Lula: “Vai para a cadeia ou não vai?” (por REINALDO AZEVEDO)

Publicado em 27/10/2016 21:01
Se a ordem legal fosse o “Programa do Chacrinha”, como você gritaria na “hora do bacalhau”? (em VEJA.COM)

Se e quando Lula for preso, espera-se que o seja segundo as leis, certo? Segundo o Estado de Direito. E nem penso que pudesse permanecer na cadeia ao arrepio do aparato legal porque, por óbvio, o Brasil é uma democracia, e os tribunais superiores estão aí. A questão chegaria ao STF. Se a prisão fosse mantida, o mais provável é que houvesse motivos.

Mas agora vamos fazer um exercício elementar de política.

Digamos que a prisão de Lula fosse só uma questão de escolha. Digamos que o Estado de Direito fosse exercer sempre a vontade da maioria, e todo julgamento fosse feito em praça pública, com caráter publicitário. Então iríamos votar, como no programa do Chacrinha: “Vai para a cadeia ou não vai?”.

Nesse caso, considerando as tarefas que há pela frente, com as consequências, que serão, sim difíceis do teto de gastos, a eventual reforma da Previdência, a necessária reforma trabalhista, as dificuldades que ainda existem para o crescimento… Dado isso tudo, levando-se em conta o potencial de desgaste das medidas que precisam ser adotadas, qual seria a escolha mais prudente:
a: Lula solto, respondendo por seus atos, tendo exposta a sua biografia?;
b: Lula preso, construindo a narrativa do marketing, encarcerado pelo “ajuste neoliberal?”.

É só para pensar.

De toda sorte, até onde se sabe, a prisão ou não de Lula é matéria que diz respeito à ordem legal, não a um plebiscito informal.

Se o Estado de Direito fosse o “Programa do Chacrinha”, como você gritaria na “hora do bacalhau”?

Cinema faz piada chamando Lula e Dilma de ‘ladrões’

(por SEVERINO MOTA,  do RADAR)

As coisas não andam fáceis para Lula e Dilma Rousseff.

Quem visita um dos cinemas Cinemark em Brasília encontra no local um folder de propaganda anunciando preços promocionais para filmes brasileiros.

Até ai tudo bem, o problema é que junto do folder há uma seção intitulada “piadas” não aconselháveis para menores de 18 anos.

Ali, é contada a história de um velho padre que, em seu leito de morte, pede que Lula e Dilma estejam junto com ele.

Ao segurar as mãos da dupla, é questionado sobre o convite.

Eis que responde o padre: “Sempre, em toda a minha vida, procurei ter como modelo o Nosso Senhor Jesus Cristo. (…) Como ele morreu entre dois ladrões, eu queria fazer o mesmo.”

Lula pode decidir a eleição em São Bernardo

Para garantir a vitória de um candidato, o ex-presidente só precisa apoiar o outro (por AUGUSTO NUNES)

Na primeira etapa da eleição em São Bernardo do Campo, Lula protagonizou um fiasco histórico. Seu filho Marcos Cláudio, com apenas 1.504 votos, não conseguiu reeleger-se vereador. E o candidato do PT à prefeitura, Tarcísio Secoli, estacionou no bisonho terceiro lugar e nem sequer chegou ao segundo turno. 

Nesta quarta-feira, o ex-presidente avisou que vai dispensar-se de votar no domingo porque já passou dos 70 anos. A decisão informa que continua grogue com o nocaute ocorrido no berço político do PT: alguém deveria lembrar-lhe que está desperdiçando a chance de decidir a disputa entre Orlando Morando, do PSDB, e Alex Manente, do PPS.

Se quiser impedir que o prefeito seja um tucano, por exemplo, basta apoiar publicamente Orlando Morando, que até agora lidera com folga as pesquisas eleitorais. Com Lula como adversário, Alex Manente poderia começar a preparar a festa da vitória.

