, com um objetivo comum: protestar contra o governo da presidente Dilma Rousseff e contra a indicação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) ao Ministério da Agricultura. Representantes do agronegócio querem que a senadora deixe a presidência da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) ao assumir o ministério no governo do PT.

A Frente Produtiva do Brasil, criada no início deste mês em Araçatuba, realiza um encontro na segunda, em Presidente Prudente, para protestar contra a indicação da senadora e contra o “projeto de poder” do PT. De acordo com o agropecuarista Luiz Antonio Nabhan Garcia, presidente da União Democrática Ruralista (UDR), a frente deixou de ser integrada apenas por produtores rurais e recebeu a adesão de empresários, profissionais liberais, médicos e líderes de vários segmentos. “O objetivo é impedir democraticamente o projeto de poder desse partido que se tornou a marca da corrupção no Brasil”, disse.

O convite para o encontro, marcado para as 10 horas no Rancho Quarto de Milha, convoca interessados em discutir soluções para “a grave crise que assola o Brasil”.

No mesmo horário, em Brasília, sem-terra ligados à Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) fazem um protesto em frente ao prédio da CNA contra a nomeação da senadora Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura. A senadora é considerada pelos sem-terra “inimiga” da reforma agrária. De acordo com José Rainha Junior, coordenador da Frente, após a manifestação, centenas de sem-terra acampam na Esplanada dos Ministérios para reivindicar mais ações pela reforma agrária que, segundo ele, parou no governo da presidente Dilma Rousseff.(José Maria Tomazela/AE).

PETROLÃO – NA VEJA, EXCLUSIVO: Políticos recebiam a propina em domicílio

Money delivery: Acompanhado de seus advogados, Rafael Ângulo Lopez negocia um acordo de delação premiada com a Justiça. Durante anos, ele distribuiu dinheiro desviado da Petrobras a “clientes” famos do esquema de corrupção (Jefferson Coppola/VEJA)

Money delivery: Acompanhado de seus advogados, Rafael Ângulo Lopez (à esq.) negocia um acordo de delação premiada com a Justiça. Durante anos, ele distribuiu dinheiro desviado da Petrobras a “clientes” famosos do esquema de corrupção(Jefferson Coppola/VEJA)

Por Robson Bonin e Hugo Marques
Depois de tantas revelações sobre engenharias corruptas complexas de sobrepreços, aditivos, aceleração de obras e manobras cambiais engenhosas, a Operação Lava-Jato produziu agora uma história simples e de fácil entendimento. Ela se refere ao que ocorre na etapa final do esquema de corrupção, quando dinheiro vivo é entregue em domicílio aos participantes. Durante quase uma década, Rafael Ângulo Lopez, esse senhor de cabelos grisalhos e aparência frágil da fotografia acima, executou esse trabalho. Ele era o distribuidor da propina que a quadrilha desviou dos cofres da Petrobras. Era o responsável pelo atendimento das demandas financeiras de clientes especiais, como deputados, senadores, governadores e ministros. Braço-direito do doleiro Alberto Youssef, o caixa da organização, Rafael era “o homem das boas notícias”. Ele passou os últimos anos cruzando o país de Norte a Sul em vôos comerciais com fortunas em cédulas amarradas ao próprio corpo sem nunca ter sido apanhado. Em cada cidade, um ou mais destinatários desse Papai Noel da corrupção o aguardavam ansiosamente.

Os vôos da alegria sempre começavam em São Paulo, onde funcionava o escritório central do grupo. As entregas de dinheiro em domicílio eram feitas em endereços elegantes de figurões de Brasília, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Maceió, São Luís. Eventualmente ele levava remessas para destinatários no Peru, na Bolívia e no Panamá. Discreto, falando só o estritamente necessário ao telefone, não deixou pistas de suas atividades em mensagens ou diálogos eletrônicos. Isso o manteve distante dos olhos e ouvidos da Polícia Federal nas primeiras etapas da operação Lava-Jato. Graças à dupla cidadania — espanhola e brasileira —, Rafael usava o passaporte europeu e ar naturalmente formal para transitar pelos aeroportos sem despertar suspeitas. Ele cumpria suas missões mais delicadas com praticamente todo o corpo coberto por camadas de notas fixadas com fita adesiva e filme plástico, daqueles usados para embalar alimentos. A muamba, segundo ele disse à polícia, era mais fácil e confortável de ser acomodada nas pernas. Quando os volumes era muito altos, Rafael contava com a ajuda de dois ou três comparsas.

