O Globo: Brasil mais forte para receber o aumento de juros americanos

Publicado em 03/11/2016 07:02

RIO E SÃO PAULO - O Brasil que temeu os efeitos da alta de juros americanos em dezembro passado não é o mesmo que verá, provavelmente, a taxa subir de novo, exatamente um ano depois. O comunicado divulgado ontem pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), informando a manutenção da taxa, atualmente entre 0,25% e 0,50% ao ano, confirmou as expectativas do mercado e reforçou a aposta de um aperto monetário na reunião de dezembro, assim como ocorreu em 2015. Mas, agora, analistas consideram que o país está menos exposto a turbulências: além de a alta do juro americano já estar nas contas do mercado, a perspectiva de reformas e da adoção de um teto para os gastos públicos melhorou o humor dos investidores estrangeiros em relação à economia brasileira.

Isso pode ser visto, por exemplo, pelo risco-país, medido pelo Credit Default Swap (CDS). No fim de dezembro do ano passado, quando o Fed elevou os juros pela primeira vez desde a crise financeira global de 2008, ele estava em 494 pontos centesimais. Na última terça-feira, era de 281 pontos. Outro sinal da maior confiança dos investidores é a pontuação do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, que hoje está acima dos 63 mil pontos, contra 45 mil pontos em dezembro de 2015. Tudo indica que o risco de fuga de capitais é menor.

— Em dezembro do ano passado, estávamos no auge das turbulências internas. Naquele momento, a situação doméstica, do ponto de vista econômico, era bastante suscetível a impactos externos — avalia o economista Silvio Campos, da Tendências Consultoria.

Juros maiores nos Estados Unidos tendem a atrair mais investidores — já que o país é considerado de risco zero —, que retirariam recursos de mercados emergentes, como o Brasil, onde as taxas são maiores, mas o risco, também.

POSSÍVEL RISCO DE BOLHAS

O mercado de trabalho é um dos principais fatores considerados pelos membros do Fed para decidir o momento do aperto monetário. No comunicado divulgado ontem ao fim do encontro — o último antes das eleições presidenciais dos EUA, na próxima terça-feira —, a autoridade monetária americana destacou que o crescimento dos empregos é sólido no país. Além disso, frisou a confiança no avanço da inflação para a meta, de 2%. “O comitê considera que os argumentos para uma elevação da taxa se fortaleceram, mas decidiu, por ora, esperar mais evidências de que avançará até seus objetivos”, disse no comunicado. Para analistas, isso sugere aumento do juro na reunião do Fed marcada para 13 e 14 de dezembro. Dos dez membros do colegiado, dois eram favoráveis a elevar os juros.

Leia a notícia na íntegra no site O Globo.

Fonte: O Globo

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