Desemprego fica estável, mas ainda alto

A taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,8% no trimestre encerrado em setembro. São mais de 12 milhões de desempregados no país. O indicador permaneceu estável na comparação com os 3 meses imediatamente anteriores. Esse percentual é o pior da série histórica da PNAD-Contínua, pesquisa adotada pelo IBGE desde 2012. Em relação ao mesmo período de 2015, o crescimento do número de desocupados é expressivo. Naquela época, a taxa de desemprego estava em 8,9%. Isso significa que, em um ano, o número de pessoas procurando trabalho subiu 33,9%, o que representa mais 3 milhões de desempregados. Outro dado preocupante desse levantamento divulgado hoje é chamada população ocupada. O IBGE estima que 89,8 milhões de pessoas estejam trabalhando no Brasil. O número é 1,1% inferior ao registrado no trimestre encerrado em junho. De acordo com o Instituto, essa é a primeira vez em 3 anos que a população ocupada é inferior a 90 milhões de pessoas.

Governo acumula déficit fiscal de R$ 96,6 bilhões até setembro

Os números da déficit da Previdência reforçam o rombo no governo central

O governo central, formado Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central, registrou um déficit primário de R$ 25,302 bilhões de reais em setembro, o pior desempenho para o mês em toda série histórica, que teve início em 1997. Em setembro de 2015, o governo central havia registrado um déficit bem menor, de R$ 6,854 bilhões. O resultado do mês passado veio pior do que a expectativa do mercado financeiro, que apontava um déficit de R$ 23,5 bilhões no período. Em 12 meses, o governo central apresenta um déficit de R$ 138,2 bilhões. No acumulado do ano, entre janeiro e setembro, o resultado primário é de déficit de R$ 96,6 bilhões, também o pior resultado da série. Para este ano, a meta fiscal admite um déficit de até 170 bilhões e meio de reais nas contas públicas.
 
Os números da Previdência assustam. No acumulado do ano, a receita líquida somou R$ 955,3 bilhões, uma redução de 7% em relação a 2015. Já as despesas ficaram em R$ 899,395 bilhões, o que representa um aumento de 2%. Nesse período, os gastos com benefícios previdenciários ficou em R$ 373 bilhões — uma alta de 10,4% em relação ao ano passado.
 
Segundo o relatório, o déficit da Previdência Social no ano já chega a R$ 114,169 bilhões, 89,5% maior do que o observado entre janeiro e setembro de 2015.
 

Na FOLHA: Passado mostra futuro negro da esquerda (FERNANDO CANZIAN)

A economia brasileira deve encolher 3,2% neste ano. A da Argentina pode cair 1,5% e a da Venezuela, até -13%.

O rastro deixado pela esquerda com viés populista (Dilma, Cristina e Maduro) nos três países forma um bom quadro da atual regra do jogo na economia global.

No Brasil, dólar em queda e Bolsa em alta refletem só expectativas: 1) da eficácia de um plano (o teto) para conter a explosão da dívida pública e; 2) do compromisso da equipe de Henrique Meirelles (Fazenda) com as regras de mercado e a estabilidade.

A economia parada, o deficit de R$ 170,5 bilhões e Michel Temer na corda bamba da Lava Jato não justificariam o otimismo. Mas passam a elementos secundários em um mercado global inundado por dinheiro barato à procura de rentabilidade.

Onde há intenção de não maltratar esse capital, maior a chance de recebê-lo e usá-lo como escada para sair do buraco.

A Argentina dá o exemplo. Após adotar discurso pró mercado em 2015, o presidente Mauricio Macri ganhou tempo (e financiamento) para postergar de 2017 para 2018 um ajuste mais pesado nas contas públicas, arruinadas pelo Kirchnerismo.

Neste ano, a Argentina já levantou R$ 40 bilhões no mercado internacional para financiar seu endividamento.

Com isso, Macri planeja uma economia mais solta em 2017 para tentar faturar as eleições legislativas de outubro, consideradas um plebiscito em meio de mandato.

Nada de muito fundamental mudou em menos de um ano, desde que assumiu. Mas a nova orientação influiu nas expectativas, e o mercado comprou a Argentina.

