Preços do petróleo em queda inviabilizariam 'shale' dos EUA antes do pré-sal, diz IBP

Publicado em 15/12/2014 14:58 e atualizado em 18/12/2014 12:03

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RIO DE JANEIRO (Reuters) - Uma possível manutenção da trajetória de queda dos preços do barril do petróleo tornaria os chamados "shale oil & gas" norte-americanos inviáveis antes que o pré-sal brasileiro pudesse ser impactado, na avaliação do presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), João Carlos de Luca.

Segundo ele, as principais produtoras no pré-sal do Brasil, a Petrobras e a britânica BG, já deram indicativos de que as profundas áreas abaixo da camada de sal em produção no país, que já representam mais de 25 por cento da extração de óleo nacional, têm um custo médio de 45 dólares por barril.

"Com a experiência que a gente tem hoje, ele (o pré-sal) ainda se sustenta até nesse nível de 45 dólares", disse Luca, ao participar de evento sobre a economia brasileira, no Rio de Janeiro.

O petróleo Brent para janeiro caiu para uma mínima de 60,28 dólares por barril mais cedo, o valor mais baixo desde julho de 2009. Por volta das 14h50 (horário de Brasília), caía quase 1 por cento, para 61,27 dólares.

Parte da derrocada do petróleo, que perdeu quase metade de seu valor desde as máximas do ano, deve-se à produção adicional dos EUA.

"No mundo, shale oil, shale gas, tudo isso fica inviável antes de inviabilizar o pré-sal", acrescentou o presidente do IBP, associação das petroleiras que atuam no Brasil.

Luca destacou que a produção não convencional dos EUA, a partir do fraturamento hidráulico, tem custos de 60 a 80 dólares por barril, podendo variar dependendo das reservas e das atividades empresariais.

"São custos muito mais altos do que o do pré-sal", frisou.

OUTRAS ÁREAS E RISCOS

Entretanto, grande parte da produção brasileira ainda não é oriunda do pré-sal, com algumas áreas mais antigas registrando custos mais altos.

Quando questionado sobre projetos já em produção há algum tempo, fora do pré-sal, Luca ponderou que os campos mais maduros, com custos mais altos, demandam cuidados extras, mas afirmou que a maioria dos projetos brasileiros pode continuar a produzir.

"Campos que são mais antigos, que produzem muita água e pouco óleo", são os que eventualmente podem sofrer mais com cenários complicados, segundo Luca, que destacou que há campos no Brasil que produzem mais de 90 por cento de água.

Ele também não vê dificuldades para o Brasil atrair petroleiras de todo mundo para a 13ª Rodada de licitações de blocos exploratórios de petróleo, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), prevista para ocorrer até junho de 2015, mesmo diante de um cenário de preços baixos.

"As empresas não gostam de perder oportunidades quando oferecidas", afirmou, ressaltando, no entanto, que para isso o Brasil precisa ofertar áreas com qualidade e também sinalizar que está resolvendo problemas atuais da indústria.

Uma das defesas do IBP é uma maior previsibilidade de leilões no longo prazo.

Mas o apetite das petroleiras poderá ser menor no leilão, na avaliação de Luca, devido ao cenário macroeconômico internacional que está demandando uma redução de investimentos por parte do setor de petróleo em todo mundo.

No caso da Petrobras, que além de sofrer com o cenário macroeconômico ainda passa por uma das maiores crises de sua história, envolvida em diversas denúncias de corrupção, os ajustes nos investimentos também poderão vir.

"Acredito que alguma mudança pode ter, algum impacto e ajustes nas suas prioridades, não sabemos ainda quais serão os impactos”, declarou ele ao ser questionado sobre o assunto.

Na sexta-feira, a Petrobras disse, sem entrar em detalhes, que implementou medidas para redução do ritmo de investimentos.

(Por Marta Nogueira)

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Fonte:
Reuters

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