Dólar reduz queda ante real, com tombo do petróleo

Publicado em 10/08/2016 12:52

LOGO REUTERS 2.0

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar reduziu as perdas e voltou a oscilar perto da linha d'água frente ao real nesta quarta-feira, após os preços do petróleo passarem a cair e ofuscarem o bom humor que levou a moeda norte-americana a chegar mais perto de 3,10 reais pela manhã.

Preocupações com as perspectivas para as contas públicas brasileiras também contribuíram para tirar o dólar das mínimas em quase um ano. Mais cedo, a divisa chegou a recuar com mais intensidade, em linha com os mercados externos e após o Senado dar o aval à etapa final do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.

Às 12:50, o dólar recuava 0,23 por cento, a 3,1340 reais na venda. A moeda norte-americana chegou a 3,1132 reais na mínima da sessão, o menor nível intradia desde 14 de julho de 2015 (3,1114 reais).

O dólar recuou nas últimas seis sessões, acumulando queda de 4 por cento frente ao real. O dólar futuro caía cerca de 0,50 por cento no início da tarde.

"Essa queda do petróleo apagou um pouco a euforia da manhã. Sempre que há um movimento unidirecional no dólar, como nos últimos dias, há espaço para alguma consolidação (das cotações)", disse o estrategista de um banco internacional, sob condição de anonimato.

Após chegarem a subir mais cedo, os preços do petróleo passaram a recuar quase 2 por cento nesta quarta-feira após surpreendente aumento nos estoques da commodity nos EUA.

O movimento tirou força do apetite por risco nos mercados internacionais, levando o dólar a reduzir as perdas em relação às principais moedas emergentes.

A demanda por ativos de alto risco nos mercados globais tem permanecido forte e ganhou mais impulso na sexta-feira passada, quando dados mais fortes que o esperado sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos alimentaram otimismo sobre a recuperação econômica global.

Desde então, outros indicadores econômicos em países como EUA e China vêm sustentando o bom humor e a percepção de que, mesmo com o ritmo atual de recuperação econômica, os juros norte-americanos não devem subir tão cedo.

"O dólar não para de cair em todo o mundo e o Brasil não é exceção", resumiu o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.

Pela manhã, contribuiu para o tom positivo no Brasil a aprovação do parecer pela continuidade do processo de impeachment de Dilma.

A perspectiva de que o impeachment seja confirmado em julgamento no fim deste mês tem animado investidores, que vêm recebendo bem as promessas de contenção de gastos do presidente interino Michel Temer.

Alguns, no entanto, preocupam-se com os recentes recuos do governo em relação ao ajuste fiscal, como a retirada do bloqueio a reajustes salariais ao funcionalismo público estadual em troca da renegociação da dívida dos Estados.

Ainda predomina a leitura de que o governo só terá margem de manobra suficiente para encabeçar os esforços fiscais no Congresso Nacional quando o impeachment for confirmado, no que analistas da corretora Lerosa Investimentos descreveram como uma "atitude mais pró-ativa".

"Com isso, o fluxo está garantido e as cotações podem sim romper os patamares de 3,10 reais no curto prazo", escreveram eles em nota a clientes.

Dados do BC mostram, porém, que o Brasil tem apresentado saídas líquidas de divisas, com fluxo negativo de 2,251 bilhões de dólares só na semana passada, concentrado na conta financeira. Muitos operadores acreditam que essa tendência deve mudar após a votação do impeachment.

Nesta manhã, o Banco Central brasileiro vendeu novamente a oferta total de até 10 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário