Petrobras reduz preços do diesel na refinaria em 2,7%; gasolina cairá 3,2%

Publicado em 14/10/2016 09:17

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SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Grupo Executivo de Mercado e Preços da Petrobras decidiu em sua primeira reunião reduzir o preço do diesel em 2,7 por cento e da gasolina em 3,2 por cento nas refinarias (média Brasil), segundo informou a estatal em nota nesta sexta-feira.

Esses preços entrarão em vigor a partir da zero hora de sábado (15), disse a Petrobras.

"A decisão do grupo gestor levou em conta o crescente volume de importações, o que reduz a participação de mercado da Petrobras, e também a sazonalidade do mercado mundial de petróleo e derivados", explicou a estatal.

Com os preços dos combustíveis mais baixos no exterior do que no Brasil, muitos integrantes do mercado estavam aproveitando para importar derivados e ganhar mercado da estatal no país.

Segundo a Petrobras, o impacto do reajuste no preço final ao consumidor depende de decisões de postos de combustíveis e distribuidoras.

A assessoria de imprensa da empresa afirmou que, se o reajuste nos combustíveis for totalmente repassado para a bomba, o impacto seria de aproximadamente 0,05 real na bomba para os dois combustíveis.

NOVA POLÍTICA

Juntamente com o reajuste, a Petrobras anunciou que sua Diretoria Executiva aprovou, na quinta-feira, a implantação de uma nova política de preços de gasolina e diesel comercializados em suas refinarias, que deverá incluir avaliações para revisão de preços pelo menos uma vez por mês.

Dessa forma, haverá um maior número de reajustes por ano e de maneira mais rápida, disse a jornalistas o presidente da Petrobras, Pedro Parente.

Executivos da companhia afirmaram ainda que a nova política objetiva atrair parceiros para o setor, em um momento em que a empresa busca vender fatia relevante na BR Distribuidora.

A nova política a ser praticada pela companhia terá como princípios: o preço de paridade internacional (PPI), que já inclui custos como frete de navios, custos internos de transporte e taxas portuárias; uma margem para remuneração dos riscos inerentes à operação, tais como volatilidade da taxa de câmbio e dos preços, sobreestadias em portos e lucro; além de tributos.

A política também visa preservar o nível de participação no mercado e garantir que os preços nunca fiquem abaixo da paridade internacional.

(Por Roberto Samora, Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier; Edição de Luciano Costa)

Na Folha: Redução de preços de combustíveis ajuda queda de juros, por Valdo Cruz

A decisão da Petrobras, de anunciar nesta sexta-feira (14) uma redução no preço da gasolina e do diesel, é mais um elemento que ajuda o Banco Central a cortar a taxa de juros na próxima semana.

A expectativa do governo e do mercado já era de uma queda da taxa Selic na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) neste mês, mas agora ela é reforçada pelo anúncio da petroleira.

Dentro do Palácio do Planalto, a avaliação da equipe do presidente Michel Temer é que o dólar mais comportado, abaixo de R$ 3,20, a aprovação do teto dos gastos públicos em primeiro turno na Câmara dos Deputados e a inflação mais baixa de setembro já davam as condições para redução da taxa Selic, hoje de 14,25% ao ano.

Leia a análise na íntegra no site da Folha de S. Paulo

E veja ainda:

A semente da redução do preço da gasolina conta com um terreno fértil para vingar? / NOTÍCIAS AGRÍCOLAS

Por Carla Mendes e André Bitencourt Lopes, em 27 de setembro de 2016

Um novo número divulgado nesta sexta-feira, 23 de setembro, volta a afirmar a difícil situação da economia brasileira e do trabalho árduo que a mudança de direção vai exigir das autoridades nacionais daqui em diante. Segundo informações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a venda de combustíveis no país recuou 2% em agosto. O total, entre todos os produtos, foi de 74,37 milhões de barris comercializados. 

O elevado índice de desemprego no Brasil, as vendas de carros travadas no país - com o setor automobilístico sendo um dos mais emblemáticos marcos da atual crise econômica - e uma mudança no padrão de consumo dos brasileiros diante desse quadro foram determinantes para o resultado. Então, sim, o motorista tem preferido abastecer com gasolina e andar mais quilômetros do que observar o valor unitário na disputa gasolina x etanol, por exemplo. 

O levantamento da ANP confirma essa mudança ao indicar que, no mês passado, enquanto as vendas de etanol hidratado caíram 14% em relação a agosto de 2015, e somaram 8,5 milhões de barris, no mesmo período, as vendas de gasolina subiram 7,5% e totalizaram 22,25 milhões de barris. A palavra da vez é competitividade. Vende mais que atende melhor. Ao contrário do que aconteceu há um ano, afinal, a relação entre os dois combustíveis se inverteu e o etanol perdeu espaço. 

Hoje, o preço do etanol é, em média, 68,5% do preço da gasolina, ainda como mostra um levantamento da agência, e essa relação ao chegar nos 70% reduz ainda mais essa competitividade, como mostra uma média nacional estudada não só pela ANP, como também pelas montadoras de veículos. 

Enquanto isso, a Petrobras passa os dias refazendo suas contas e tentando colocar em ordem suas finanças quando, surpreendentemente, chega a notícia de que, ao mesmo tempo, uma redução no preço da gasolina estaria sendo estudado na estatal. A medida, que visa buscar um equilíbrio em relação à média de outros países, poderia ser anunciada até o final do ano. Pagamos afinal, uma gasolina 30% mais cara do que os gringos. 

Se o impacto dessa decisão em todas as frentes em que pode ser sentido já foi avaliado é difícil dizer. A arrecação tributária do Brasil não pode sofrer com isso já que nossas contas não param de crescer e devemos ter um déficit primário histórico de mais de R$ 170 bilhões. E hoje, 38% do preço da gasolina são de tributos, sendo somente 28% vindos do ICMS. Dos 31% da margem atual da Petrobras, quanto permanece? Quanto os cofres da companhia sentirão, especialmente no presente momento? O endividamento da Petrobras hoje chega a R$ 397 bilhões. 

Gasolina Petrobras

Uma nova política está sendo estudada pelos diretores, baseada em uma flutuação que pudesse refletir mais as oscilações do dólar e do petróleo no mercado internacional, esse que também tem vivido dias difíceis e de falta de direção. As mudanças fazem muito sentido e o Brasil de fato precisa se adequar ao modelo. Mas estamos preparados para isso?! 

Estamos com alternativas prontas para serem implementadas quando essa baixa chegar e pesar diretamente sobre o planejamento dos usineiros brasileiros? Ao baixar o preço da gasolina tipo A - que é adquirida por todas as refinarias - ao ser repassado para as bombas, o etanol poderia perder ainda mais sua competitividade, o que resultaria uma inevitável pressão sobre a receita das usinas. Até que ponto vai o lobby dos usineiros sobre o governo Temer? Até que ponto o bom momento para os preços do açúcar - dado o déficit mundial de oferta - compensa esse cenário? Vamos acompanhar. 

As decisões da Petrobras, vale lembrar, não são decisões que têm o mesmo impacto de uma empresa comum. As medidas anunciadas pela estatal têm um peso ainda maior, e as últimas em questão, além de contarem com o objetivo de reestruturarem a empresa, carregam ainda a possibilidade de uma abertura do setor ao capital privado e, consequentemente, uma menor intervenção do estado. E ao decidir baixar o preço da gasolina - bem como aumentá-lo, eventualmente, diante dos cenários e necessidades - a Petrobras carrega uma influência sobre os rumos da economia do Brasil. Principalmente agora.

O combustível "mais barato" poderia pressionar muito menos a inflação nacional, que também precisa de socorro urgente. E o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, em um evento realizado nesta semana, sinalizou a necessidade deste socorro ganhar a atenção merecida, começando a citar a possibilidade forte de uma redução da taxa de juros no país. A continuidade dessa avaliação passará, certamente, pelo índice inflacionário. Assim, um mãozinha da gasolina não seria nada mal. 

Meirelles destaca que redução de preços dos combustíveis é favorável para controle da inflação

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BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, destacou nesta sexta-feira que a redução dos preços dos combustíveis pela Petrobras é evidentemente favorável do ponto de vista da inflação, mas que o reajuste dos combustíveis é uma decisão da estatal.

"O importante agora é que a Petrobras fixe os seus preços. Não há dúvida que neste caso específico é favorável do ponto de vista da inflação. Mas isso é uma decisão clara da Petrobras, autônoma", afirmou.

Segundo Meirelles, a nova orientação para os preços dos derivados de petróleo representa uma "grande mudança", com os valores deixando de ser definidos pelo Executivo com base em "alguns objetivos outros de política econômica".

Meirelles falou à imprensa após se reunir com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, para discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece um teto para o crescimento dos gastos públicos.

"Um dos pontos importantes que vale a pena ressaltar é exatamente o consenso de que se chegou de que a proposta de emenda constitucional estabelece uma restrição que é igual para todos os poderes, não estabelece nada específico para um determinado poder que seja diferente dos demais e também não dá nenhuma possibilidade de interferência de um poder em outro", disse.

Questionado se a previsão do governo era de que a corte decidisse pela constitucionalidade da PEC em ações submetidas pela oposição, Meirelles afirmou que sim.

"Não podemos falar sobre a opinião autônoma, soberana de cada ministro, mas a nossa expectativa é que sim, me parece que o entendimento deve ser esse."

Sobre o projeto que altera a lei de regularização de ativos no exterior, a chamada repatriação, o ministro disse haver "grande possibilidade" de que seja votado na Câmara dos Deputados na semana que vem.

Ele afirmou que qualquer aperfeiçoamento será bem vindo, mas reforçou estar satisfeito com o texto como está hoje.

"A lei atual é adequada, já existe um número bastante substancial de contribuintes que já estão fazendo suas declarações, o que garante o cumprimento da finalidade da lei."

De acordo com Meirelles, já foram arrecadados mais de 8 bilhões de reais com base nas declarações apresentadas até o momento no âmbito do programa.

O prazo para pagamento de impostos e multas para quem aderir à regularização se encerra no dia 31 deste mês, mas deputados querem estender esse limite e alterar a base sobre a qual incidirão os tributos e penalidades. Também discutem aumentar os recursos que serão divididos com Estados e municípios, em meio à grave situação de caixa pela qual passam alguns entes.

Na véspera, o presidente Michel Temer declarou-se favorável às mudanças que contemplem demandas de Estados e municípios, conforme comunicado divulgado por porta-voz.

(Por Marcela Ayres)

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Fonte:
Reuters

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