A rotina do trabalho permitiu que o entregador soubesse mais do que o recomendável sobre a vida paralela e criminosa de seus clientes famosos, o que pode ser prenúncio de um grande pesadelo. É que Rafael tinha uma outra característica que poucos sabiam: a organização. Ele anotava e guardava comprovantes de todas as suas operações clandestinas. É considerado, por isso, uma testemunha capaz de ajudar a fisgar em definitivo alguns figurões envolvidos no escândalo da Petrobras. VEJA apurou que o entregador já se ofereceu para fazer um acordo de delação premiada, a exemplo do seu ex-patrão.

Entre os políticos que recebiam a grana em mãos estão João Vaccari Neto, tesoureiro do PT; o senador Fernando Collor (PTB-AL); Roseana Sarney (PMDB), que acaba de renunciar ao governo do Maranhão; o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP); o deputado Luiz Argôlo (SD-BA);  o deputado Nelson Meurer (PP-PR) e o deputado cassado André Vargas (PR), chefão do PT até outro dia.

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capa disque-propina

 

Por Reinaldo Azevedo

 

artigo de JORGE OLIVEIRA (no diário do poder)
MAIOR LAVANDERIA PETISTA É NOS PAÍSES DA ÁFRICA
Brasília – Finalmente, apareceram as digitais de Zé Dirceu no roubo da Petrobrás. O ex-ministro, condenado no escândalo do mensalão, tinha contrato de consultoria com a empreiteira Camargo Correia, de quem recebeu 886 mil reais em um ano. O contrato é de abril de 2010, mas nem por isso Dirceu deixou de receber sua remuneração retroativa a fevereiro. Coincidência ou não, neste mês a construtora assinou contrato com a Petrobrás no valor de R$ 4,8 bilhões para prestar serviços na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, durante os quais assinou (pasmem!) 383 aditivos com a estatal. Diante da alta soma roubada pelo seu protetor na empresa,  Renato Duque, Zé está se perguntando se também não foi enganado com um “troquinho” que recebeu da construtora quando se sabe agora que o seu diretor lá dentro se deleitava com remessas de vultosas quantias para o exterior.

Mas se você, meu caro leitor, ainda está indignado, perplexo, sobressaltado e revoltado com essa “organização criminosa” , não perde por esperar. Quando a Justiça começar a mexer nos empréstimos do BNDES para alguns tiranos dos países da África, aí, sim, a lama vai chegar no meio da canela. Durante muitos anos, no governo Lula, o banco escancarou as porteiras para financiar construtoras brasileiras que trabalham em grandes obras por lá. Sem que os brasileiros soubessem para onde estava indo o dinheiro público, bilhões de reais chegaram às mãos de ditadores africanos que fizeram a festa regada a champanhe francesa, um hábito cultivado por muitos deles.

Para mascarar a malandragem, o Lula anunciava que precisava ajudar os nossos irmãos africanos, milhares deles vítimas de guerras infindáveis, atacados por seca e chuva como se o Nordeste também não vivesse na mesma penúria. Assim é que o BNDES fez filantropia com o dinheiro dos brasileiros enquanto os petistas da cúpula fazia ponte-aérea entre o Brasil e os países da África. A mídia, ainda embevecida com o discurso social do Lula, foi incapaz de questionar essa transação ilegal do governo brasileiro. Muito desse dinheiro ninguém sabe até hoje como foi gasto e outros tantos empréstimos foram perdoados com a anuência do Congresso Nacional, a quem cabia votar o calote.

Na verdade, a organização criminosa petista foi esperta ao tentar sensibilizar o povo brasileiros para ajudar seus irmãozinhos africanos. O que se sabe hoje é que esse dinheiro caia nas mãos de ditadores sanguinários da África que o transferia para paraísos fiscais, onde cada um dos envolvidos na liberação da grana recebia sua fatia sem precisar sujar as mãos. Antes de ser condenado, Zé Dirceu, o homem mais poderoso do PT, auxiliar leal de Lula, era recebido nos países de língua portuguesa como um popstar.

Nas suas viagens à Lisboa, onde segundo se noticiou, Rosemary, amiga íntima de Lula, chegou certa vez em um aviãozinho carregado de dólares,  Zé Dirceu era recepcionado no aeroporto como um agente do desenvolvimento social. Á mesa sempre o Pera Manca, safra 2008, um vinho caríssimo até para os padrões portugueses. Como Portugal não tem uma gota de petróleo, a Petrobrás é responsável por 25% do abastecimento do país através da sua produção em Angola, o que justificava tanta paparicação ao ilustre visitante.

Depois da descoberta da quadrilha da Petrobrás, os petistas botaram a barba de molho. Têm evitado viagens, caminham mais cautelosos e esperam a qualquer  momento a prisão do seu tesoureiro João Vaccari Neto, o homem de confiança da cúpula do PT que administra todo dinheiro sujo da “organização criminosa”.  Aliás, este seria o segundo a tirar cadeia. O outro, Delúbio Soares, anda com tornozeleira do sistema penitenciário.

 

Apertem os cintos, a presidenta do Brasil sumiu

por Josias de Souza, no blog do UOL

 
 
 

A dezoito dias do recomeço, o governo enfrenta um enorme problema. A encrenca tem nome e sobrenome. Muitos chamam de Graça Foster. Se estivessem corretos, a solução exigiria um simples movimento de mão. E custaria a tinta da esferográfica e a folha do ato de exoneração. Mas estão enganados. Chama-se Dilma Rousseff o problema do governo.

Acaba de ser reconduzida à poltrona de presidente da República como solução dos 54 milhões de brasileiros que a elegeram. Porém, quando se imaginava que fosse dirigir os rumos do país nesta ou naquela direção, a Dilma resoluta da campanha, 100% feita de João Santana, sumiu. Por pressão, não por opção, Graça logo passará. O problema, não.

No futuro, quando puder falar sobre os dias atuais sem uma camada de óleo a turvar-lhe a vista, a história dirá que o Brasil atravessou mais um desses momentos de transição que fazem a nação evoluir, ainda que aos trancos. Pouca gente notou, mas estão em curso transformações profundas.

A Petrobras, como se sabe, afunda. E junto com ela podem ir a pique:

1. O presidencialismo de cooptação, que submete estatais e repartições públicas à pirataria partidária.

2. O modelo de contratação de serviços e obras públicas, baseado no critério único do ‘quanto eu levo nisso?’

3. As velhas desculpas esfarrapadas —como “eu não sabia”, “doa a quem doer” e “cortar na própria carne”.

Com dezenas de parlamentares imersos em óleo queimado, o Legislativo está prestes a virar delegacia de política. O Judiciário, já entupido de processos, se manterá ocupado tentando converter crimes em castigos. Se sua capacidade de liderança não fosse invisível a olho nu, Dilma poderia governar o processo de mudanças. Inerte, é desgovernada pelos acontecimentos.

Em 26 de outubro, depois de contados os votos do segundo turno, Dilma leu seu último discurso sob a supervisão de João Santana. “Algumas vezes na história, os resultados apertados produziram mudanças mais fortes e rápidas do que as vitórias amplas”, disse a reeleita. Hoje, Dilma conspira contra a mudança. Faz isso ao renegociar a partilha dos cofres do seu governo com os partidos de sempre. Que imaginam ser possível manter o melado escorrendo por mais quatro anos.

Aquela Dilma do dia da vitória também disse: “Essa presidente está disposta ao diálogo, e esse é meu primeiro compromisso no segundo mandato: o diálogo.” A Dilma de hoje não conversa nem com o espelho. Só fala com Lula, que já foi recebido no Alvorada três vezes em menos de dois meses. É muito mais do que os ministros, alguns há mais um ano sem uma audiência com a chefa.

“Quero ser uma presidenta muito melhor do que fui até agora”, declarou ainda a Dilma de 48 dias atrás. “Quero ser uma pessoa muito melhor. Esse sentimento de superação não deve apenas impulsionar o governo e a minha pessoa, mas toda a nação.” Na bica de tomar posse, a Dilma atual nunca foi tão Dilma. Foge da conjuntura à maneira do avestruz. Enfia a cabeça nos baixios de sua autoestima. E vira a página. Para trás.

A contragosto, Dilma cede nacos do seu poder declinante para Joaquim Levy. E reza para que a lama não impeça a ortodoxia do novo ministro da Fazenda de consertar os erros do primeiro mandato e recriar aquele ambiente de rigor fiscal de 2003, primeiro ano de Lula.