O exemplo contrário é a Venezuela, à beira de um grave conflito interno depois da suspensão da segunda fase de convocação de um referendo sobre o mandato de Nicolás Maduro, que vai até 2019.

Enquanto seu povo passa fome, o país mantém rigorosamente em dia pagamentos de sua dívida externa de US$ 11,6 bilhões a vencer neste ano e em 2017. O temor é se tornar pária no mercado internacional.
Mesmo assim, a Venezuela segue de joelhos por conta de seu histórico hostil ao mercado.

Nesta semana, a estatal petroleira PDVSA pagou juros elevados (8,5% ao ano) e teve de dar ações de uma subsidiária nos EUA (a Citgo) em garantia para poder rolar com credores US$ 2,8 bilhões de dívida vencendo em 2017. Além dos juros e das garantias, a dívida foi acrescida de US$ 600 milhões.

No meio do caminho, saindo do desastre de Dilma Rousseff e no rumo da estabilidade perseguida por Temer/Meirelles, o Brasil ainda não produziu nada de muito concreto para justificar o recente otimismo.
Corre no vazio, mas endireitou a postura, o que bastou para ganhar tempo.

Se o passado serve para algo, mostra que levará muito tempo para a esquerda latino-americana se levantar de suas experiências contrárias a bons fundamentos econômicos.

EDITORIAL DA FOLHA:

Dias contados

São alarmantes os sinais recentes de deterioração da crise política na Venezuela. Governo e oposição se entrincheiraram em estratégias que não só fogem do marco constitucional do país mas também estimulam um confronto aberto que todos deveriam querer evitar.

Não há dúvidas de que a culpa maior recai sobre Nicolás Maduro. Rejeitado por cerca de 70% da população, o presidente valeu-se do controle que exerce sobre o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para protelar a convocação, pela oposição, de um referendo revogatório de seu mandato —este um mecanismo previsto na Constituição.

Por meio de medidas como a anulação da coleta de assinaturas necessárias para o referendo, o CNE busca impedir a sua realização antes de 10 de janeiro.

Passada essa data, que marca os dois terços dos seis anos de mandato presidencial, uma previsível derrota de Maduro não provocaria nova eleição. Em vez disso, o comando do país passaria ao vice-presidente, também chavista.

Vendo seus planos serem ameaçados, a oposição, que controla a Assembleia Nacional, aprovou na terça-feira (25) a abertura de um julgamento político para afastar Maduro da Presidência, acusando-o de abandono do cargo.

A ninguém escapa a fragilidade da denúncia, seja porque o aprendiz de caudilho continua exercendo a função, seja porque não há base constitucional para o processo.

Para a oposição isso pouco importa; seu objetivo é incentivar manifestações de rua, a principal aposta para acelerar a consulta popular. Não por acaso, a ação na Assembleia se deu na véspera de um protesto volumoso, realizado nesta quarta (26) em Caracas.

Nesse clima tenso, são remotas as chances de uma negociação no curto prazo, a despeito dos esforços do ex-premiê espanhol José Luis Zapatero e do papa Francisco.

Nem mesmo o Brasil parece apto a fazer algo. Se a óbvia simpatia que os governos petistas nutriam por Caracas não impediu o Itamaraty de sentar-se à mesa com ambos os lados, a linha antichavista estridente adotada na gestão de Michel Temer (PMDB) constitui obstáculo maior ao papel de mediador.

Sem acordo, a população venezuelana fica à mercê de um presidente fragilizado, sem condições de enfrentar problemas como o desabastecimento e a maior inflação do mundo —e incapaz de perceber que os 17 anos de regime chavista se transformaram numa catástrofe para seu país.

No desespero de se manter no poder, Maduro apenas acentua a agonia de seus dias contados enquanto bloqueia o melhor caminho disponível para a Venezuela começar a sair de seu labirinto. 

  Editoria de Arte/Folhapress  
 
Fonte: Veja + Folha

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