Na FOLHA: BNDES eleva contraparte em créditos e deve elevar juros do PSI
Com menores aportes do Tesouro em 2015, o BNDES reduzirá sua participação nos financiamentos mesmo a setores prioritários, como inovação, energia renovável, saneamento e alguns ramos de transporte (ferroviário, urbano de massa e ferroviário).
A fatia financiada pelo banco cairá a partir de 1º de janeiro de 90% para 70% do valor do investimento. O restante será a contrapartida dos empresários.
O corte atinge também os projetos de ramos industriais como siderurgia, celulose e química (de 70% para 50%, nova faixa de "prioridade intermediária").
Já para alguns novos empreendimentos de aeroportos e rodovias, indústria automobilística, comércio e serviços o piso foi reduzido de 50% para 30%. De um modo geral, o banco diminui seu peso de 50% a 90% do valor dos investimentos para 30% a 70%.
As medidas integram as novas políticas operacionais do banco e visam poupar recursos do Tesouro, que aportou R$ 60 bilhões neste ano para cobrir parte expressiva dos financiamentos do banco estatal. Para 2015, esse valor ainda está em discussão com a Fazenda, que já indicou que será menor.
Os desembolsos do banco até novembro somaram R$ 162,3 bilhões, cifra estável em relação ao mesmo período de 2013. A previsão é atingir em 2014 um valor similar aos R$ 190 bilhões de 2013.
Segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, as novas condições foram definidas pela equipe econômica de transição --liderada pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda)-- e colocam o banco em linha com a nova política macroeconômica.
"Nos ajustamos às prioridades superiores da política macroeconômica. Essa nova política busca realizar um processo de ajuste [fiscal], com racionalidade."
Coutinho disse ainda que a área técnica do BNDES participou da definição das novas políticas de financiamento, mas a decisão coube à equipe econômica.
JUROS MAIORES
Também para desafogar o Tesouro, o BNDES teve de aumentar os juros de suas principais linhas de crédito --de entre 4% e 8% ao ano para uma faixa de 6,5% a 11% ao ano-- e diminuir o subsídios aos financiamentos.
Do novo teto de 70%, o BNDES só dará crédito a uma taxa subsidiada para uma fatia entre 30% e 100% (teto só aplicado a linhas muito específicas, como inovação). O piso era de 50%.
Na semana passada, o governo elevou a TJLP de 5% para 5,5% ao ano -- abaixo dos 11,75% da Selic. Só o BNDES empresta a essa taxa subsidiada, pois conta com os aportes do Tesouro.