Em condições normais, o segundo reinado de Dilma seria duro. Sob atmosfera de derretimento moral, com os delatores suando o dedo; com jovens procuradores procurando; com o juiz Sérgio Moro julgando; com os aliados na fila do cadafalso; com tudo isso, Dilma 2ª tormou-se um caso único: reeleita, ficou menor do que era. Tão pequena que some no meio da crise.

Saída de Graça Foster é discutida entre aliados

 

— E aí, quando é que a presidenta vai começar a presidir?, perguntou um congressista do PT a um auxiliar de Dilma Rousseff.

— Calma, rapaz! O segundo mandato só começa no dia 1º de janeiro, tentou atalhar o colaborador da presidente.

— Engano seu. Isso vale pra mim e pra você. Na folhinha da Dilma, 2015 começou na noite do dia 26 de outubro. O segundo mandato tem 47 dias de idade. E a gente parece estar com o pé na cova. Quando vamos interromper a marcha fúnebre?

O diálogo transcrito acima aconteceu nesta sexta-feira. Foi relatado ao repórter pelo parlamentar autor das perguntas. Ele disse ter tocado o telefone para o auxiliar da presidente em busca de orientação. Ecoando um desalento que se espraia entre petistas e aliados, criticou a “paralisia” de Dilma diante dos problemas, sobretudo a crise que carcome a Petrobras.

Acabara de ler notícia sobre a dinamite mais recente. O repórter Juliano Basileinformara que, bem antes do estouro da operação Lava Jato, uma servidora graduada da Petrobras alertara dirigentes da estatal sobre a roubalheira. Reportara-se inclusive à atual presidente companhia, Graça Foster. E nada sucedera.

A tese de que Dilma tem de promover um expurgo na diretoria da Petrobras já não é exclusividade do procurador-geral da República Rodrigo Janot nem da oposição. Cresce no próprio PT e em salas vizinhas ao gabinete presidencial a adesão à ideia. Já há inclusive um grupo defendendo internamente a saída de Graça Foster antes do Natal.

 

PT tenta sair das cordas (Estadão)

O PT virou uma máquina eleitoral. O PT está velho. O PT precisa ser passado a limpo. O PT necessita de dirigentes mais qualificados. As frases acima poderiam ter saído de uma manifestação contra o governo Dilma Rousseff, mas foram todas pronunciadas na sexta-feira, em São Paulo, por graduados dirigentes petistas durante a reunião da chapa majoritária Partido que Muda o Brasil (PMB), que detém mais de 70% dos cargos de direção.

Desgastado por seguidos escândalos que imputaram ao partido o estigma de corrupto, o PT tenta dar uma reviravolta com o objetivo de resgatar a imagem e viabilizar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto em 2018.

Aprovado há duas semanas em Fortaleza, durante reunião do diretório nacional que contou com a presença da presidente Dilma Rousseff, o Programa de Reorganização do PT 2015/2016 é descrito por alguns dirigentes petistas como a maior mudança de rumo no partido desde 2001, quando o 22.º Encontro Nacional do PT aprovou a política de alianças ampla que levou à primeira eleição de Lula em 2002.

A ideia agora é fazer o caminho de volta às origens. O principal ponto do programa é o resgate da imagem ética do partido, considerado fundamental na estratégia de combate ao antipetismo manifestado durante e depois das eleições deste ano.

"É preciso passar o PT a limpo", disse Jorge Coelho, um dos vice-presidentes do partido.

O passo inicial foi a aprovação, também em Fortaleza, de uma resolução política proposta por integrantes da Mensagem, segunda maior corrente petista, que determina a expulsão dos filiados envolvidos em casos de corrupção.

O expurgo é uma das condições impostas por Lula para carregar pela sexta vez a bandeira petista em uma eleição presidencial.

Mais do que palavras, o PT pretende dar demonstrações práticas, como foi a ordem para que a bancada do partido na Câmara votasse pela cassação do ex-petista André Vargas, na semana passada. "Quando o PT pede a cassação do André, dá um exemplo concreto", disse o presidente nacional do partido, Rui Falcão.

TV-PT. Para reforçar o resgate da imagem, o PT vai levar ao ar em fevereiro uma web-TV. Estúdios foram montados em São Paulo e Brasília e o jornalista Albino Castro, com vasta experiência em televisão, foi contratado. O objetivo é criar um canal onde o PT possa dar sua versão para os principais fatos políticos.

Outra medida concreta será a qualificação do perfil dos dirigentes, hoje em sua maioria egressos da burocracia partidária. Na reunião de sexta-feira Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência, colocou o dedo na ferida. "Precisamos rever o próprio funcionamento do partido e de um grupo dirigente à altura das tarefas", disse ele.

Outro passo é abrir o partido, hoje totalmente tomado pelos grupos que fazem a disputa interna, para segmentos da sociedade que se mobilizaram pela reeleição de Dilma, têm proximidade ideológica com o PT, mas não encontram espaço na máquina partidária.

O Processo de Eleições Diretas (PED) para escolha da direção, foco de denúncias e irregularidades nos últimos anos, está com os dias contados, segundo dirigentes graduados.

Além de tentar reconstruir a imagem ética, o PT pretende se livrar da pecha de partido pragmático, cultivada ao longo de 12 anos no governo.

"Há quanto tempo somos uma grande máquina de ganhar eleições?", questionou o deputado José Guimarães (CE), outro vice-presidente petista.

O programa prevê a apresentação de uma nova agenda voltada para a juventude que foi às ruas defender a reeleição de Dilma com base em propostas para cultura, ocupação das cidades e questões comportamentais.

A ideia é sinalizar para os setores da "nova esquerda" uma guinada ideológica de volta às raízes e também se reaproximar de movimentos historicamente ligados ao partido.

"O PT tem uma estrutura velha para este novo momento", disse Guimarães.

A dependência excessiva do dinheiro, já verbalizada por Lula, também está no foco das mudanças. Na sexta-feira o tesoureiro do PT, João Vaccari, alvo da Operação Lava Jato, advertiu o partido sobre os impactos do fim das doações privadas de campanha, uma das principais bandeiras petistas. Segundo ele, uma saída é fazer campanhas para incentivar doações de pessoas físicas.

Durante a reunião, Falcão resumiu o programa da seguinte forma: "Revitalizar, repensar, revigorar, refazer. Mas nunca refundar".

A frase é uma alusão ao grupo que pregou a refundação do partido no auge do escândalo do mensalão.

Para colocar o projeto em prática, o PT conta com apoio de Lula, que já deu sinais de que pretende participar mais da vida partidária.

O resultado do esforço deve se materializar na etapa final do 5.º Congresso Nacional do PT, marcado para junho, em Salvador.

 

Candidato, Lula volta à zona de conforto

JOÃO DOMINGOS - O ESTADO DE S.PAULO

 

Ex-presidente começa trabalho para disputar o Palácio do Planalto pela sexta vez em 2018

Com influência no futuro governo de Dilma e um toque pessoal nos rumos do PT, Lula acredita que tornará o partido viável para tentar o quinto mandato seguido de um petista na Presidência da República.

BRASÍLIA - Já escalado pelo PT para disputar o Planalto em 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva empenha-se em pavimentar o caminho com doses cada vez maiores de intervenção no governo Dilma Rousseff. Uma posologia que combina um "detour" em direção ao mercado, apadrinhamentos de ministros sintonizados com o setor produtivo e menos PT na Esplanada.

Lula não quer atuar apenas como animador para que a militância compareça em massa à posse da presidente, no dia 1.º, em Brasília. A ideia é que a gestão da "criatura" seja melhor do que o primeiro mandato do ponto de vista administrativo e com índices econômicos mais vistosos. Lula insistiu para que Dilma o imitasse na economia, surpreendendo a todos ao trazer um nome do mercado para a equipe econômica. Com ele, a cartada foi Henrique Meirelles, então deputado eleito pelo PSDB, para o Banco Central; com Dilma, Joaquim Levy, funcionário graduado do Bradesco.

Com influência no futuro governo de Dilma e um toque pessoal nos rumos do PT, Lula acredita que tornará o partido viável para tentar o quinto mandato seguido de um petista na Presidência da República. E isso exigirá uma radical renovação nos quadros da legenda, hoje envelhecida, segundo o ex-presidente. Os planos para esse rejuvenescimento já foram feitos.

 

Um exemplo claro de como tem agido o ex-presidente é o de que Lula jamais moveu um dedo para salvar o mandato do ex-deputado André Vargas (PR), ex-secretário de comunicação da Executiva do PT suspeito de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef. Vargas teve o mandato cassado na quarta-feira.

No campo simbólico, o ex-presidente decidiu condicionar a candidatura a mudanças de rumos no partido e a um expurgo geral dos suspeitos de envolvimento em corrupção por temer ser candidato por um partido desgastado por escândalos como o do mensalão e da Petrobrás, o que aumenta o risco de derrota na próxima disputa (mais informações na pág. A10).

Lula orientou os senadores Lindbergh Farias (RJ), Humberto Costa (PE) e Jorge Viana (AC) a percorrer o País atrás de líderes que participaram dos protestos de junho de 2013 que se mostraram resistentes a se filiar a partidos. Lula tem dito, a pessoas com as quais conversa sobre os problemas vividos pelo PT, candidaturas no futuro e o atual governo, que o maior desafio é atrair para a política a juventude que não ouve rádio, não vê televisão e não lê jornais. "Como se comunicar com eles? Esse é nosso desafio", repete o ex-presidente.

Certeza. Lula contou às pessoas com as quais conversou que tinha certeza de que seria lançado candidato à sucessão de Dilma assim que fosse anunciado o resultado do 2.º turno da eleição, no dia 26 de outubro, independentemente do nome do vencedor. "Não havia como sair dessa. E não havia como dizer sim nem não", resumiu o ex-presidente durante conversa com deputados e senadores na quarta-feira, em Brasília.

O ex-presidente sabe ainda que terá de superar no mínimo dois obstáculos para buscar um novo mandato ao Planalto: estará com 73 anos e terá de cuidar bem da saúde, pois enfrentou um câncer da laringe em 2011. Ele tem ido à academia em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, todos os dias em que está na cidade. Manter-se em forma, porém, será o menor dos desafios do petista. O mais difícil, dizem assessores próximos, será lidar com a resistência da mulher, Marisa Letícia, que tem dito que aceita qualquer coisa, menos a volta à condição de primeira-dama.

 

Aos colegas de PT, Lula não se cansa de recomendar a todos que leiam a biografia de Getúlio Vargas, escrita pelo jornalista Lira Neto. "Li os três volumes. E agora consigo entender por que Getúlio foi tão criticado", tem afirmado o ex-presidente, num tom que os interlocutores se arriscam a dizer que é uma comparação consigo mesmo. Getúlio foi presidente de 1930 a 1945, saiu após um forte processo de desgaste de seu poder ditatorial e voltou em 1951 pelos braços do povo numa eleição consagradora. Governou até tirar a própria vida, em 1954, novamente sob pesado ataque dos oposicionistas. A esperança dos petistas, ao ouvir os conselhos de leitura, é que Lula repita o gesto de Getúlio e dispute nova eleição.

 

A movimentação de Lula sugere que ele já aceitou a missão. Na semana que passou, ele chegou a Brasília na terça-feira à noite. Dormiu e, no dia seguinte, recebia parlamentares do PT no café da manhã do hotel. Depois, juntou-se ao governador da Bahia, Jaques Wagner, e ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, além de Rui Falcão, presidente do PT, para almoçar com Dilma no Palácio da Alvorada. No encontro, deu dicas para a posse do dia 1.º. Mas, ao que tudo indica, Lula também tem planos para a posse de janeiro de 2019, na condição de presidente eleito. De novo.

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Fonte:
Blogs DP e Josias de Souza (UOL)

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1 comentário

  • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

    Leitura... Quanto vale a pena? Cada qual em busca da realização de seus desejos e circunstâncias.

    Nunca... Nunca mesmo, como antes na história deste paíz (com ZÊ, de ZORRA!), a barreira da ignomínia foi ultrapassada com tanta dignidade. Lênin usou e abusou do seu poder, mas estamos vivenciando, muitos sem serem importunados, pois são mentiras que não os afetam,... ainda; uma verdadeira “rehistória”, contada com total (im)parcialidade pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), cujo relatório foi entrega a presidenta “chorona” neste dia 10 de Dezembro.

    Quando fizeram a “contabilidade criativa” escondendo a real condição da economia, muitos não deram à mínima, e agora com os aumentos dos combustíveis, energia elétrica, juros,... E se prepara, pois virão “MAIS TUDO”!... ESTÁ DOENDO OS AUMENTOS ???

    E NÓS CONTINUAMOS NÃO COBRANDO PROBIDADE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA !!! ... VAI ENTENDER !!!

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